Capítulo 7: Sentimentos à flor da pele

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*POV GABI*

As semanas na clínica estavam começando a se misturar. Um dia se fundia no outro, e eu mal conseguia distinguir quando estava realmente progredindo ou apenas sobrevivendo. Mas, ultimamente, algo estava diferente. Não era só o fato de que minha mobilidade estava voltando, ou de que as dores estavam diminuindo. Era algo mais profundo, algo que acontecia toda vez que eu encontrava os olhos da Dra. [SN].

Hoje, no entanto, essa sensação era mais intensa. Não era apenas a proximidade física durante os exercícios, ou o fato de que ela sempre estava lá nos momentos mais difíceis. Era a maneira como ela me olhava, como se enxergasse algo em mim que eu mesma não conseguia ver.

Cheguei para a sessão de hoje com o coração acelerado, e não por causa do esforço físico. Era a expectativa de vê-la novamente, de estar ao lado dela, mesmo que fosse apenas por algumas horas.

“Pronta para continuar de onde paramos ontem?” ela perguntou, com aquele sorriso suave que sempre me fazia esquecer a dor, mesmo que só por um instante.

“Sim, pronta,” eu disse, tentando manter a compostura, mas sentindo a tensão no ar.

Começamos os exercícios, como sempre. Primeiro, alongamentos, depois os movimentos controlados. Cada toque dela nas minhas costas ou nos meus ombros enviava um choque pelo meu corpo. Eu tentava me concentrar, mas tudo o que conseguia pensar era em como me sentia quando ela estava tão perto.

“Você está mais forte, Gabi. Eu posso ver isso,” ela comentou, me olhando diretamente nos olhos enquanto me ajudava com um dos exercícios.

Eu sorri, mas por dentro sentia uma mistura de emoções. “Obrigada... você tem sido uma parte importante disso,” murmurei, mais baixo do que pretendia.

Houve um pequeno silêncio após minhas palavras, e eu podia sentir que ela também percebia essa mudança entre nós. O jeito que ela segurou meu braço, levemente, mas firme o suficiente para me manter equilibrada, me fez pensar que ela também sentia o que eu estava sentindo.

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*POV SN*

Trabalhar com Gabi sempre exigia meu foco total. Como médica, eu sabia que minha prioridade era sua recuperação, seu retorno às quadras. Mas, com o passar do tempo, algo mudou. Não era mais só o esforço físico dela que me impressionava, mas a forma como ela lidava com seus próprios medos e inseguranças, e como, aos poucos, eu começava a me ver mais envolvida do que deveria.

Hoje, enquanto a ajudava nos exercícios, algo dentro de mim estava diferente. Havia uma tensão no ar, e não era só pela sessão intensa de fisioterapia. Era algo mais, algo que vinha se construindo há algum tempo. Cada toque, cada troca de olhares, tudo parecia carregado de significados que iam além do simples profissionalismo.

Quando ela disse: “Obrigada... você tem sido uma parte importante disso,” meu coração acelerou um pouco. Eu sabia que ela estava falando da recuperação, mas havia algo no tom da voz dela que me fez questionar se era apenas isso.

Me aproximei mais, segurando seu braço enquanto ela completava o movimento. A conexão entre nós era palpável, e por um momento, esqueci completamente meu papel ali. Eu só via Gabi, sua força, sua determinação... e algo mais, algo que eu ainda estava tentando entender.

“Você está se saindo muito bem, Gabi,” respondi, tentando manter o tom profissional, mas sentindo minha própria voz fraquejar um pouco.

Ela me olhou, e naquele instante, parecia que o mundo ao nosso redor tinha parado. Havia uma intensidade no olhar dela que me desarmava, como se ela estivesse enxergando algo em mim que eu estava tentando esconder. Era como se ela também estivesse sentindo essa mesma conexão, essa mesma atração que eu não conseguia mais ignorar.

Eu precisei desviar o olhar por um segundo, tentando reorganizar meus pensamentos. Isso não pode acontecer, me lembrei. Ela é minha paciente.

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*POV GABI*

Quando nossos olhares se encontraram, eu soube. Algo estava mudando entre nós, e por mais que tentássemos ignorar, era impossível. Não era só uma relação médica, e eu sabia que ela também estava ciente disso.

No momento em que ela desviou o olhar, senti uma pontada de frustração misturada com medo. Eu estava cruzando uma linha? Ou ela estava apenas tentando manter as coisas profissionais?

“Doutora,” eu chamei, suavemente, tentando entender o que estava acontecendo entre nós.

Ela olhou de volta, mas dessa vez com uma expressão mais fechada, como se estivesse tentando colocar uma barreira entre nós.

“Vamos continuar, Gabi. Precisamos focar no seu progresso,” disse ela, a voz firme, mas eu podia sentir a hesitação por trás de suas palavras.

Concordei, sem insistir. Mas, naquele momento, algo entre nós havia mudado de vez. Eu sabia que, daqui para frente, não seria mais o mesmo. E, de algum modo, isso me assustava e me atraía ao mesmo tempo.

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*POV SN*

Enquanto terminávamos a sessão, meu coração ainda estava acelerado. Eu sabia que tinha que manter a distância, que não podia deixar que essas emoções interferissem no meu trabalho, mas estava ficando cada vez mais difícil. Cada vez que Gabi olhava para mim, eu sentia essa conexão crescendo.

Mas por mais que eu quisesse, eu sabia que não podia cruzar essa linha. Mesmo assim, parte de mim já tinha cruzado. E a outra parte... bem, essa estava tentando desesperadamente não se perder.

Cᴏʀᴀçãᴏ ᴇᴍ ᴊᴏɢᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora