Capítulo 38

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Matheus

Eu observava de longe todos conversando, Michele não saiu do lado de Letícia em momento algum, a mão das duas estavam unidas e isso só mostrou que sim, eu fiz a escolha certa.

Com os braços cruzados eu não conseguia desfazer meu sorriso mesmo tendo em mente que minha jornada está somente começando. Não sei se vai ser fácil convencer Letícia a ir para cidade da minha mãe, ainda mais quando ela descobrir que pretendo deixar as meninas aqui.

Seu olhar encontrou o meu e senti o coração aquecer pois o seu sorriso estava de volta.

- Que festa é essa? - Uma enfermeira franziu a testa ao entrar no quarto.

Todos estavam tão envolvidos que ninguém percebeu a porta abrindo.

- Vocês querem ser proibidos de entrar aqui? - A senhora de cabelos pretos tentava ser séria, mas eu via em seu olhar o quanto estava se divertindo com a situação.

- Estávamos sentindo falta dela. - Michele sorriu deitando devagar a cabeça no ombro de Lê. - Só mais dez minutos.

- Queria muito permitir meu anjo, mas não posso, ela precisa tomar a medicação e isso vai a deixar sonolenta.

- Eu tentei. - Resmungou mas não levantou. - Podem descer vocês primeiro, eu sou a favorita e a caçula até segunda ordem, então tenho prioridades.

Nem a enfermeira conseguiu segurar a risada, Michele tem o dom de deixar tudo mais leve.

- Vou começar a acreditar que ela é a preferida, diva. - Jeferson ergueu a sobrancelha.

- Você segue sendo meu amor platônico. - Lê tentou piscar mas fez uma careta de dor.

- Estão vendo, hora dessa moça descansar, quem vai ser o acompanhante da noite? - Todos me olharam. - Imaginei.

- Tia ai que tem falar um "a" na tentativa de trocar. - Michele beijou o rosto de Letícia várias vezes com cuidado. - Volto amanhã.

- Depois da aula, combinado? - Minha filha fez um bico. - Princesa? - Meu amor só aumentava vendo a interação das duas.

- Só se o papai deixar eu ficar aqui a tarde toda. - Virou me desafiando.

- Irei pensar. - Ergueu a sobrancelha. - Você fica enquanto eu dou aula.

O brilho nos olhos de Letícia foi apagando aos poucos, mas eu entendi o motivo, com certeza ela está pensando que eu sigo trabalhando na mesma academia.

- Combinado.

Jeferson prometeu voltar também, e aos poucos eles foram descendo para não levantar suspeita. Quando me vi sozinho com Lê arrastei a poltrona e sentei ao seu lado.

- Está se sentindo bem? - Concordou suspirando.

- Você vai dar aula amanhã? - Perguntou com os olhos nos meus.

- Vou. - Fiz um leve carinho em seu rosto. - Eu sei que você quer conversar, nós vamos fazer isso mas não aqui. Quando você estiver em casa respondo tudo que quiser.

- Quero minha cama, aqui é horrível. - Se mexeu desconfortável.

- Você vai para nossa cama. - Me olhou em choque. - Suas coisas estão lá em casa e pode brigar a vontade porque eu não vou abrir mão de cuidar de você amor.

- Eu menti pra você. - Neguei e me aproximei.

- Você omitiu, é diferente. E eu sei que um dia, quando estivesse pronta me contaria tudo. - Concordou com os olhos marejados.

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