Capítulo 26: Minha Cara Holandesa

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Anne podia ser do tipo tímida e reservada, mas trazia de sua cultura o fato de ser uma pessoa muito direta e bastante sincera, especialmente com os seus sentimentos. Certamente ela não deixaria Carol escapar de não dar maiores informações sobre o motivo de ter enviando aquela mensagem após a festa na piscina. E foi isso que ela fez. Com um olhar curioso e um sorriso sagaz, decidiu brincar um pouco com o tema do convite.

— Então, Carol, estou realmente intrigada. O que te fez me convidar para esse jantar tão especial? — Anne perguntou, os olhos dela brilhando com uma mistura de interesse e diversão enquanto ela arqueava uma sobrancelha deixando seus olhos buscarem os da morena.

A morena sorriu, o brilho nos olhos dela refletindo o mesmo nível de curiosidade e diversão. No fundo a central sabia que não iria conseguir escapar desse tema, estava pronta para entrar nesse jogo, isso era apenas consequencia da mensagem que havia enviado, não tinha como ser diferente. É de se esperar, para cada ação uma consequência.

— Ah, você sabe como é... Às vezes, a inspiração vem de lugares inesperados. — Ela respondeu, brincando com a taça de vinho nas mãos. — Na verdade, quando pensei em te convidar, foi um pouco como um impulso. Algo que surgiu quase como uma surpresa, não sei se você acredita nisso.

Anne riu, a expressão dela cheia de um charme descontraído.

— Uma surpresa, é? — Ela inclinou-se um pouco mais para frente, o olhar dela se fixando em Carolana. — E eu me pergunto o que exatamente foi essa surpresa que fez você pensar em mim dessa forma. — Anne sabia ser direta e sabia usar isso a seu favor.

Carolana fez uma pausa deliberada, o sorriso dela carregado de um toque de mistério e sedução.

— Bem, eu poderia dizer que foi o charme irresistível de uma europeia aí... Calma, é brincadeira! Falar isso seria um pouco clichê, não acha? Mesmo que fosse verdade... — Ela brincou, o tom dela carregado de um flerte sutil. — Na verdade, eu acho que foi mais do que isso. Lembro que depois da festa, quando estava pensando em tudo o que havia acontecido, me dei conta de que havia sido tudo muito divertido e que queria passar mais tempo com você. E eu meio que deixei as palavras saírem sem pensar muito. — Carol sabia que não podia ser cem por cento honesta naquele momento e também não queria correr o risco de assustar Anne fazendo com que ela achasse que Carol era uma louca que estava pensando nela a cada segundo... Por mais que de fato, sim, ela não tirava Anne da cabeça, especialmente depois da festa.

Anne sorriu, um brilho de compreensão e diversão em seus olhos.

— Então, foi isso que aconteceu? Eu estava me perguntando se a mensagem que você me enviou era um efeito da bebida ou se havia algo mais sincero por trás dela. — Anne respondeu, com um tom que misturava provocação e charme. — Porque, se for o caso, eu achei ótimo que você tenha me enviando aquela mensagem. É legal ter um tempo assim sozinha com você... Quem sabe pra gente se conhecer melhor.

Carol riu, a risada dela era suave e encantadora, estava se sentindo cada vez mais provocada, logo, mais irracional e impulsiva.

— Bem, posso garantir que, mesmo com um pouco de álcool envolvido, o que eu disse era genuíno. Inclusive a parte que eu disse que você é linda — Ela disse, fazendo uma pausa para dar um gole no vinho antes de continuar. — E, bom, aqui estamos. Fora que também estou pagando a dívida da aposta que fizemos. Eu sempre pago minhas dívidas, minha cara holandesa. — Deixou que uma risada escapasse enquanto podia perceber a tensão no ar ficando mais densa e o seu próprio coração errando alguns compassos.

Anne, um pouco ruborizada, com a respiração pesada, mas com um sorriso satisfeito, inclinou-se mais para frente.

— Gostei de ter recebido sua mensagem, Carol. E, se eu soubesse que esse convite viria independente do álcool, teria respondido muito antes.

Carolana sorriu, seus olhos fixos nos de Anne com um brilho que deixava claro o quanto estava interessada, mas antes que pudesse responder Anne deu continuidade:

— Apenas preferi deixar para te responder no dia seguinte para ter certeza de até onde seu convite estava indo, até porque em um momento durante a festa tive a sensação de que do nada você havia se afastado de mim, como se estivesse, talvez... fugindo?

A central foi pega desprevenida e por um momento se sentiu vulnerável, pois por mais que ela quisesse, ainda não podia explicar para Anne o que a levou a agir assim. Além do mais, o medo de estragar tudo com a ponteira, antes mesmo de começar algo, a assombrou. Ela já estava decidida sobre o que faria, sobre o que queria, só precisava de mais alguns dias para resolver suas pendências. Não podia simplesmente estragar tudo.

— Jamais fugiria de você, só estava passando por umas questões... — Ela disse, sua voz quase um sussurro e antes que Anne pudesse perguntar mais alguma coisa ela prontamente introduziu outro assunto. Estava decidida a não deixar nada estragar aquela noite — Mas e então, estou curiosa, o que você tem achado do Brasil até agora? — A morena perguntou, o olhar fixo em Anne.

A loira sorriu, seus olhos azulados encontrando os de Carol, e ela deu de ombros.

— Acho que estou me adaptando bem. As pessoas aqui são... intensas, mas de um jeito bom. — O tom de voz dela era suave, mas havia algo subentendido ali, e Carol percebeu. Havia uma insinuação, um elogio velado, que fez o coração dela acelerar.

— Intensidade é algo que você vai se acostumar com o tempo. E quem sabe... você até comece a gostar — Carol falou, mantendo o olhar preso ao de Anne.

A tensão se construía de forma quase palpável, e as palavras delas eram cheias de subtexto, de intenções não ditas. Anne sorriu de forma mais ampla dessa vez, levando a taça de vinho aos lábios e deixando os olhos fixos nos olhos de Carol.

— Acho que já comecei a gostar.

A central sentiu um calor subir pelo corpo, e era difícil ignorar a atração crescente entre elas. O jantar continuou, e as conversas fluiram de maneira tão natural que, por um momento, parecia que o restaurante havia sumido ao redor delas. Cada movimento, cada gesto era um flerte disfarçado, cada risada tinha um significado oculto.

O toque de mãos proposital de Anne ao entregar a sobremesa para Carol, a maneira como elas se inclinavam para ouvir melhor uma à outra, tudo contribuía para uma crescente sensação de proximidade. A central observava como Anne reagia aos sabores e à conversa, notando cada pequena nuance no rosto dela, cada movimento dos lábios que parecia convidativo, assim como Anne se dava conta dos olhares de Carol para ela e de como a morena tentava vez ou outra disfarçar esses olhares quando era pega no flagra. A tensão existente ali era palpável. Anne não desviava seus olhares profundos e cheios de curiosidade  e talvez até repletos de cobiça. Não era possível notar, mas a respiração de Carolana começava ficar mais rápida e pesada, especialmente quando Anne colocou a mão em cima da mão da morena afim de chamar sua atenção para perguntar se poderia completar sua taça com o restante do vinho que estava na garrafa. Carol sabia que não havia necessidade da holandesa ter feito tal gesto, mas aquele simples ato fez seu coração acelerar e sua respiração falhar, Anne estava tirando todo o seu ar.

— Então... — Carol começou, tentando voltar com o ritmo de sua respiração e mordendo levemente o lábio, um gesto que não passou despercebido por Anne. — Que tal continuarmos a noite em algum lugar? Nosso vinho já acabou, mas a noite não precisa acabar aqui, certo?

Anne arqueou as sobrancelhas, surpresa e, ao mesmo tempo, excitada pela sugestão. Ela ainda não estava completamente certa das intenção de Carol, ainda estava com dificuldade de entender os sinais da morena que hora a fazia incendiar, hora parecia tentar se esquivar.

— Você tem algum lugar em mente?

— Conheço um pub não muito longe daqui. A música é boa, e o clima descontraído. — Carol sugeriu casualmente, mas por dentro, ela torcia para que Anne aceitasse. Ela não queria que aquela noite acabasse ali, algo dentro dela tinha urgência em querer continuar perto da holandesa e ela já não era mais capaz de lutar contra isso.

Anne concordou com um sorriso.

— Me parece perfeito.

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