CAP 48

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CALLERI

Finalmente chegou o dia. Ou eu viro genro do Ceni, ou me atiro da ponte.

Agora pela manhã eu tenho treino e estou tentando parecer o mais tranquilo possível. O treino vai até o meio-dia, e eu espero que passe bem rápido.

Quase não dormi de noite, fiquei mexendo de um lado para outro como se o colchão estivesse cheio de pulga.

Levantei e tomei um banho bem gelado, dava pra fazer sorvete com a água, de tão gelada que estava.

Vesti meu uniforme de treino e desci para tomar café. O cardápio é o de sempre, o bom e velho ovo mexido com orégano, só que dessa vez eu coloquei um pouco de queijo também.

Fiz um café bem forte, tomei, depois subi para escovar os dentes e pegar minha mochila.

Tirei o carro da garagem e fui para o CT.
Liguei o som e coloquei no modo aleatório.

Todas as músicas que tocaram, me lembraram da Bia. Como pode uma mulher mexer tanto comigo desse jeito?!

Vi o celular acender a luz do visor e era mensagem do César, avisando que é para eu encontrá-lo às 14h, no ateliê e é para eu levar tudo que compramos.

Esperei o sinal ficar vermelho e respondi, confirmando o horário.

Cheguei ao centro de treinamento, coloquei o carro na vaga e fui para o campo.

O professor já estava batendo falta, e alguns jogadores estavam conversando à beira do campo.

Cumprimentei com um "bom dia" e fiquei próximo deles apenas ouvindo o papo, mas sem me manifestar. Até que alguém comentou sobre as fotos que tiraram minha com o Galoppo no shopping.

Me perguntaram o que estávamos fazendo lá, e eu disse que o Galoppo foi ver um presente para a namorada e eu fui comprar um relógio para mim.

Menti na maior cara dura, nem olhei relógio. Eu queria ver o anel de compromisso, mas daí o jogador chegou bem na hora e eu mudei o assunto.

Esse povo é curioso demais, querem saber tudo.

– Vamos para uma baladinha hoje? – Arboleda chama.

– Eu topo. – Diego é o primeiro a se manifestar.

– Eu vou para a balada com as minhas filhas. – Luciano diz rindo.

– Casado também tem direito a diversão. – Diego diz.

– E você acha que tem diversão maior que brincar com minhas filhas? – o camisa 10 diz e os outros se calam.

– Jonny, e você? Você não é casado! – Arboleda diz.

– Eu tenho um compromisso. – falo.

– Certeza que é mulher. – ele diz.

– É não. Só preciso resolver umas coisas. – tento inventar uma desculpa.

– Tá bom, a gente acredita. – Diego diz.

Se ele soubesse a raiva que eu ando dele, nem abria a boca.

– Diego, desistiu da filha do Ceni? – Arboleda pergunta e parece proposital.

– Ela se acha. Metidinha. Só porque é filha do Ceni. – o zagueiro fala com desdém.

– Tomou um fora dela, né?! Tá com o ego ferido porque levou um fora de uma mulher. – Luciano diz e eu queria tanto rir.

– Eu tenho a mulher que eu quiser. – Diego diz.

– A que quiser não, porque a Ceni não te quis. – Luciano debocha, irritando-o.

A FILHA DO TÉCNICO - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora