CAP 16

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BEATRIZ

Tenho trabalhado incansávelmente nos desenhos dos vestidos, e isso me faz ficar em casa a maior parte do tempo. O que é ótimo, pois fico longe dos perigos mundanos.

Eu gosto tanto do que faço que o dia ia passando e eu só percebia porque a luz natural já não conseguia mais ser suficiente para iluminar o ambiente e eu tinha de levantar para ligar a luz elétrica.

Hoje é sábado e o César me chamou para cozinhar com ele, disse que quer fazer uma receita que viu na internet. Vou ser cobaia gastronômica dele, e o perigo mora aí.

Segundo ele, vai ser um jantar completo com entrada, prato principal e sobremesa. A única coisa que eu preciso fazer é lavar os pratos quando ele terminar. Eu diria que é um tanto quanto injusto, já que não sei se depois de provar a comida dele, ficarei viva.

Combinamos de ir no fim da tarde comprar algumas coisas no supermercado. Esse fato me fez lembrar que certas pessoas gostam de ir no mesmo lugar, mas não é possível que ele vai estar lá justamente na hora que nós formos.

Meu pai saiu para trabalhar em pleno domingo, e eu acho que ele é das poucas pessoas que vão trabalhar felizes, não importa o dia.

Levantei, tirei o pijama e fui tomar banho. Minha cara era de cansaço, de quem trabalhou muito em uma posição desconfortável.

Tomei um banho premium, depois sequei o cabelo, vesti um short e camiseta, e desci para tomar café.

Fiz dois ovos mexidos, café com leite e cortei uns pedaços de mamão.

Enquanto tomava café, liguei para minha mãe por chamada de vídeo.

– Oi, mamá. – falo misturando os idiomas.

– Oi, filha, como vou está? – ela pergunta.

– Bem... Cansada. – digo rindo.

– Ainda desenhando? – ela pergunta.

– Sim. E a senhora como está? – pergunto.

– Com saudades da minha garota. – ela diz.

– Em breve eu volto pra lhe ver. – digo.

– Seu pai me contou que você tem dormido tarde fazendo os desenhos. Ele está tão orgulhoso de você. – ela fala.

Meus pais mantêm uma boa relação, se respeitam, se ajudam, se apoiam e eu sou muito grata por isso. O divórcio não os afastou, e principalmente, não me traumatizou.

– Eu estou muito empolgada com tudo, acho que vai dar muito certo. – falo animada.

– O César está te ajudando, não é? – minha mãe pergunta.

– Sim, nós estamos trabalhando juntos. – falo.

– Depois vou ligar para ele, quero saber as fofocas. – ela fala e eu rio.

– Ele deve ter várias. – conto.

Só espero que aquele fofoqueiro de carteirinha não conte à minha mãe sobre as implicâncias com o jogador.
Vou mandar logo uma mensagem pra ele avisando para não falar nada.

A conversa com minha mãe durou quase uma hora, foi muito bom, me distraiu e fez o tempo passar.

Depois disso, lavei os pratos e voltei para meu quarto. Peguei os desenhos que eu tinha feito, agora são cinco, sendo que dois nós já adiantamos o processo de costura.

Fui olhando e pensando no momento que cada um representa, e minha vontade era colocar o escudo do São Paulo bem grande na saia de um.

Brega? Talvez! Isso é muito relativo. Mas de uma coisa eu tenho certeza: alguém iria usar.

A FILHA DO TÉCNICO - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora