AON | ˒ Até onde você iria por uma ambição? Quais regras quebraria por conta de uma obsessão? Bom, a resposta para isso era clara. O homem de fios platinados desceria até o inferno com extremo prazer, apenas para alcançar aquilo que tanto cobiçou...
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Os corredores pareciam se alongar cada vez mais, como se a própria fortaleza brincasse com sua percepção. Quando se deu conta, estava perdido naquele labirinto de pedra em ruínas. As paredes, de um cinza pálido e opressor, exalavam um cheiro de umidade e decadência.
O ambiente era hostil como nunca vira antes — gélido, silencioso, e impregnado de uma sensação de morte iminente. A água escorria pelos buracos no teto pedregoso, caindo em poças que refletiam o crepúsculo sombrio do lado de fora.
O frio era cortante; ele podia senti-lo alcançar os ossos, fazendo seu corpo tremer involuntariamente enquanto tentava encontrar algum calor nas vestes esfarrapadas e encharcadas de sujeira. Seus pés deslizavam nas pedras úmidas enquanto corria — ou melhor, fugia — desesperadamente por entre os corredores estreitos.
O som dos próprios passos ecoava em sua mente como tambores de guerra. Correu o mais rápido que pôde, guiado apenas pelo instinto de sobrevivência, até chegar a uma torre sem saída. O desespero tomou conta. A respiração tornava-se ofegante, o peito arfava. Estava encurralado.
Quando levantou os olhos para encarar o vazio da queda diante de si, ouviu o som suave e cruel de passos atrás de si. Ao se virar, deparou-se com Alicent.
— Não adianta correr como um rato sujo. No final, você sempre será pego… e morto. — Sua voz era fria, desprovida de emoção, como se já tivesse saboreado aquele momento inúmeras vezes em seus pensamentos.
Vestia um traje verde barroso, adornado com esmeraldas que reluziam sombriamente sob a luz fraca que atravessava as rachaduras nas paredes.
— Sua ruína está próxima — disse ele, tentando manter a firmeza na voz, embora o medo quase o engolisse por dentro. — Sua ambição será a faca que há de apunhalá-la.
Ela sorriu com escárnio, como se estivesse diante de uma piada patética.
— Se acha inteligente, pequena aberração? Veja onde está agora. Não passa de um monstro rejeitado pela ordem e pelos bons costumes. Bastardos são monstros por natureza. Sua vida não importa. Hoje morrerá como um ninguém.
E com um impulso frio e impiedoso, Alicent o empurrou. O tempo pareceu desacelerar enquanto ele caía, seus olhos ainda fixos nela, como se implorassem por algo que nunca viria. O impacto foi seco. Seu corpo jazia no chão, ensanguentado, sem vida — como uma flor arrancada antes da primavera.
Joffrey acordou com um sobressalto, o corpo encharcado de suor, o peito arfando como se ainda estivesse correndo. As mãos tremiam. O terror do sonho persistia, agarrado à sua mente como garras invisíveis. Fora apenas um pesadelo… mas parecia terrivelmente real.
O aposento estava mergulhado em sombras. Apenas uma vela quase apagada tremeluzia sobre a mesa de madeira gasta, lançando reflexos trêmulos nas paredes de pedra. Joffrey sentou-se na cama com dificuldade, o corpo ainda tomado pela tensão do sonho. Suas mãos apertavam o lençol com força, os dedos pálidos e úmidos de suor.