Enquanto a noite avançava, o clima de descontração começava a se dissipar, dando lugar a uma atmosfera mais tranquila. Muitas pessoas já haviam ido embora, e o som das risadas altas e da música animada foi substituído por uma conversa esparsa. A festa, que antes era pura energia e vibração, agora se reduzia a algumas poucas pessoas que já se aprontavam para ir embora, ou que estavam esperando um lampejo de sobriedade para seguirem para casa.
Carol estava sentada em uma das espreguiçadeiras perto da piscina, um pouco embriagada. Sua mente já não acompanhava tão bem as palavras, e suas conversas estavam começando a ficar desconexas. Anne, que ainda estava próxima, ria das coisas aleatórias que Carol dizia, percebendo o quão adorável e vulnerável ela parecia naquele estado. A holandesa era resistente para bebida e desde o momento que percebeu que Carol estava aproveitando a noite para relaxar e beber ela preferiu se manter mais sobrea, até porque era sua primeira festa no Brasil e a primeira vez bebendo com aquelas pessoas que ela ainda estava conhecendo e ganhando confiança.
— E você sabia que... que eu sou vegana? — Carol disse de repente, com a voz levemente arrastada e um sorriso torto nos lábios. — Tipo... faz anos já, nem lembro quando comecei. Acho que foi por causa daquele documentário... ou foi porque... — Ela deu uma pausa, olhando para o céu — Mas o céu hoje tá tão bonito... Quase tão bonito quanto seu sorriso na piscina... — disse olhando para os lábios da holandesa e em seguida se obrigando a desviar, era torturante ainda possuir um mínimo de consciência, começando em seguida a dar risada. No entanto, antes que Anne pudesse responder, Carol já mudava de assunto novamente, divagando sobre a última partida de vôlei que tinham jogado.
Anne arqueou uma sobrancelha, surpresa com as informações, mas não interrompeu Carol. Ela registrou essa curiosidade mentalmente, com uma expressão suave e divertida, percebendo que cada palavra, por mais desconexa que fosse, revelava algo mais sobre Carol. Ela não sabia se a central se lembraria de tudo o que estava dizendo, mas Anne certamente não iria esquecer.
— Vegana, huh? — Anne disse, piscando um olho e rindo suavemente. — E o que mais você não me contou, Carol?
Carol riu, balançando a cabeça lentamente. — Ah, um monte de coisa... mas você vai descobrir com o tempo... ou talvez não... Quem sabe? A questão é, você quer me conhecer mais? — Ela fez uma pausa arqueando a sobrancelha e umedecendo levemente os lábios, depois emitiu um risinho, como se tivesse acabado de lembrar de uma piada interna.
Anne, divertindo-se com o estado de Carol, disse com um tom brincalhão: — Parece que você tem muitos segredos escondidos. Sabe, sou muito curiosa, vou precisar te conhecer mais... para ter que descobrir todos, não é?
Carol sorriu com um brilho provocativo nos olhos. — Sim, mas você tem que trabalhar para isso, Anne.
"Trabalhe com o que você gosta e nunca mais precisará trabalhar na vida", era o que a ponteira pensava rindo internamente. Antes que ela pudesse se demorar mais nessa piada que estava fazendo mentalmente, percebeu a tentativa falha que Carol teve ao se levantar de maneira rápida, tendo se sentado novamente por se sentir um pouco tonta.
Anne sorriu, deixando seus pensamentos e súbitos desejos dando lugar a uma pequena preocupação, aproximando-se de Carol e tocando gentilmente o ombro da morena — Ei, Carol, acho que já está na hora de você ir para casa. Eu posso te levar, tudo bem? Não quero que você vá sozinha.
Carol sorriu, um sorriso um pouco bêbado e despreocupado — Ah, Anne, você é tão gentil... Mas eu... eu tô bem! Só um pouco... leve... sabe? Não to tão bêbada, só leve... Sabe quando a gente bebe e esquece de comer? — Mas as palavras saíram arrastadas, sem a menor convicção.
— Sim, eu percebi que você está 'leve'. Vamos, eu te ajudo. — Disse a holandesa rindo enquanto Carolina negava com a cabeça.
Nesse momento, Gabi, que estava por perto, percebeu a situação e se aproximou. Ela conhecia Carol o suficiente para saber que, mesmo bêbada, a amiga era teimosa feito mula empacada e não admitiria precisar de ajuda.
— Gente, quase todo mundo já foi embora e estou com um pouco de sono... Me sinto um pouco bêbada também, sem condição de ir embora de uber — Gabi lançou um olhar para Anne com cumplicidade. — Você pode me dar Carona, Anne? Aliás, carona para mim e pra Carol, né?!
Anne assentiu, concordando com Gabi.
