Cᴏʀᴀçãᴏ ᴇᴍ ᴊᴏɢᴏ

Capítulo 31: Um novo começo

POV GABI

Olhei para a mesa da cozinha, tentando organizar meus pensamentos, mas a pilha de papéis à minha frente não ajudava. Os projetos da seleção, as entrevistas, tudo parecia se acumular ao meu redor, mas minha mente estava em outro lugar. No meio dessa confusão, uma ideia vinha crescendo há semanas, e agora parecia impossível ignorá-la. Era hora de dar um novo passo na minha vida com Sn.

Ela entrou na minha vida de forma inesperada, quase como um furacão, mudando tudo. E, desde então, nossas vidas foram se entrelaçando cada vez mais. O que antes era um relacionamento cheio de incertezas, agora se tornava algo mais sólido, mais real. Eu me pegava imaginando o futuro, as manhãs acordando ao lado dela, nossas rotinas se misturando, compartilhando não só momentos, mas também um lar.

Respirei fundo, sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar. Pedir a Sn para morar comigo era um grande passo. Sabia que não era algo que se fazia de forma impulsiva, mas a verdade é que eu já havia pensado nisso tantas vezes que se tornou quase inevitável.

A questão agora era: como eu faria o pedido? Queria que fosse especial, algo que mostrasse para ela o quanto isso significava para mim. Não queria que parecesse casual ou apenas uma sugestão jogada no ar. Queria que ela soubesse que esse era o próximo passo lógico para nós.

Olhei pela janela da sala, observando o céu nublado lá fora. "Morar juntas..." murmurei para mim mesma, tentando saborear as palavras. Elas soavam certas, de um jeito que nada mais soou nos últimos tempos.

Eu me levantei e comecei a andar pela sala, passando os dedos pelo sofá, pelas prateleiras, observando os pequenos detalhes da minha casa. Eu a conhecia como a palma da minha mão, mas agora, ao imaginar Sn nesse espaço comigo, tudo parecia diferente. Onde antes era apenas meu, agora imaginava suas coisas ao lado das minhas. Seus livros, suas roupas espalhadas pela cama, o cheiro do perfume dela no ar.

Senti meu coração acelerar. Estávamos prontas para isso? Era cedo demais?

Não, não era. Eu sabia que não. Não depois de tudo o que passamos.

Peguei o celular e abri uma conversa com Carolana, minha confidente de sempre. Ela havia se mudado com Anne há pouco tempo, e eu lembrava como tinha sido complicado para ela tomar essa decisão, mas ao mesmo tempo, o quanto aquilo havia fortalecido o relacionamento delas.

"Você acha loucura pedir para a Sn vir morar comigo?" escrevi, apertando 'enviar' antes que mudasse de ideia.

Ela respondeu quase que instantaneamente. "De jeito nenhum! Vocês estão prontas para isso. Vai ser ótimo para vocês duas."

Sorri ao ler a resposta. Carolana sempre sabia como me tranquilizar. Mas, ao mesmo tempo, ela me conhecia o suficiente para saber quando algo realmente era um risco. Se ela achava que estávamos prontas, talvez eu devesse confiar nisso.

"Só faça com que seja especial", ela continuou. "Algo que mostre o quanto ela significa para você."

Especial. Como eu faria isso? Olhei ao redor da sala novamente, buscando inspiração. Era nossa história, nossos momentos, que eu queria capturar. Eu queria que ela sentisse que esse convite para morar comigo era mais do que um passo lógico; era um convite para compartilhar minha vida, para sermos ainda mais uma só.

Foi então que a ideia me atingiu. Nosso primeiro jantar juntas. Eu poderia recriar o ambiente, o lugar, a comida... tudo. Poderíamos voltar àquele momento onde tudo começou a mudar entre nós.

Comecei a planejar mentalmente o que precisaria. O restaurante onde jantamos da primeira vez tinha uma atmosfera única, meio rústica, com luzes suaves e flores nas mesas. Eu poderia trazer isso para minha casa. Acender velas, encher a mesa de flores, preparar o mesmo prato que pedimos naquela noite. Sabia que Sn adoraria a surpresa.

E, quando a noite estivesse perfeita, eu faria o pedido.

Senti um misto de ansiedade e excitação. Claro, havia o medo da resposta dela. Morar juntas era um passo enorme, e eu sabia que isso significava não apenas dividir um espaço físico, mas também nossas rotinas, nossos defeitos, nossas vidas de maneira mais profunda. Seria um teste real para nós duas, mas, ao mesmo tempo, eu sentia que estávamos prontas.

A campainha tocou, interrompendo meus pensamentos. Era Sn. Quando abri a porta e a vi ali, sorrindo, todo o nervosismo que eu sentia começou a desaparecer. Porque ali, naquele momento, percebi que não importava como eu faria o pedido, ou o que aconteceria depois. O que realmente importava é que nós estávamos juntas.

Ela entrou, me deu um beijo suave e começou a falar sobre o dia dela, como sempre fazia. Mas, enquanto eu a ouvia, meu coração estava acelerado com a antecipação do que estava por vir.

Logo, ela notaria algo diferente no ar. Logo, ela perceberia o quanto aquele jantar era mais do que apenas uma refeição. E, logo, ela teria uma escolha a fazer.

E eu estava pronta para o que viesse.