Capítulo 20: Teia de Escolhas

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Desde aquela troca de mensagens com Anne, Carol sentia algo diferente. Não era uma sensação que ela pudesse nomear de imediato, mas era inegável que algo se agitava dentro dela, como uma chama que se reacendia lentamente. Anne havia balançado sua estrutura de uma forma inesperada e, quanto mais ela refletia sobre isso, mais certa Carolana ficava de que não poderia continuar como estava. A relação com Juliana, que antes parecia estável e confortável, agora pesava como uma corrente que a segurava no lugar errado. Tudo dentro dela pedia uma mudança.

Carol nunca foi do tipo que hesitava quando sabia o que precisava fazer. Desde cedo, ela aprendeu que, no vôlei ou na vida, era preciso ter determinação para tomar decisões difíceis. Mas, desta vez, as emoções estavam mais entrelaçadas. Terminar um relacionamento nunca seria fácil, principalmente um como o dela com Juliana, que já durava mais de um ano. Embora se respeitassem, Carol sabia que algo havia se perdido entre elas. O carinho permanecia, mas a chama que outrora acendia entre elas já não existia. E, agora, com Anne em cena, esse sentimento de desgaste se tornava cada vez mais evidente.

Era inexplicável o fato de que ela e a holandesa se conheciam a tão pouco tempo e mesmo sem nunca terem tido nada além de flertes, Anne fazia com que ela se sentisse viva, desejada e, acima de tudo, inquieta. O flerte disfarçado de brincadeira, os sorrisos cúmplices e os olhares trocados, tudo isso acendeu em Carol um desejo que não podia mais ignorar. A partir daquele momento, soube que não poderia continuar com Juliana se quisesse ser honesta consigo mesma. Ela precisava resolver essa situação antes de dar qualquer passo com Anne. E sabia que não era justo seguir em frente sem antes encerrar esse ciclo. Ela mesma não podia se manter nesse lugar de equilibrista de sentimentos, pois a pressão estava grande e ela já começava a sentir pontos de desgaste emocional por estar se privando de viver o que de fato desejava.

Carol tentou marcar um encontro com Juliana para conversar. Não queria fazer isso por mensagem, tampouco queria prolongar o que já parecia inevitável. Cada dia que passava, a proximidade com Anne só aumentava, não podia mais tentar negar, e ela precisava estar livre, desimpedida, para seguir seu coração e se jogar naquele penhasco, ainda que no fim existia o risco dela descobrir que tudo isso não passava de uma atração física momentânea. No entanto, Juliana estava com a agenda cheia por causa de uma viagem de trabalho. "Vai ser só dez dias", ela disse em um tom casual, sem perceber o peso que aquelas palavras tinham para a central. Juliana viajava frequentemente para fotografar eventos ou fazer ensaios, e, para Carol, esse era mais um sinal de que estavam vivendo em ritmos diferentes. Enquanto Juliana parecia seguir tranquila, ou quem sabe já imaginava o teor da conversa e queria apenas adiar esse momento, Carolana se via presa a uma angústia crescente, que precisava ser liberada.

A impossibilidade de resolver aquilo de imediato começou a incomodá-la. A central odiava esperar, era impaciente, imediatista e odiava a sensação de estar presa em algo que já sabia que não queria mais. Seu corpo estava com Anne, mas sua mente ainda se via acorrentada a Juliana, ou seria o contrário?! Cada treino ao lado de Anne, cada sorriso trocado, só intensificava a necessidade de fechar esse capítulo de sua vida. A ansiedade tomava conta dela de uma forma quase física, como se a energia que normalmente colocava no vôlei estivesse sendo desviada para lidar com esse conflito interno.

Por mais que tentasse focar em outras coisas, sua mente sempre voltava para a mesma questão: ela precisava terminar com Juliana. Não era justo continuar fingindo que tudo estava bem quando, na verdade, seu coração já não estava mais naquele relacionamento. E, por mais que Juliana fosse uma boa pessoa, alguém com quem a morena teve bons momentos, a chama havia se apagado. A culpa por querer sair daquela relação se misturava com o desejo crescente por Anne, criando um turbilhão de emoções dentro dela. Ela sabia que não poderia simplesmente deixar as coisas acontecerem com Anne enquanto ainda estivesse envolvida com Juliana, isso não fazia parte de quem ela era.

Cada vez que olhava para holandesa, seu corpo se inundava de vontades e desejos que não podia arriscar viver enquanto estivesse presa ao passado. Precisava resolver isso, e precisava fazê-lo rápido. O problema era apenas esperar. Não havia como resolver tudo por mensagem ou de maneira apressada. Carol não queria ser cruel, não queria ser leviana com os sentimentos de Juliana, mas também sabia que o tempo estava correndo contra ela.

