Capítulo 36: Você Tem Certeza?

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Do lado de fora do ginásio, o sol já havia se escondido, e o ar fresco da noite começava a soprar suavemente. Anne caminhava, um tanto pensativa, ainda tentando processar a conversa incompleta com Carol e o que poderia estar acontecendo. Ela assumira que Carol já tivesse ido embora depois de sair tão bruscamente do vestiário, mas quando cruzou as portas do ginásio, foi surpreendida pela figura familiar, encostada casualmente no muro, com as mãos nos bolsos.

Carolana estava lá, a esperando.

— Finalmente! — Carolana disse, em um tom que misturava um leve sarcasmo com algo mais doce. — Pensei que ia ficar lá dentro para sempre.

Anne parou por um instante, surpresa e, ao mesmo tempo, aliviada ao ver que Carol ainda estava ali. Pelo jeito que Carol tinha saído, ela jamais imaginou que a central estaria esperando por ela do lado de fora. Um sorriso genuíno nasceu nos lábios da holandesa, e seus olhos brilhavam com um toque de surpresa e admiração.

— Você ainda tá aqui? — Anne perguntou, rindo baixinho, com uma expressão que mesclava confusão e ternura.

— Claro que tô. — Carol respondeu, inclinando-se um pouco para frente. — Achei que alguém tinha que garantir que você voltasse pra casa em segurança. Vamos, vou te acompanhar.

Anne sentiu uma pequena onda de calor no peito. Não era comum alguém se preocupar com ela dessa forma, e o jeito despreocupado e charmoso de Carol sempre a deixava com o coração um pouco mais acelerado.

— Mas eu to de carro, Carol. — Anne respondeu, rindo de leve. — Não precisa.

— Melhor ainda! — Carolana rebateu com um sorriso travesso. — Porque eu estou a pé e teríamos que ir de uber. — Seus olhos brilharam, divertidos, como se ela estivesse adorando criar aquela situação.

Anne soltou uma risada surpresa, achando graça naquilo. A central estava realmente se esforçando para ser divertida e leve, e isso derretia qualquer resquício de tensão que pudesse ter ficado entre elas. Carol era diferente com ela, mais suave e cuidadosa.

— Tudo bem, mas... — Anne tentou falar, mas Carol a interrompeu com um olhar travesso.

— Ah, nada de "mas". — Carol balançou a cabeça. — Você é muito bonita pra ficar dirigindo sozinha à noite por aí. E, olha, vai ser bom pra mim também. Posso evitar por mais tempo o interrogatório da Gabi quando chegar em casa. — Carol riu, fazendo uma piada leve.

A holandesa riu junto, sentindo o coração aquecer com o jeito despreocupado de Carol. Apesar da intensidade dos sentimentos que Carol carregava, ela sabia quebrar o gelo quando estava com Anne, sabia como fazer com que as coisas ficassem mais leves. Anne se pegou sorrindo mais do que o normal, algo que só Carolana parecia conseguir arrancar dela.

— Tá bom, então. Vamos. — Anne disse, resignada e divertida.

As duas caminharam juntas até o carro, e enquanto a ponteira destravava as portas, Carol jogou sua mochila no banco de trás, logo se ajeitando no banco do passageiro. Anne entrou no lado do motorista, e por um momento, o ambiente entre elas parecia calmo e confortável. O som do motor do carro preencheu o ar, e elas seguiram pelas ruas, iluminadas pelos faróis e pela luz suave dos postes.

Carol não podia evitar de olhar para Anne enquanto ela dirigia. Havia algo encantador na forma como a ponteira mantinha o foco na estrada, os olhos atentos, o rosto sereno. A luz suave da noite iluminava os contornos de seu rosto, e Carol se pegou admirando como Anne parecia ainda mais linda concentrada. Ela sorriu, quase involuntariamente, sentindo seu corpo relaxar mais a cada segundo que passava ao lado dela.

O caminho foi tranquilo, e as duas conversaram sobre amenidades — o treino, o clima, as pequenas piadas que só elas entendiam. Mas quando estavam se aproximando do apartamento, Anne sentiu a dúvida retornar, e a necessidade de falar sobre o que estava a incomodando.

Sorte A Nossa | BuijrolOnde histórias criam vida. Descubra agora