Capítulo 17: "X"

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Carolana acordou com a luz da manhã invadindo o quarto, um feixe de sol penetrando pela brecha das cortinas mal fechadas. Ela piscou algumas vezes, os olhos ainda pesados, sentindo o corpo mole e o gosto amargo na boca, típico de quem tinha bebido além do que pretendia. Sua cabeça latejava levemente, e por alguns segundos, ela apenas ficou ali, deitada, encarando o teto, tentando organizar os fragmentos dispersos de suas lembranças da noite anterior.

A música alta, os risos, a piscina... Tudo estava meio embaçado, como se as imagens fossem fotos antigas desfocadas. Ela se virou lentamente na cama, tateando a superfície ao lado até encontrar o celular. Sentou-se devagar, esfregando o rosto com as mãos antes de pegar o aparelho. Seus olhos rapidamente se fixaram na tela, onde uma notificação brilhava em vermelho: uma mensagem de whatsapp não lida de Juliana.

O nome fez seu estômago se contrair ligeiramente. "Juliana?", pensou. As memórias da noite anterior se misturavam a sentimentos conflitantes que Carol tentava afastar. Ela deslizou o dedo sobre a tela, hesitante. Mas antes de abrir a mensagem da namorada, algo mais chamou sua atenção: uma outra notificação logo abaixo. Era uma mensagem sms enviada por ela, com um conteúdo parcialmente visível.

" Oi... tava pensando em você. Quero te levar para um jantar incrível. Acho que te devo isso, né?..."

Seu coração parou por um segundo. Ela sentiu a boca secar. "Eu... enviei isso?", sussurrou para si mesma, sentindo a confusão tomar conta de seus pensamentos. Quem recebeu essa mensagem?

Ela fechou os olhos por um momento, tentando puxar as lembranças da noite anterior. Viu flashes da festa, dos corpos dançando ao seu redor, o calor do álcool esquentando seu corpo enquanto conversava com as meninas do time. E então, Anne. Lembrou-se de Anne rindo, de como o sorriso dela parecia iluminar tudo à sua volta, e do olhar que as duas trocaram enquanto a música tocava. Mas havia também a sombra de Juliana em seus pensamentos — uma presença constante, algo que ela não conseguia simplesmente ignorar, mesmo que tentasse, e a vontade de concertar todo o estresse causado a Juliana naquele fatídico jantar em que ela havia se atrasado.

"Para quem eu mandei isso?", Carol sussurrava para si mesma, seus dedos inquietos passando pela mensagem enviada, sem coragem de abrir a conversa completamente.

O destinatário estava salvo como "x." A simplicidade da letra parecia uma armadilha, jogando sua mente em um redemoinho de dúvidas. "X..." quem poderia ser x? Poderia muito bem ser Anne, poderia também ser outra pessoa... Juliana, talvez, ou alguém com quem ela nunca se imaginou estar confusa dessa maneira. Uma coisa era certa, absolutamente ninguém que possuía a letra "X" no nome passava pela cabeça da Central.

A mão de Carolana tremia levemente enquanto considerava abrir a conversa. A ansiedade a tomava. Se fosse Anne... o que ela poderia ter pensado ao receber essa mensagem? E se fosse Juliana, qual seria a reação da fotógrafa ao ver esse tipo de mensagem, considerando o histórico entre elas?

Ela sentia o coração acelerar, pulsando alto em seus ouvidos. Aquela mensagem, enviada sob o efeito do álcool, trazia consigo mais do que palavras. Era um pedaço de Carol que ela não queria expor tão cedo — ou, pior, para a pessoa errada.

Carolana mordia o lábio inferior, pensando no que fazer. As possibilidades dançavam na sua cabeça como um pesadelo. Sua mente corria por cenários possíveis, desde uma resposta carinhosa de Anne até uma crise de ciúmes, desentendimento ou acertar de relacionamento com Juliana.

Ela se levantou da cama, o celular ainda em mãos, e caminhou pelo apartamento silencioso. Cada passo ecoava em sua mente, reforçando a dúvida que a consumia. A falta de memória clara da noite anterior tornava tudo ainda mais sufocante.

Com a respiração pesada, ela parou na cozinha e olhou para a cafeteira como se o simples ato de preparar um café pudesse clarear sua mente. Mas, por dentro, tudo estava um caos. Ela precisava saber para quem havia enviado aquela mensagem. Precisava, mas ao mesmo tempo temia a resposta.

Se fosse Anne... Carol sabia que isso poderia deixar tudo um tanto confuso, especialmente porque trabalhavam juntas, mas ao mesmo tempo surgiu uma curiosidade do que poderia acontecer. Anne não era apenas bonita, ela era... diferente. E isso a assustava e a envolvia, ela podia até negar para o mundo, mas não para si mesma, existia uma curiosidade incontrolável sobre tudo o que dizia respeito a holandesa.

Mas se fosse Juliana... Bem, isso poderia complicar as coisas de uma forma que Carolana não sabia como consertar. O relacionamento delas já estava em um terreno frágil, e qualquer deslize poderia ser o suficiente para destruir o que restava. Ao mesmo tempo que poderia acertar todo o relacionamento. Quem sabe não era o passo que precisava para ajustar sua relação e organizar seus sentimentos.

Ainda sem coragem de abrir a mensagem completa, Carol decidiu jogar o celular na mesa e se afastar dele. Precisava de um tempo para pensar, para respirar. O barulho do café sendo preparado era quase um alívio para os seus sentidos.

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Saudades de vocês meu povo!!!!

Quero pedir desculpas pelo capítulo menorzinho, mas não queria ficar ainda mais tempo sem atualizar vocês. Prometo que logo voltaremos a programação normal 🥹

Estou tão feliz com os comentários e a interação de vocês que é isso que me motiva a não desistir de escrever e postar, mesmo estando viajando. Sério, vocês são demais!!!

E aí, como estão as teorias e curiosidades???

Se estiverem gostando da história por favor cliquem na estrelinha isso me ajuda muito!

Beijinhos 🤍

Sorte A Nossa | BuijrolOnde histórias criam vida. Descubra agora