— Claro! Eu estou de carro aqui. Posso levar vocês — disse Anne, suavemente. — Gabi, você ajuda a colocar ela no carro? Acho que a terra está rodando um pouco mais rápido para ela... que está um tantinho "leve".
Carol, apesar do álcool em seu sistema, lutava para conseguir controlar a vontade de flertar com Anne e de tê-la mais perto de si. Era como se algum vestígio de sanidade ainda existisse tentando controla-la. "Maldita consciência", talvez fosse o que ela praguejasse. No entanto, mesmo alterada e já dentro do carro, não parava de falar e rir, suas palavras saindo ainda mais desconexas.
— Vocês são demais... tipo, muito demais mesmo... Anne, você dirige tão bem, sabia? Não!!! E tenho que te falar, você está aprendendo português muito rápido. Por acaso o seu QI é muito alto? Se bem que é uma graça quando você conjuga os verbos errados ou mistura português, inglês e holandês na mesma frase... Ninguém entende nada, mas no final a gente entende tudo. É muito louco!!! E... e Gabi... você... você é... — Carol continuava, sem terminar a frase, caindo na risada logo em seguida.
Anne e Gabi trocaram olhares divertidos e algumas gargalhadas. Durante a curta viagem, o carro foi preenchido pelas palavras desconexas de Carol, mas a loira ouvia atentamente, rindo das tiradas inesperadas e notando os pequenos detalhes que, mesmo naquela confusão, mostravam traços da personalidade de Carol que ela ainda estava descobrindo.
Ao chegar no prédio onde Carol e Gabi moravam, Carol, de maneira cômica, começou a falar alto, quase desesperada. — Anne, você não pode subir, não! É a primeira vez que você vem aqui e... — Ela continuou em um tom dramático. — O apartamento tá uma bagunça, eu nem tive tempo de arrumar nada e... e se você ver isso, vai achar que eu sou um desastre! — gesticulava de maneira exagerada deixando seu olhar ir de Anne para Gabi — Apesar que a culpa é da Gabriela que é uma desorganizada, eu juro! — Deu a desculpa em tom acusatório apontando para Gabi que não conseguiu controlar a risada.
Anne riu, achando a reação de Carol adorável e cômica. Gabi, com um sorriso divertido e já imaginando o estado caótico do apartamento, se inclinou para Anne.
— A pronto! Agora a única responsável pela... digamos, arte moderna que deve estar espalhada por lá sou eu. — Balançou os ombros antes de continuar — Carol tá tão preocupada com o estado do apartamento que até parece que ela tá tentando esconder um corpo aqui — Gabi brincou, segurando o riso.
Anne riu ainda mais, achando a situação divertida. — Ok, vou deixar vocês por aqui. Mas só um aviso: agora estou curiosa para conhecer o apartamento de vocês... — Ela piscou para Carol, que estava rindo e automaticamente desenhou um leve sorriso malicioso nos lábios.
— E você vai conhecer! — Carol respondeu, deixando no ar certa malícia, enquanto Gabi a ajudava a sair do carro.
Anne deu um último olhar para as duas e acenou ao vê-las entrando no prédio, dando partida no carro e dirigindo de volta para o seu apartamento.
Dentro do apartamento, Carol se jogou na cama, rindo ainda das bobagens que tinha falado no caminho, os olhos começando a se fechar de cansaço e embriaguez.
— Você... uau! você foi ótima hoje — Carol murmurou, a voz baixa e arrastada presa em seus pensamentos. — Muito linda na festa também... — Ela deu uma risadinha, parecia que bastou deitar para que o efeito do álcool se intensificasse e surgisse uma onda de adrenalina e coragem. Ela sentia que precisava com urgência resolver aquela situação. Com um sorriso nos lábios pegou o seu celular e se deparou com uma mensagem de Juliana "Podemos simplesmente esquecer tudo e ficar bem? Saudades.", dizia a mensagem. Em seu estado de embriaguez, Carol agiu por impulso e sem pensar muito digitou palavras que expressavam o que estava realmente em sua mente, enviando a mensagem antes que pudesse se arrepender. Com a cabeça pesando e os olhos fechando, a central caiu no sono profundo quase imediatamente.
A tela do celular escureceu novamente, e o silêncio preencheu o quarto.
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E aiiiiiiiii, o que acharam?
E essa mensagem hein... pra quem será que ela enviou e o que tinha nela?
Quero ver os comentários de vocês, eu amooo e me acabo de rir!!!
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Sorte A Nossa | Buijrol
RomanceQuando Anne Buijs, uma estrela do vôlei internacional, chega ao Brasil para integrar o time SESC Flamengo, sua vida vira de cabeça para baixo. Tímida e reservada, ela não esperava encontrar Carolana, uma jogadora intensa e destemida, com quem imedia...