CAP 13

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BEATRIZ

Nesses últimos dias decidi mudar o horário de ir à padaria para evitar encontrar o Calleri. Como meu pai e eu gostamos dos pães de lá, sempre que é preciso ir, vou mais cedo, assim na há chances de vê-lo novamente.

Aproveitei para focar nos desenhos da minha coleção, até agora tenho dois modelos prontos. Também tenho corrido atrás do lugar que será meu ateliê, mas todos que eu encontrei até o momento, não atendem às minhas necessidades.

O César me ajuda nos dias que não trabalha, e eu amo quando isso acontece porque o que seria um dia exaustivo, se torna um dia divertido.
Hoje é sexta, ele está de folga e então resolvemos desbravar São Paulo em busca do que mais na frente, será meu ateliê.

Estava esperando por ele de frente a minha casa, distraída lembrando que já tem uns cincos dias que eu não vejo o argentino, e isso é bom, porém, senti um vazio, como se tivesse acostumado a provocá-lo. Só que essa implicância parece coisa de adolescentes, e isso já não somos faz tempo.

A distração foi tão grande que o César chegou e eu só percebi depois que ele começou a buzinar feito doido. Fez exatamente o que eu fiz no dia que fui buscar meu pai no CT.

– Eu não sou surda, César. – digo ao entrar no carro.

– Mas estava no mundo da lua. – ele diz fazendo a manobra.

– Estava distraída. – falo.

– Pensando em algum boy. Aposto! – ele diz rindo.

– Um metido que se acha. – eu confirmo.

– É boy mesmo. É gatinho pelo menos? – ele pergunta.

– É lindo o infeliz. – deixo escapar.

– Já gostei. – ele diz todo alegre.

– César!!! – o repreendo.

– Você está interessada nele, não é? – me pergunta.

– Deus me livre. Nem se ele fosse o último homem do mundo. – digo me benzendo.

– Está sim. Agora tenho certeza. – ele fala e eu lhe dou um tapa no braço.

– Não estou. Aquele metido não faz meu tipo. – digo.

– Nem para pegar de vez em quando? – ele pergunta.

– Nem pra isso. Eu mudo de nome se um dia me interessar por alguém como ele. – digo séria.

– Já vou procurar um novo nome pra você. – ele fala rindo.

– Eu estou falando sério. – falo com a cara fechada.

– Eu também. – ele debocha.

– Para, vai. Você acha que eu ia me interessar por tipinho como ele: metido, que se acha? Ah tá! – me defendo.

– Acho. Mas vamos mudar de assunto. – ele diz e eu reviro os olhos.

– Você pare, viu?! – peço.

– Parei. – diz tentando ficar sério.

– Acho bom. – falo chateada.

– Mudando de assunto: vamos para a balada hoje? – ele pergunta.

– Qual? – pergunto.

– Aquela que a gente foi outro dia. – ele responde.

– Pode ser. Então vamos adiantar, quanto mais cedo terminarmos, melhor. – eu falo me animando.

– Será que o boy que estava da outra vez vai estar lá hoje de novo? – meu amigo pergunta.

– Tomara, e que seja bonito. – digo.

A FILHA DO TÉCNICO - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora