CAP 36

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CALLERI

Cheguei ao CT depois que deixei a Bia em casa e vários jogadores já tinham chegado, inclusive o Diego.

Não posso deixar que o meu incômodo interfira no treinamento e nos jogos, mas é difícil vê-lo falar de forma tão doente sobre ela e não poder dizer nada.

– Bom dia! – cumprimento meus companheiros.

– Bom dia, Jonny. – alguns respondem.

– Jonny, hoje nós vamos para uma balada. – Arboleda diz.

– Certo. – é o que eu digo.

– Vamos também! – ele fala.

– Não tô afim não, tô aproveitando esses dias para descansar enquanto o Brasileirão e a Copa Sul Americana não começam. – falo.

– Dá pra descansar depois. – ele insiste.

– Não tô afim não, mas valeu pelo convite. – respondo.

– Será que a filha do Ceni curte esse tipo de balada? Estou pensando em mandar uma mensagem no dm dela. – Diego fala e eu rio.

– Falei alguma besteira, Jonny? – ele pergunta.

– Oi?! Não, eu tô rindo dos passarinhos ali, brigando por um farelo. – aponto para os passarinhos.

– Ah! Então, o que vocês acham, eu mando ou não? – volta a perguntar.

Tomara que ele mande, só pra ser ignorado por ela e quem sabe assim, a esqueça.

– Manda, cara. Só torce para o Ceni não descobri. Se ele souber que um de nós está interessado na filha dele, capaz de deixar a gente no banco. – Arboleda responde.

E se ele souber que eu transei com ela, e ela dormiu lá em casa, qual será a punição?

– Quando a gente for almoçar, eu mando. Tomara que ela me responda. – o zagueiro diz cheio de expectativas.

Não vou mandar mensagem pra Bia, nós não namoramos, então não acho certo cobrar certas coisas, e também, eu confio nela, sei que não vai dá ousadia a ele.

O professor chamou para iniciar o treino e a gente foi para o campo. A manhã toda foi no campo, estava exausto e ainda tinha mais à tarde.

Fomos para o vestiário tomar uma ducha antes de almoçar. Ao entrarmos, os jogadores voltaram a falar da minha nojentinha.

Eu estava extremamente incomodado e angustiado por não poder fazer nada, mas eu tinha de fazer. Não podia ouvir eles falando dela como se fosse um pedaço de carne oferecido em um churrasco.

– Caras, vocês não conseguem falar de outra coisa que não seja a filha do professor, não? – falo.

– Tá incomodado por que, Jonny? Não gosta de mulher não? – Diego diz rindo.

– É constrangedor e machista a forma como vocês estão falando da moça. Ainda mais sendo ela, filha do nosso treinador. É falta de respeito. – digo, sem responder a provocação do zagueiro.

– Eu só quero pegar, não quero casar não. Gostosa igual a ela eu tenho muitas à disposição, é só estalar o dedo. – ele fala se achando o homem mais cobiçado mundo.

– Mais respeito pelo Ceni, pelo menos, já que vocês não têm pelas mulheres. – falo e entro no banheiro, mas ouço quando o Diego me chama de chato.

Vou falar com a Bia, não vai ter jeito. Eu estou com ciúmes, mas não é só isso. O incômodo maior é falar dela como se ela fosse objeto.

Ela é muito gostosa, mas eu jamais vou constrangê-la. Hoje cedo eu a queria muito, mas ela não estava a fim e eu respeitei, e sempre vai ser assim.

A FILHA DO TÉCNICO - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora