POV GABIA música ainda vibrava em meus ouvidos enquanto a festa continuava a todo vapor. A energia no ar era contagiante, e era impossível não se deixar levar pelo ritmo e pelas risadas ao redor. Desde que chegamos, eu tinha passado boa parte do tempo conversando com Thaisa e Carolana, que, como sempre, estavam no centro de toda a diversão. Mas, de vez em quando, meu olhar encontrava Sn no meio da multidão.
Ela estava sentada com Roberta e Júlia, e eu podia ver que as três estavam profundamente envolvidas em uma conversa. Aquilo me deu uma sensação de alívio. Sabia que Sn às vezes se sentia deslocada em eventos como esse, mas vê-la se enturmando com as minhas amigas me fez perceber o quanto ela estava se esforçando para fazer parte da minha vida de maneira mais profunda.
"Você está com a cabeça em outro lugar," Thaisa comentou, me puxando de volta para a realidade.
Eu ri, olhando para ela. "Estou aqui, prometo."
"Claro que está," Carolana interveio com um sorriso malicioso. "Mas seus olhos estão lá." Ela apontou discretamente para Sn.
Balancei a cabeça, tentando disfarçar o sorriso que ameaçava surgir. "Vocês duas não perdem uma, né?"
Thaisa e Carolana riram, claramente se divertindo com a minha reação. "É bom ver você feliz, Gabi," Thaisa disse, sua voz ficando um pouco mais séria. "De verdade. Todo mundo no time percebe o quanto você mudou desde que as coisas entre vocês começaram a ficar mais sérias."
Eu sabia que ela tinha razão. Mesmo com os altos e baixos, o medo inicial e as dúvidas, estar com Sn tinha trazido uma nova paz para a minha vida. Mas, ao mesmo tempo, ainda havia aquela sensação de vulnerabilidade. Amar alguém tão intensamente assim era assustador, porque significava que eu poderia perder tudo num piscar de olhos.
"Ela me faz bem," confessei, meus olhos voltando a procurar Sn no meio da festa. "Mas não vou mentir, às vezes ainda me sinto um pouco perdida. Como se estivesse esperando o próximo obstáculo."
Carolana colocou uma mão no meu ombro. "Isso é normal, Gabi. Relacionamentos exigem trabalho, e o medo faz parte do processo. Mas pelo que vejo, vocês duas estão dispostas a enfrentar isso juntas, e isso é o que importa."
Assenti, apreciando a sabedoria delas. Thaisa e Carolana sempre foram um grande apoio para mim, e suas palavras faziam sentido. Eu precisava confiar no que estava construindo com Sn, acreditar que estávamos no caminho certo, mesmo que às vezes parecesse incerto.
"Acho que vou até lá," disse, decidindo que era hora de me juntar à conversa. "Ver o que estão falando de tão interessante."
"Vai lá," Thaisa incentivou, com um sorriso cúmplice. "Mas não esquece de voltar. A gente ainda tem muita festa pela frente."
Caminhei em direção a Sn, Roberta e Júlia, tentando parecer casual, mas sentindo meu coração acelerar um pouco. A cada dia, ficava mais claro o quanto eu queria que ela estivesse em cada aspecto da minha vida, e ver o jeito como ela se conectava com minhas amigas apenas reforçava isso.
"Estão falando de mim?" brinquei, me aproximando e puxando uma cadeira.
"Falando bem," Sn respondeu com um sorriso, olhando para mim com aquele brilho nos olhos que sempre me desarmava.
Júlia riu. "Gabi, você é o assunto favorito do time. Mas, sim, só coisas boas."
Roberta, que parecia um pouco mais tranquila do que o normal, sorriu suavemente. "A Sn estava me dando uns conselhos bons. Acho que vou começar a colocar em prática."
Fiquei curiosa e olhei para Sn. "Conselhos sobre o quê?"
Ela deu de ombros, modesta. "Sobre se abrir mais, pedir ajuda quando precisar. Acho que às vezes esquecemos que não precisamos enfrentar tudo sozinhas."
Aquelas palavras bateram fundo. Eu sabia que, durante muito tempo, carreguei o peso de muitos sentimentos sozinha, sem querer admitir o quanto estava sofrendo. Talvez fosse um dos motivos pelos quais eu me identificava tanto com Roberta, que também tinha essa tendência de guardar tudo para si.
"É verdade," concordei, olhando para Roberta. "A gente sempre acha que tem que ser forte o tempo todo. Mas, na real, ninguém consegue fazer isso sozinha."
Ela assentiu, e Júlia, sempre a mais extrovertida das três, fez um gesto grandioso com as mãos. "É isso que eu tô dizendo! Nós somos um time, dentro e fora de quadra. Se alguém precisar de ajuda, tem que falar."
Conversamos mais um pouco, o clima leve e descontraído. Era engraçado ver como, aos poucos, as barreiras entre todas nós iam caindo, dando espaço para algo mais real, mais genuíno. Quando Sn começou a se entrosar com as meninas, eu soube que tudo ia ficar bem. Ela era o tipo de pessoa que trazia calma onde havia caos, e isso era exatamente o que eu precisava.
Algum tempo depois, quando a festa já estava em seu auge e as pessoas estavam espalhadas entre a pista de dança e as mesas, percebi que precisava de um momento de pausa. A noite tinha sido intensa, e eu sentia uma mistura de cansaço e euforia.
"Vou pegar um pouco de ar," sussurrei para Sn, que imediatamente se ofereceu para ir comigo.
Fomos para o jardim, onde o som da festa era abafado pelas paredes da casa. A brisa fresca da noite acariciava meu rosto, e me senti revigorada quase instantaneamente. Sn estava ao meu lado, em silêncio, mas presente. Era uma das coisas que eu mais amava nela – a capacidade de estar comigo, sem precisar encher o silêncio com palavras desnecessárias.
"Você está bem?" ela perguntou depois de alguns minutos, a voz baixa e suave.
Assenti, respirando fundo. "Estou. Só precisava de um momento de paz."
Ela sorriu, seu olhar cheio de compreensão. "Eu também."
Ficamos ali, lado a lado, observando as luzes da cidade ao longe. A festa ainda estava a todo vapor lá dentro, mas ali fora, era como se o mundo estivesse mais devagar, mais tranquilo. Segurei a mão de Sn, entrelaçando nossos dedos. Era nesses momentos que eu sentia que tudo fazia sentido. Que, mesmo com os desafios, as incertezas e os medos, o que tínhamos era real e valia a pena.
"Eu te amo," disse, minha voz saindo mais suave do que eu esperava.
Ela virou-se para mim, seus olhos brilhando à luz fraca do jardim. "Eu também te amo, Gabi. E vou estar aqui, sempre."
E naquele momento, sob o céu noturno e com o som distante da festa, senti que estávamos no lugar certo.
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Cᴏʀᴀçãᴏ ᴇᴍ ᴊᴏɢᴏ
RomansaGabi Guimarães, uma das maiores promessas do vôlei brasileiro, enfrenta o maior desafio de sua carreira ao sofrer uma lesão que ameaça sua participação nas Olimpíadas. Determinada a voltar às quadras, ela busca a ajuda de Sn, uma renomada médica esp...