AON | ˒ Até onde você iria por uma ambição? Quais regras quebraria por conta de uma obsessão? Bom, a resposta para isso era clara. O homem de fios platinados desceria até o inferno com extremo prazer, apenas para alcançar aquilo que tanto cobiçou...
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Uma quinzena já havia se passado, e o estado de Joffrey não mostrava sinais de melhora. Pelo contrário, a cada novo amanhecer, algo dentro dele parecia se apagar um pouco mais. Rhaenyra, consumida pela angústia, já não reconhecia a serenidade de seus próprios pensamentos. O coração de mãe, outrora firme diante das complexidades da política, agora sangrava diante da fragilidade do filho.
Joffrey ardia em febre quase constante. Durante as noites, tremia sob os cobertores, murmurando palavras desconexas, suando como se estivesse sendo devorado por um fogo invisível. Por vezes, seus olhos vidrados fitavam o teto como se vissem algo que ninguém mais podia enxergar, algo sombrio, aterrador. Alucinações e pesadelos o tomavam com violência. Em meio aos delírios, gritava por ajuda, chamava por nomes estranhos e, em certos momentos, sussurrava com terror:
— Ela... está aqui.
Rhaenyra mantinha-se firme ao lado do filho, recusando-se a deixá-lo mesmo por algumas horas. Abdicara temporariamente de sua cadeira no conselho e das tarefas que lhe cabiam como herdeira, algo que poucos ousariam fazer em tempos tão delicados. Mas sua decisão era inabalável. Com insistência, convencera Jacaerys a assumir temporariamente sua posição. Jace, no entanto, resistira. Não queria afastar-se do irmão mais novo, principalmente agora.
— Ele precisa de mim, mãe — dissera, com os olhos marejados. — Eu posso ajudá-lo também.
Mas diante da firmeza de Rhaenyra, que argumentava que a estabilidade da corte dos pretos dependia dele, acabara cedendo, ainda que com o coração apertado.
O castelo, por sua vez, mergulhava em um clima denso e sufocante. Os servos cochichavam pelos corredores; alguns diziam que o menino estava amaldiçoado, outros murmuravam que a princesa havia mexido com forças que deveriam permanecer adormecidas.
A doença misteriosa de Joffrey logo começaria a ultrapassar os muros da Fortaleza Vermelha, espalhando rumores perigosos pelas ruas da cidade. E no silêncio da noite, quando todos dormiam, Rhaenyra mantinha os olhos cravados no filho, apertando sua mão febril entre as suas, implorando aos deuses — todos eles — por uma cura.
Sem saber que, enquanto rezava, em algum lugar distante, uma mulher observava as chamas de uma lareira dançarem diante de si com um sorriso satisfeito. O veneno havia começado a dar frutos.
[...]
A saúde de Joffrey permanecia frágil, e por isso Rhaenyra designara dois meistres de sua total confiança, acompanhados por alguns poucos servos, para buscar incansavelmente uma cura para as febres que consumiam o menino. Noite após noite, ela se recusava a se afastar do leito do filho. As raras vezes em que deixava o quarto eram apenas para amamentar e cuidar de seus bebês, Aegon e Viserys.
O aposento estava sempre mergulhado em uma penumbra silenciosa, iluminado apenas pelo tremular das velas, cujo aroma de cera misturava-se ao forte odor das ervas medicinais. O som abafado da respiração pesada de Joffrey preenchia o ar, e o coração de Rhaenyra parecia pulsar no mesmo compasso, como se cada expiração dele fosse também um sopro da própria vida dela.