Capítulo 7: Você Me Deve Um Jantar

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O treino daquela tarde foi dividido em duplas, uma estratégia que Bernardinho adorava para fortalecer o entrosamento entre as jogadoras. Quando ele anunciou a formação das duplas, Carolana já esperava que fosse trabalhar com Gabi, como de costume. No entanto, antes que ela pudesse sequer abrir a boca, Anne, que vinha tentando encontrar uma maneira de se aproximar de Carol o dia todo, deu um passo à frente.

— Carol, que tal treinarmos juntas hoje? — Anne sugeriu, com um sorriso que misturava timidez e determinação.

Carol a encarou por um instante, surpresa. Treinar com Anne? Não que fosse um problema, mas não era algo que ela esperava. No entanto, havia algo na proposta que a intrigava, e, ao mesmo tempo, a desafiava. Talvez fosse a curiosidade em conhecer melhor a loira, ou simplesmente a chance de quebrar o clima pesado que a seguia desde a briga com Juliana.

— Claro! — Carol respondeu com um sorriso, tentando não demonstrar a surpresa.

Enquanto se preparavam para o treino, Anne sentiu o coração acelerar um pouco. Não era só pela expectativa de melhorar no treino, mas também pela proximidade com Carol, que parecia ter um efeito crescente sobre ela.

Carol, por outro lado, observava a postura de Anne. Havia algo gracioso no jeito que a holandesa se movia, uma espécie de leveza que a fazia parecer mais alta e confiante, mas ao mesmo tempo acessível.

O treino começou com exercícios básicos de passe e defesa. Anne, apesar de seu tamanho, era incrivelmente ágil, e Carol não podia deixar de admirar a precisão dos movimentos da loira. Durante um momento de descontração, enquanto se preparavam para o próximo exercício, Carol decidiu quebrar o gelo com um comentário.

— Anne, como você consegue ser tão alta e ainda se mexer desse jeito? Acho que se eu fosse tão alta quanto você, eu tropeçaria em meus próprios pés o tempo todo — Carol brincou, com um sorriso maroto, ignorando o fato de que ela mesma era bem alta quando comparada com a média das brasileiras.

Anne riu, uma risada leve que parecia iluminar o ambiente ao redor delas.

— Ah, Carol, talvez eu tenha tropeçado mais do que você imagina. Só que agora eu disfarço melhor — ela respondeu, piscando um dos olhos que estavam azuis de forma divertida.

— Disfarçar bem é um talento. Talvez eu devesse aprender — Carol continuou, e as duas riram juntas.

Conforme o treino avançava, elas se encontraram em situações engraçadas e descontraídas. Em um exercício de defesa, Anne caiu de forma desajeitada tentando salvar uma bola difícil, e Carol não conseguiu segurar a gargalhada.

— Acho que o disfarce não funcionou dessa vez! — Carol provocou, estendendo a mão para ajudar Anne a se levantar.

Anne, ainda rindo, aceitou a ajuda de Carol e, ao se levantar, acabou mais próxima dela do que pretendia. Por um breve segundo, seus corpos se tocaram, e ambas sentiram a tensão elétrica que correu entre elas. Os olhos de Anne se prenderam nos de Carol, e por um instante, o tempo pareceu parar.

Carol, sempre rápida no raciocínio, quebrou o silêncio com um tom provocativo, mas havia algo mais profundo em sua voz.

— Tá tentando me derrubar também? — disse ela, os olhos castanhos brilhando com uma mistura de divertimento e algo mais que Anne não conseguia decifrar totalmente.

Anne sorriu, um sorriso que, dessa vez, parecia carregar um pouco mais de malícia e talvez desejo?!

— Não dessa vez — respondeu a holandesa, recuando um passo, mas mantendo o olhar fixo em Carol por mais alguns segundos do que o necessário.

Sorte A Nossa | BuijrolOnde histórias criam vida. Descubra agora