Capítulo 2: Uma nova rotina

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Os dias seguintes à cirurgia foram uma mistura de dor, incerteza e determinação. Gabi Guimarães, acostumada a desafios físicos extremos, agora enfrentava um adversário diferente: a própria recuperação. O hospital, antes um lugar estranho e temido, tornou-se seu novo campo de batalha, e a fisioterapia, sua arma principal.

Naquela manhã, o quarto de Gabi estava banhado pela luz suave do amanhecer. Ela olhava para o teto, as lembranças do dia do acidente ainda frescas em sua mente. As mensagens de apoio continuavam chegando, mas o medo do desconhecido persistia. Cada pequeno movimento que ela tentava fazer lembrava-a do quanto seu corpo estava fragilizado.

A porta do quarto se abriu suavemente, e a Dra. Sn entrou, trazendo consigo uma energia calma, mas determinada. Ela estava segurando uma prancheta com os planos para a reabilitação de Gabi.

“Bom dia, Gabi,” Sn disse com um sorriso, aproximando-se da cama. “Como está se sentindo hoje?”

Gabi suspirou, tentando afastar a frustração. “Um pouco melhor... Mas ainda parece que tudo isso é um pesadelo. É como se meu corpo não fosse mais meu.”

Sn assentiu, compreendendo a angústia que Gabi estava sentindo. “Eu sei que é difícil, especialmente para alguém acostumada a estar no controle do próprio corpo. Mas quero que você saiba que essas primeiras semanas são as mais desafiadoras. Precisamos ser pacientes e persistentes.”

Sentando-se ao lado da cama, Sn começou a explicar o cronograma de reabilitação. “Hoje começaremos com exercícios leves para manter a mobilidade do joelho. Nada muito intenso, apenas o suficiente para ativar os músculos e evitar que eles atrofiem.”

Gabi olhou para a prancheta e depois para Sn. “Você acha que eu vou conseguir voltar a tempo? Quer dizer, eu sei que você disse que é possível, mas... eu realmente vou conseguir?”

A médica encontrou o olhar de Gabi com uma sinceridade reconfortante. “Gabi, você é uma das atletas mais determinadas que eu já conheci. Se alguém pode superar isso, é você. Mas será uma jornada, e vai exigir tudo de você – não só fisicamente, mas mentalmente também.”

Gabi respirou fundo e assentiu. “Eu estou pronta. Não vou deixar isso me derrubar.”

Sn sorriu, vendo a chama de determinação nos olhos de Gabi. “É exatamente isso que eu queria ouvir. Vamos começar devagar, mas firmes.”

A primeira sessão de fisioterapia começou logo em seguida. Com a ajuda da Dra. Sn, Gabi foi guiada para fora da cama, sentindo uma mistura de dor e fraqueza ao colocar o pé no chão. O simples ato de ficar de pé parecia uma tarefa monumental, algo que ela nunca havia imaginado ser tão difícil.

“Isso... com calma,” Sn dizia suavemente, mas com firmeza. “Sinta o chão sob seus pés. É um passo pequeno, mas é o primeiro de muitos.”

Gabi, com o rosto tenso de concentração, focava-se em cada movimento, lutando contra a dor e o desconforto. “Não sabia que ficar em pé poderia ser tão complicado,” ela disse com um sorriso cansado.

“Fazemos as coisas difíceis parecerem fáceis quando estamos saudáveis,” respondeu Sn, segurando-a firmemente. “Mas agora, precisamos reconstruir tudo, passo a passo.”

À medida que o dia avançava, Gabi e Sn passaram por uma série de exercícios, cada um mais desafiador do que o anterior. A cada pequena vitória – um passo dado, uma flexão do joelho – Gabi sentia um pouco mais de esperança. Mas também havia momentos de frustração, onde o corpo não respondia como ela queria, e a dor parecia insuportável.

Durante uma pausa, enquanto Gabi se recuperava de um exercício particularmente doloroso, Sn ofereceu-lhe uma garrafa de água. “Você está indo muito bem. Sei que é doloroso agora, mas acredite, cada esforço vale a pena.”

Gabi tomou um gole de água, olhando para Sn com gratidão. “Eu não sei o que faria sem você aqui, doutora. Você tem sido incrível.”

Sn sorriu, tocando levemente o ombro de Gabi. “Estamos nisso juntas, Gabi. Vou te apoiar até o fim, e vamos conseguir.”

Enquanto as sessões diárias de fisioterapia continuavam, Gabi começou a perceber algo diferente. Não era apenas gratidão que ela sentia por Sn, mas algo mais profundo, algo que ela não sabia exatamente como nomear. As conversas entre elas se tornavam mais frequentes e pessoais, e Gabi se pegava pensando na médica com mais frequência do que o normal.

À noite, quando Gabi estava sozinha em seu quarto, ela refletia sobre o que estava sentindo. “Será que estou apenas projetando meus sentimentos por causa da situação? Ou é algo mais?” Ela não tinha respostas, mas sabia que a presença de Sn estava se tornando cada vez mais importante para ela.

O tempo passava, e a recuperação de Gabi avançava, lenta, mas constante. A cada novo dia, uma nova batalha era travada, mas a conexão entre ela e Sn também se fortalecia. Havia algo nas palavras encorajadoras, nos sorrisos trocados, que fazia Gabi se sentir mais segura, mais confiante de que tudo ficaria bem.

E, sem que percebessem, a linha entre a relação médico-paciente e algo mais começou a se desfocar, enquanto Gabi e Sn caminhavam juntas nessa longa jornada de recuperação.
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Se quiserem mais personagens podem comentar! Estou com poucas ideias então qualquer ajuda é bem vinda

Cᴏʀᴀçãᴏ ᴇᴍ ᴊᴏɢᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora