Capítulo 3

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Letícia

Estranho, mas eu estava confortável na companhia de Matheus, aproveitamos o restante do show abraçados, trocando carícias discretas, ele não se afastou nem quando alguns conhecidos o cumprimentavam. Assim que acabou sorri quando ele me virou e ajeitou uma mecha do meu cabelo.

- Vamos dar uma volta na praia? Depois eu te deixo no hotel, quer avisar seu amigo?

- Não precisa, quando ele saiu disse que não voltaria mais. - Matheus entrelaçou nossos dedos. - E sua filha? - Ele revirou os olhos e suspirou.

- Certeza que encontrou o namorado, agora só a vejo em casa.

- Você não tem ciúmes? - Perguntei enquanto saímos da arena.

- Criamos uma relação de confiança, Milena nunca me deu motivos para proibir nada, mesmo com pouca idade é uma menina ajuizada e um exemplo para a irmã.

- Você tem quantos filhos? - Ele sorriu do meu tom de voz.

- Duas meninas, e não precisa se preocupar que eu não estou traindo minha mulher.

- Nem falei nada. - Ele sorriu e roubou um selinho.

- Mas pode ter pensado, tem cinco anos que eu perdi minha esposa para o câncer de mama.

- Sinto muito. - Apertei sua mão. - Minha mãe faleceu de câncer também, eu tinha dois anos, praticamente não a conheci. - Senti o nó na garganta.

- E seu pai? - Perguntou e eu ergui os ombros.

- Vive por aí, desde que minha mãe faleceu ele não se importa com a única filha que tem, mas não faz falta.

Chegamos ao um estacionamento, Matheus olhou para os lados, até que seguiu até um Renault Kwid prata, ele desligou o alarme e abriu a porta.

- Vai ficar de sapatilha? - Olhei para meus pés. - Não vou segurar quando começar a incomodar. - Piscou com um sorriso.

- Engraçadinho. - Tirei minhas sapatilhas e entreguei a ele.

- Deixa sua bolsa também. - Observei ele colocar a carteira e celular embaixo do banco. - Não podemos dar sorte ao azar.

Concordei entregando a bolsa, depois de certificar que tudo está bem guardado, ele fecha o carro e aciona o alarme. Dessa vez saímos abraçados, o show de alguma banda local havia começado, a música ainda estava alta, mas à medida que fomos caminhando pela praia o som ia diminuindo.

- Você trabalha com que Matheus? - Quebrei nosso silêncio.

- Estou iniciando uma sociedade, espero que dê certo. E você? Já está na faculdade? - Sorri orgulhosa de mim mesma.

- Sim, estou no terceiro período. - Ele franziu a testa. - Minha turma é do segundo semestre do ano passado.

- Então você começou com dezessete anos? - Senti orgulho em seu tom de voz.

- Sim, foi um fim de ano maluco, pela manhã terminava o ensino médio e a noite cursava o primeiro período.

- Menina estudiosa. - Ele parou de caminhar e me puxou pela cintura.

- Mais ou menos, pela manhã eu entrava na sala, sentava no fundão, puxava o capuz e dormia a aula toda. - Ele gargalhou. - Prova? Eu só colocava meu nome e descia, escola particular, terceiro ano não reprova, eu já estava fazendo faculdade, então. - Matheus não parava de sorrir.

- Faz sentido chapeuzinho. - Estreitei os olhos sorrindo por conta da forma que ele me chamou. - E você faz que curso?

- Educação Física. - Matheus me encarou por alguns segundos. - Pode falar que é estranho por conta do meu corpo.

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