Era uma tarde abafada, e Flávia estava dirigindo em silêncio com Tyler ao seu lado. O caminho até o apartamento de Rebeca parecia mais longo do que o habitual, e o peso da situação pairava no ar. Tyler estava nervoso, seu rosto expressando um misto de medo e arrependimento. Desde que Rebeca o colocara para fora de casa, ele mal havia conseguido dormir ou pensar com clareza. A saudade de sua filha, Sophia, o corroía por dentro, e o sentimento de que havia decepcionado Rebeca ainda mais.
— Vai ficar tudo bem. — Flávia quebrou o silêncio, olhando de soslaio para Tyler. — Você precisa conversar com ela, e ela sabe que exagerou. Agora é só colocar tudo para fora.
Tyler assentiu, mas sua expressão continuava tensa. — Espero que sim. Só quero ver minha filha e tentar consertar as coisas com Rebeca.
Ao chegarem ao prédio, Flávia deu um leve sorriso de encorajamento antes de saírem do carro e subirem até o apartamento de Rebeca. Assim que a porta se abriu, a tensão era palpável. Rebeca estava sentada no sofá, com Sophia nos braços, olhando para a filha com um carinho visível, mas havia uma dureza em seus olhos quando ergueu o olhar para Tyler.
Tyler engoliu em seco, aproximando-se lentamente. Seus olhos se encheram de lágrimas assim que viu Sophia. Ele hesitou por um momento, mas Rebeca, embora relutante, estendeu a pequena em direção a ele. Tyler pegou a filha nos braços, e assim que o pequeno corpo frágil e quente estava em seus braços, as lágrimas que ele havia segurado caíram sem controle.
— Ah, meu Deus... como eu senti sua falta... — ele sussurrou, a voz embargada, beijando a testa de Sophia. A pequena, ainda sonolenta, se mexeu levemente, mas se aninhou no peito de Tyler, como se o reconhecesse de imediato.
— Eu sei que você sentiu falta dela... — Rebeca murmurou, olhando de lado, a mágoa ainda presente em sua voz, mas suavizada pela cena diante dela.
Flávia, percebendo que o momento era delicado, estendeu os braços para pegar Sophia de volta. — Vou com ela para a cozinha. Jade, Julia e Lorrane estão lá. Vou deixá-los a sós.
Tyler entregou a pequena para Flávia, seus olhos se encontrando brevemente com os de Rebeca. Havia tanto que precisava ser dito, tanto mal-entendido, mas também tanto amor reprimido. Quando ficaram sozinhos, o silêncio entre eles parecia denso, carregado de sentimentos não expressos.
— Eu... — Tyler começou, tentando encontrar as palavras certas. — Eu sinto muito. De verdade. Nunca quis esconder nada de você, mas... eu... eu estava com medo.
Rebeca cruzou os braços, uma expressão amarga no rosto. — Medo do quê, Tyler? Medo de que eu achasse que você era gay? Que eu te deixasse por isso?
Ele abaixou a cabeça, seus ombros caindo em derrota. — Sim... eu não sou gay, Rebeca. Nem bissexual. Mas naquele momento, foi confuso. Eu estava perdido, a gente nem estava junto ainda. A Vila Olímpica, as pressões, eu... só estava tentando me distrair. E, honestamente, nem sabia que esse vídeo existia até agora. Nunca pensei que isso voltaria para me assombrar.
Rebeca respirou fundo, tentando controlar suas emoções. — Não estou brava por você ter ficado com alguém, Tyler. A gente nem estava junto ainda. Mas o que me machuca é que você não me contou. Como você acha que eu me senti vendo aquilo de um jeito tão... brutal? Me pegou de surpresa.
Tyler finalmente ergueu o olhar, seus olhos cheios de arrependimento. — Eu deveria ter te contado. Foi um erro. Eu sei disso agora, mas na época... eu estava com tanto medo de te perder, de você achar que eu não era o homem que você queria ao seu lado. Eu estava com medo, Rebeca.
Rebeca o encarou por um longo momento, seu coração dividido entre a dor e o entendimento. Ela sabia que Tyler estava sendo sincero, e, apesar de tudo, ela o amava profundamente. Finalmente, ela suspirou.
— Talvez eu tenha exagerado... — ela admitiu, seus olhos suavizando um pouco. — Não deveria ter te colocado para fora. Não foi justo.
Tyler se aproximou um pouco mais, hesitante. — Podemos consertar isso? Eu só quero voltar para casa, para você e para Sophia.
Ela olhou para ele, os sentimentos conflitantes se dissolvendo lentamente. — Eu quero que você volte. Tyler... eu te amo. Mas a gente precisa ser honesto um com o outro daqui pra frente.
— Eu prometo, Rebeca. Nunca mais vou esconder nada de você. — Tyler respondeu, sua voz cheia de determinação.
Eles se aproximaram e, finalmente, se abraçaram. O alívio de estarem juntos novamente era palpável. O calor do abraço deles parecia dissipar a tensão dos últimos dias. Lentamente, Rebeca ergueu o rosto, e seus lábios se encontraram em um beijo terno, cheio de saudade.
O momento foi interrompido pelo som do celular de Tyler vibrando. Ele relutantemente se afastou, pegando o aparelho. Quando viu quem havia enviado a mensagem, seu coração acelerou. Era Simone.
— O que foi? — Rebeca perguntou, percebendo a mudança de expressão dele.
— Simone... — Tyler disse, abrindo a mensagem. Ele leu em voz alta: — "Eu descobri quem mandou o vídeo. Você conhece a pessoa."
Rebeca se aproximou, curiosa. — Quem foi?
Tyler apertou alguns botões no celular, e o nome da pessoa responsável pelo vídeo apareceu na tela. Os dois ficaram em silêncio, completamente chocados.
— Não pode ser... — Rebeca murmurou, sua mente correndo para tentar entender por que aquela pessoa faria algo assim.
Tyler balançou a cabeça, incrédulo. — Eu nunca imaginei que essa pessoa seria capaz disso.
Os dois se entreolharam, o choque evidente nos rostos, enquanto o nome brilhava na tela, mudando o rumo de seus pensamentos e abrindo um novo capítulo de mistérios e revelações que eles jamais poderiam ter previsto.
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ꜰʀᴀɢᴍᴇɴᴛᴏꜱ ᴅᴇ ᴜᴍᴀ ɴᴏɪᴛᴇ | Rebeca Andrade
FanficTYLER BILES é um homem trans e intersexo que se destaca pela sua reserva e lealdade à sua irmã, Simone Biles, a ginasta de renome mundial. Ele sempre esteve ao lado de Simone, oferecendo suporte em cada passo de sua carreira. Rebeca Andrade é a gina...