Anne entrou em seu apartamento sentindo-se desnorteada, o corpo ainda vibrando com a adrenalina da raiva e da frustração. Tudo havia saído do controle tão rápido que ela mal conseguia processar como as coisas haviam mudado tão rápido. Ela se sentia usada.Fernanda parou ao lado da porta, observando Anne com um olhar preocupado.
— Você parece pálida... Está tudo bem?
Anne respirou fundo, querendo apenas se afastar daquela noite confusa.
— É só uma dor de cabeça forte, não precisa se preocupar.
Fernanda inclinou a cabeça, aparentemente aceitando a desculpa, mas algo em seus olhos revelava que ela sabia mais do que demonstrava.
— Entendo... Você não parece mesmo muito bem. Eu vou ficar aqui com você, não adianta negar. Te faço companhia até melhorar.
Anne hesitou. Preferia ficar sozinha, porém não queria ser rude com alguém que estava sendo assim tão gentil. E não queria pensar em Carol, talvez fosse uma boa ideia não ficar sozinha com seus pensamentos.
— Tudo bem... pode ficar — respondeu, sua voz baixa, carregada de um cansaço emocional que ela não tinha forças para disfarçar.
— Vou fazer um chá para você, vai ajudar — sugeriu Fernanda, já se dirigindo para a cozinha que descobriu rapidamente onde era já que possuía o estio americana e dava para avistar da sala onde estavam. Anne assentiu em silêncio.
Sozinha na sala, Anne jogou-se no sofá. A mente girava em torno de um ponto fixo: o beijo. "Como pude ser tão tola?." Ela se sentia uma completa ingênua por ter acreditado que havia algo genuíno ali. Se sentiu burra pois dentro dela percebia alguns sinais confusos que a morena enviava e também sentia algumas vezes que a central parecia querer se esquivar dela, porém a maneira como Carol a olhava, tocava... tudo parecia tão real. Mas agora, tudo estava manchado pela revelação de que Carol tinha uma namorada.
Fernanda voltou com duas xícaras de chá, os olhos varrendo Anne com uma expressão de preocupação forçada.
— Aqui, toma. Vai te fazer bem.
Anne aceitou a xícara, tentando se concentrar no calor do chá nas mãos, mas sua mente estava em outro lugar.
— Obrigada... foi muita coisa hoje.
— Eu imagino — respondeu Fernanda com um tom neutro, sentando-se ao lado de Anne. — Mas você fez o certo, sabia? Às vezes, quando as coisas estão muito confusas, o melhor é se afastar um pouco.
Anne balançou a cabeça, tentando dar algum sentido à confusão em sua mente, sem se dar conta de que como Fernanda poderia estar lhe dizendo aquilo se ela nem ao menos sabia o que Anne estava vivendo verdadeiramente.
— Sim... acho que é saudade de casa e todo o processo de ainda estar me adaptando aqui, acho que hoje isso deve ter batido forte. — mentiu.
Fernanda assentiu.
— É isso. Dar espaço para si mesma. Você não precisa se apressar em nada. Algumas coisas precisam de tempo. Algumas coisas precisam de adaptação e algumas coisas precisam ser afastadas, a vida é assim.
Anne sentiu um nó na garganta. Por mais que tentasse, as palavras de Fernanda não traziam consolo. "Ela não sabe o que realmente aconteceu", pensou Anne, mas ainda assim, as palavras de Fernanda ressoavam de forma dolorosamente precisa, como se tocassem exatamente na ferida que ela queria ignorar.
A mente de Anne vagava para Carol, para a intensidade do beijo e o vazio que agora preenchia o lugar de qualquer possibilidade entre elas.
— Não devia ser assim... — murmurou baixinho, mais para si mesma do que para Fernanda.
Antes que Fernanda pudesse responder, o som agudo do interfone ecoou pelo apartamento.
O som cortou a sala em um momento já carregado de tensão, e Anne se levantou rapidamente, como se o toque fosse uma interrupção abrupta de seus pensamentos. Fernanda observava com olhos atentos, uma sobrancelha ligeiramente arqueada, ela se ajeitou no sofá, o olhar fixo em Anne, que se aproximava lentamente do aparelho. Anne franziu a testa, confusa. Não estava esperando ninguém, além de pouquíssimas pessoas conhecerem seu endereço. O coração acelerou de repente, como se algo dentro de si soubesse que aquela campainha trazia consigo um novo desdobramento. Algo que ela talvez não estivesse preparada para enfrentar.
Com o interfone ainda tocando, Anne hesitou antes de atender, suas mãos trêmulas ao tocar no aparelho. Ela lançou um olhar rápido para Fernanda, que mantinha uma expressão de expectativa discreta.
O som cessou de repente, preenchendo o apartamento com um silêncio pesado.
Anne respirou fundo, o estômago revirando, e o interfone tocou novamente, desta vez com mais insistência. Ela engoliu em seco e finalmente atendeu.
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Quem será?
Fernanda não se toca né? Já se enfiou dentro do apartamento.Gente, to até com dó da Carol 🥲
Cliquem na estrelinha (hihih)!
🍊🤍
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Sorte A Nossa | Buijrol
RomanceQuando Anne Buijs, uma estrela do vôlei internacional, chega ao Brasil para integrar o time SESC Flamengo, sua vida vira de cabeça para baixo. Tímida e reservada, ela não esperava encontrar Carolana, uma jogadora intensa e destemida, com quem imedia...