CAP 27

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BEATRIZ

Eu não queria ir para o jantar de aniversário da mãe do Calleri. Não é à toa que agarrei no sono.

Mas meu pai foi me chamar, disse que não queria ir sozinho, e que dona Bettina tinha convidado nós dois.

Não sei dizer não a ele, então tomei um banho rápido, peguei um vestido preto e um sapato preto, e fiz a make dentro do carro. Com receio de fazer frio, peguei também uma jaqueta.

Chegamos atrasados, e eu ainda pisei em um maldito chiclete logo na entrada. Meu pai subiu e eu fiquei tirando o chiclete.

A noite teria sido até agradável se o jogador não tivesse me beijado novamente no banheiro. Eu me senti mal, não sei explicar. Saí do banheiro bem chateada com ele.

Dessa vez eu vou cumprir com a minha palavra, não quero mais contato com ele. Ele é só mais um homem que adora se vangloriar ao pegar uma mulher.

Comportamento típico de homem, que é agravado quando a profissão é jogador de futebol.

O importante é que eu cheguei em casa, sã e salva. Com alguns traumas a mais, mas viva.

Tirei minha roupa e fui tomar banho gelado. Fiquei pensando no beijo e na minha parcela de culpa nessa situação toda.

Eu o provoquei a noite toda, claro que isso não justifica ele me beijar sem meu consentimento, mas, sei lá, talvez se eu tivesse ficado na minha, nada disso tivesse acontecido.

Que ódio de mim. Tomara que com o trampo eu acabe esquecendo tudo isso. Eu levei a coisa como se fosse uma brincadeira, e no fim, quem se ferrou fui eu, só para variar.

Me deitei e dormir, graças a Deus o sono veio logo e eu apaguei.

[...]

Acordei com o meu celular tocando insistentemente.

- Merda! Esqueci de colocar no silencioso. - falo ao pegar o aparelho.

- Isso é hora de ligar para uma cristã, César? - falo ao atender.

- É, porque eu quero saber tudo que rolou no jantar ontem. - ele responde.

- Não rolou nada, quer dizer, eu fui beijada contra a minha vontade e não quero mais saber daquele jogador. - digo.

- Ele te beijou à força? - pergunta, e pelo tom de voz, ele acha que eu fui abusada.

- Não exatamente. Ele me beijou de novo e dessa vez eu não gostei nada. - explico.

- Ah, Bia, pelo amor de Deus, eu já estava aqui pintando o diabo dele. - meu amigo fala.

- Mas eu não gostei, César. - falo.

- Sim, mas pela forma que você falou, pareceu que o cara te violentou. - ele diz.

- Eu me expressei mal. - assumo.

- Eu acho que você está fazendo dilúvio em tampinha de xarope. Ele só está a fim de você e quer te beijar. E se ele tentou, é porque você provocou, tenho certeza. - meu amigo diz.

- César, você está sendo machista. - falo.

- Eu estou sendo realista. Sei que quem ouve e não conhece a história de vocês, vai pensar que eu sou um babaca e estou te culpando pelo fato de um macho ter te beijado. Mas você, dona Beatriz Gouveia Ceni, entendeu direitinho o que eu quis dizer. - ele me dá uma lição de moral.

- Pois bem, a partir de hoje, não quero mais falar no nome dele. - falo.

- Já ouvi isso outras vezes. - ele diz.

A FILHA DO TÉCNICO - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora