A noite estava silenciosa, com a lua iluminando suavemente a rua em que o carro de Carol estava estacionado, em frente ao apartamento de Juliana. Os faróis apagados lançavam sombras dançantes sobre o asfalto, enquanto Carol respirava fundo, sentindo o coração acelerar. Ela já sabia que essa conversa seria necessária, mas o peso da situação a paralisava.Quando Juliana entrou no carro, a expressão dela era uma mistura de falsa felicidade com arrogância, ela sentia que tinha algo errado e já não podia mais continuar ganhando tempo para fugir daquela situação. Seu cabelo estava solto, balançando com o movimento, e ela sorriu para Carol, mas essa alegria parecia superficial. Carol retribuiu o sorriso, com a ansiedade que a dominava.
— Oi, atrasada! — Juliana disse, enquanto se acomodava no banco do passageiro.
— Oi, Ju. — A voz de Carol soou calma, mas a tensão era palpável. Ela olhou pela janela, concentrando-se na respiração, tentando se preparar para o que estava por vir.
— Que surpresa hoje você não ter se atrasado tanto assim! — Juliana comentou de maneira ácida. — Estava pensando que a gente poderia comer algo antes de ir para sua casa.
Carol hesitou, suas palavras se acumulando na garganta. O que deveria ser uma noite qualquer estava prestes a se transformar em algo que ambas não poderiam esquecer.
— Na verdade, eu gostaria de conversar primeiro — disse Carol, virando-se para encarar Juliana.
— Conversar? Sobre o que? — Juliana respondeu, a defensiva já emergindo em seu tom.
— Ju... Eu sinto que precisamos conversar sobre a gente. A verdade é que eu não estou mais feliz e acho que você também não... — Carol começou, sentindo seu estômago revirar. Queria manter a voz firme, mas a ansiedade transparecia em suas palavras.
— O que você quer dizer com isso? Você está de sacanagem com a minha cara Carolina? — Juliana lançou um olhar desafiador. — A gente tem passado por dificuldades, mas isso não significa que você precisa sair por aí jogando tudo no ventilador.
— Eu não estou jogando nada no ventilador. — Carol tentava manter a calma, mas o tom agressivo de Juliana a desestabilizava. — Mas não está mais dando certo. Eu sinto que, ultimamente, nosso relacionamento se tornou uma fonte de estresse. É como se a gente não estivesse mais na mesma sintonia.
— Tá de sacanagem, só pode! Eu passo um ano aguentando as suas palhaçadas de veganismo, seus horários malucos, suas amigas sem noção pra um belo dia você simplesmente acordar e falar que "Não está mais dando certo"? — Juliana interrompeu, o desprezo nos olhos. — Você é maluca, Carolina. Não deve tá raciocinando.
— Desde que te conheci eu estive parando a minha vida para colocá-la em função da sua. Abrindo mão de momentos com amigos, porque você não fazia questão de tentar se aproximar de nenhum deles. Me desdobrando para estar com você em suas viagens de trabalho, sempre que eu tinha folga, quando você nunca nem tentou ir assistir a um único jogo meu — A frustração se acumulava em Carol, cada palavra era um esforço para não explodir. — Tudo precisava girar em torno de você, e com isso eu comecei me perder, você não me deixa ser eu mesma. Eu quero que a gente termine bem, Ju. Eu só acho que a gente merece ser feliz, e juntas isso não tá dando certo.
— Como você é egoísta! — Juliana disse, seu tom se tornando cada vez mais ácido. — Sempre se coloca em primeiro lugar, e agora quer que eu seja a vilã da história? Nem se eu quisesse te mudar isso seria possível, no fim você sempre era você, com todas as suas manias.
As palavras de Juliana atingiram Carol como um soco no estômago. A raiva e a dor a consumiam, mas ela se lembrou do porquê estava ali. Não podia deixar Juliana a intimidar mais. Ela sempre tentava fazer isso, se colocar como vítima para que Carol se sentisse mal e fizesse o que ela queria, mas dessa vez Carol conseguia enxergar bem como as coisas de fato eram.
— Você não é a vilã, mas eu também não sou. Nós duas sabemos que isso não está certo. — Carol respondeu, tentando ser firme. — Tentamos tudo o que podíamos, mas não dá mais.
Juliana respirou fundo, a expressão dela mudando rapidamente de raiva para uma frieza glacial. — Então é isso? Você só vai me deixar assim, sem mais nem menos? — sua voz se tornou suave, mas o veneno estava presente em cada palavra.
— Eu não estou te deixando sem motivos. Já faz tempo que isso não funciona. — Carolana sentia o coração pesado, mas, ao mesmo tempo, uma estranha leveza começava a surgir. — Você precisa entender que não está saudável para nenhuma de nós.
Um silêncio denso tomou conta do carro. Juliana olhou pela janela, os lábios se apertando em uma linha fina, enquanto a raiva se transformava em algo mais sombrio, quase resignado.
— Sempre a sua maneira, não é? — Juliana murmurou, seus olhos ardendo. — Você não sabe o quanto eu fiz por você, e você simplesmente joga tudo isso fora.
— Para de tentar inverter tudo — O tom de Carol se elevou. — Eu me sinto exausta e não posso continuar a viver assim. Preciso da minha liberdade de volta.
Juliana virou-se de volta para Carol, os olhos cheios de lágrimas. — Você vai se arrepender. Você sempre se arrepende.
As palavras de Juliana atingiram o fundo da alma de Carol, mas em vez de dor, ela sentiu uma clareza.
— Eu não me arrependo de buscar minha felicidade. — A voz de Carol estava firme, mas sua expressão se suavizou — Eu espero que você encontre a sua também.
O silêncio caiu sobre elas novamente. Juliana virou-se para a janela, o olhos marejados de raiva e não de tristeza.
— Então é isso, acabou?
— Sim. Acabou. — Carol respondeu, sentindo que uma parte dela se libertava com cada palavra.
— Saiba que você está me fazendo um favor ao da minha vida, Carolina. Eu realmente não mereço alguém fracassada, assim como você, ao meu lado — Juliana não esperou por uma resposta, apenas saiu do carro, batendo a porta em um estrondo que ecoou na noite silenciosa. Carol ficou ali, sozinha, enquanto a figura de Juliana se afastava, uma sombra na escuridão.
Carol achou que seria doloroso, mas a verdade é que estava sendo libertador. Um peso enorme havia sido tirado de suas costas. O relacionamento delas já havia acabado fazia tempo, elas estavam apenas acomodadas na ilusão de se ter um relacionamento, que há muito já não era saudável. Sua grande preocupação era não magoar a mulher que havia divido um tempo da sua vida, porém não viu amor ali, apenas orgulho ferido. A liberdade estava ali, a espreitar à sua porta. Carol sabia que tinha tomado a decisão certa. Ela estava livre para recomeçar. Nem por isso seus olhos impediram que pesadas lágrimas se formassem.
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Eu ouvi Carol solteira?
O que acharam do término?
Términos nunca são fáceis, nem quando era pra ser.Gente, olha só, as interações caíram muito. Vou contar um segredo pra vocês, o que me motiva a continuar escrevendo são as interações, então vocês deem biscoito nessa história viu?! To bonitinha aqui me esforçando pra tá postando todo dia pra vocês 🥺
Dependendo de como tiver a movimentação por aqui volto amanhã com um novo capítulo, se não só mais para o final da semana 🫶
Quero todo mundo clicando na estrelinha, para ajudar a história! 🤍
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Sorte A Nossa | Buijrol
RomanceQuando Anne Buijs, uma estrela do vôlei internacional, chega ao Brasil para integrar o time SESC Flamengo, sua vida vira de cabeça para baixo. Tímida e reservada, ela não esperava encontrar Carolana, uma jogadora intensa e destemida, com quem imedia...