Capítulo 1

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Letícia

Entro no ônibus com um sorriso, meu amigo está na minha frente segurando sua mochila e a minha. Balancei a cabeça relembrando, se minha avó descobrir capaz de me matar.

— Quem vai nessa excursão menina?

— Todo mundo da sala vó. — Digo.

Odeio mentir, mas foi a única forma que eu encontrei de ir fazer esse curso, já não vai ser fácil conseguir um emprego nesse fim de mundo que moramos, eu preciso fazer cursos, conhecer pessoas novas, mas tudo isso fica complicado quando se tem uma avó super protetora.

— Por favor, eu já estou com o dinheiro para pagar o curso, hotel, tudo. — Uni minhas mãos. — Por favor, vó.

Com um sorriso ela abriu os braços, fechei meus olhos quando senti o calor do seu corpo.

— Ainda é difícil aceitar que você está criando asas minha filha.  A apertei.  Mas eu sei que é para o seu bem, sentirei saudades.

 Vó, é só um fim de semana.  Ela beijou meus cabelos e me apertou.

Sai dos meus devaneios quando Jeferson fez sinal para que eu sentasse na janela.

 Assim você fica mais segura.  Beijei seu rosto diversas vezes.

 Eu te amo.

 Eu sei diva.  Sorri.

Jeferson é o meu melhor amigo da faculdade, e sim, ele é gay. Estamos no quarto período do curso de Educação Física, nossa amizade se fortaleceu quando as aulas práticas começaram, e se tivesse formação de time, ou algo assim, Jeferson era sempre o primeiro a me escolher, ele nunca fez com que eu me sentisse inferior as demais garotas da sala, mesmo não tendo o padrão de beleza delas.

Sentei e peguei o pequeno edredom da bolsa, pretendo dormir até chegar no nosso destino, meu amigo ajeitou a almofada em seu pescoço enquanto eu me aconcheguei nele.

 Olha, aqui eu permito, agora em Cabo Frio tu não ouse fazer isso, preciso dar para um carioca.  Coloquei as mãos na boca para conter o riso.

 Jefinho!  Ele gargalhou de forma contida, afinal passada da meia noite quando embarcamos.

 Estou falando sério, e você vai beijar na boca também!

Acabei de sair de um relacionamento, o maluco estudava com a gente, juro que não sei o que deu na minha cabeça em ficar com Esdras, totalmente fora da casinha. Graças a Deus não deixei essa relação evoluir, ou do contrário teria me arrependido amargamente.

 Eu estou indo estudar, vai ser curso, hotel e vice-versa.  Disse apoiando minha cabeça na almofada que ele usava.  Não vai roncar.

Senti ele beijar meus cabelos, suspirei fechando meus olhos para poder enfim dormir e descansar um pouco.

Foram nove longas horas de viagem, dormimos boa parte dela, saímos na quarta, teríamos a quinta para resolver toda parte do curso e conhecer um pouco a cidade.

Quando o ônibus parou no terminal rodoviário, o ônibus não estava tão cheio, ajeitamos nossas coisas e descemos animados, mas a primeira coisa que fiz ao sair do ônibus foi esticar meu corpo, Jeferson pegou nossas malas e olhando no celular, procuramos um táxi para nos levar ao hotel.

Assim que o carro parou na entrada, olhei a fachada encantada com tamanha beleza. Virei para meu amigo e encontrei aquela cara que dizia: admita, eu sou o melhor nas escolhas.

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