Os treinos voltaram intensos, a preparação para o campeonato exigia foco absoluto, mas algo havia mudado. O mundo parecia ter girado um pouco diferente para elas. Apesar de não terem continuado a conversa pelas mensagens, a tensão entre elas se fazia sentir. Não era preciso mais palavras. Cada vez que Carol e Anne estavam juntas, algo invisível pulsava no ar. Quando se cruzavam nos corredores do centro de treinamento, quando Anne jogava seu olhar na direção de Carol, havia uma certeza que ambas compartilhavam, mesmo que nunca falassem sobre isso: o desejo estava lá, crescendo a cada encontro.

Nos treinos, a proximidade entre elas era mais evidente. Elas não falavam muito, mas seus corpos se moviam com uma sincronia quase ensaiada. Os olhares trocados tornaram-se cada vez mais constantes e cheios de intenção. Para qualquer outra pessoa no time, aquilo poderia parecer apenas camaradagem, mas para elas era muito mais. Era como se cada sorriso que Anne lançava na direção de Carolana, cada olhar furtivo, fosse um convite silencioso para algo que ambas queriam, e que ainda não tinham a coragem de nomear. Anne aguardava uma iniciativa de Carol, queria ter mesmo a segurança de que aquela mensagem nada tivesse a ver com uma bebedeira, Carol sabia que precisava dar o próximo passo para continuar tudo, e queria desesperadamente fazer isso, por isso aguardava com impaciência a volta de Juliana.

Os treinos também não foram fáceis para Carol em outro aspecto: Fernanda. A jogadora parecia sempre encontrar uma maneira de estar por perto de Anne. Com sorrisos falsamente inocentes e uma gentileza exagerada, Fernanda fazia questão de se aproximar da holandesa, o que não passava despercebido por Carolana. Apesar da holandesa não parecer perceber o jogo por trás da simpatia, Carol sabia o que estava acontecendo. Fernanda estava dando em cima de Anne, e aquilo a incomodava mais do que gostaria de admitir. A cada gesto ou piada feita por Fernanda, Carol sentia o ciúme crescendo dentro de si, alimentando sua frustração e vontade de agir.

Foi em um desses treinos, depois de uma manhã particularmente desgastante, que algo aconteceu e fez Carolana tomar uma decisão. Estava no final do treino, e elas se preparavam para ir embora. Anne, distraída, tentava pegar algo na mochila, quando Fernanda, como de costume, se aproximou com um comentário bobo sobre o treino, jogando charme de maneira escancarada. Anne sorriu, e Carol, observando de longe, sentiu uma onda de frustração e urgência.

Aquilo foi a gota d'água. Ela não podia mais esperar. Sentiu que, se não fizesse algo logo, perderia o controle da situação, e talvez até Anne para alguém como Fernanda. Foi impulsiva, mas não tinha outra escolha naquele momento. Decidiu que não importava se ainda não tinha conseguido conversar com Juliana. Ela precisava marcar algo com Anne, precisava sentir que aquilo entre elas estava evoluindo de alguma forma. Precisava saber se s holandesa compartilhava das mesmas vontades que ela, ou se ela estaria enlouquecendo sozinha. Com essa decisão fervendo em sua mente, Carol puxou o celular assim que terminou o treino. Suas mãos tremiam ligeiramente, mas ela sabia o que precisava fazer. Mandou uma mensagem direta, sem rodeios:

"Oi!!! Acabamos não falando mais... mas ainda espero sua resposta para tudo o que eu disse, para o jantar... O que acha de sábado?"

A resposta de Anne veio mais rápido do que esperava, um simples:

"Claro, adoraria! Apenas estava esperando por seu convite, achei que isso estava claro... ;)"

O coração de Carol acelerou. A resposta de Anne carregava uma leveza que contrastava com a avalanche de sentimentos que ela mesma estava enfrentando. Ela sabia que estava atravessando uma linha perigosa. Queria ter resolvido as coisas com Juliana antes de dar esse passo, mas o tempo parecia não estar a seu favor. Juliana estava ocupada, fora da cidade a trabalho, e não havia conseguido encontrar um momento para se sentarem e terem a conversa que precisava acontecer. O jantar com Anne estava marcado, e Carol, ao mesmo tempo que se sentia ansiosa com o que poderia acontecer, também se via em uma teia de escolhas que a pressionava.

Ela sabia que estava pisando em território complicado, mas havia algo em Anne que a puxava como um ímã. Aquelas trocas de olhares, os flertes silenciosos e a proximidade crescente eram fortes demais para serem ignorados. E mesmo sem ter tido a conversa com Juliana, Carol decidiu que deixaria as coisas seguirem seu curso. Ela precisava descobrir o que estava acontecendo entre ela e Anne — e sabia que não conseguiria adiar isso por mais tempo.

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Bom diaaaaaaaaa!
E aiiiiiii? Será que o jantar finalmente vai acontecer?

Bom, não sei o que pode ou não acontecer, mas sinto que devo dizer NÃO ME MATEM! 🥲
(Brincadeira gente, não vamos preocupar 👀)

Vou contar um segredo, eu posto os capítulos e fico toda hora que dá um tempinho, entrando pra ler os comentários, eu amo gente. Dou muita risada!

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Sorte A Nossa | BuijrolOnde histórias criam vida. Descubra agora