CALLERI
Imagina você encontrar a pessoa que te chama de narigudo bem na hora do almoço?!
Ainda bem que ela não ficou no mesmo lugar que eu. Parecia estar procurando alguém, e por Dios, esse alguém não estava lá.
Chamei meus pais e minha irmã Tefi para almoçar fora. Assim que cheguei no restaurante, tirei a jaqueta que estava vestindo e fui ao banheiro.
Tefi ficou implicando com ela, dizendo que estava fazendo um calor insuportável e eu ia pagar o maior mico. Então resolvi tirar e deixar em cima da cadeira.
Quando encontrei a nojentinha, já estava sem a peça de roupa, era capaz dela rir de mim se me visse vestido daquele jeito.
Uma coisa que eu notei é que ela é muito bonita, muito mesmo. Pena que rosto bonito não é suficiente.
Nós ficamos um bom tempo no restaurante, apesar do encontro desagradável, a tarde foi ótima.
Voltamos para casa e cada quem foi para o seu quarto descansar um pouco.
O que me martelava, era a imagem da nojentinha na minha mente. Ela me tira tão do sério, que meu cérebro insiste em pensar nela.
Parece que é uma autodefesa, ou seria autodestruição? Pensar nela era com um sinal de alerta de que a qualquer momento nós vamos nos encontrar e começar a trocar farpas.
Mas dessa vez eu lembrava da beleza dela. Cabelo preto, curto, olhos escuros, um rosto marcante, bem arrumada, com traços delicados, suaves, mas ao mesmo tempo cheia de personalidade.
Personalidade do diabo, porque ela é o cão em formato de gente. Tem sempre uma resposta na ponta da língua, não se importa se vai ofender, enfim, muita beleza desperdiçada.
– Chega de pensar na nojentinha, Jonny. – falo sozinha.
Entrei no banheiro para tomar banho, pois São Paulo estava muito quente, um calor terrível.
O banho foi gelado e demorado. Quando sai, me joguei na cama só de cueca.
Horas depois, ouvi batidas na porta e uma voz me chamando.
– Jonny! – era minha irmã me chamando.
– Entra, Tefi. – respondo e ela abre a porta.
– Vamos caminhar um pouco? – ela chama.
– Pode ser. Espera só minha alma voltar para o corpo. – digo e ela ri.
– Te espero lá embaixo, não demora. – ela diz e sai.
Estava com uma preguiça terrível, minha vontade era ficar deitado.
Criei coragem para levantar e vesti uma roupa de treino. Calcei o tênis igual quando era criança e estava aprendendo a amarrar o cadarço.
Depois de alguns minutos, desci e Tefi estava impaciente.
– Finalmente. Você está indo caminhar, não é casar não. – diz brincando comigo.
– Estou sem coragem. – digo cansado.
– Deixa disso. Nem parece jogador do São Paulo. – ela diz.
– Vamos pegar pelo menos uma água. – falo e ela concorda.
Fui até a cozinha e peguei duas garrafas.
– Agora podemos ir. – digo voltando à sala.
Saímos de casa, tinha muita gente caminhando, como sempre.
– Deveríamos ter trazido a mamá. – minha irmã diz.
– Ela não ia querer vir. – digo rindo.
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A FILHA DO TÉCNICO - Jonathan Calleri
Fiksi PenggemarChegando de surpresa em São Paulo para passar uma temporada com o pai, Beatriz Gouveia não imaginava que uma simples ida ao trabalho dele, ia lhe causar tanta raiva.