Capítulo 25: Conversa entre amigas

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POV GABI

Depois da festa, as coisas começaram a se acalmar, mas dentro de mim, uma confusão de sentimentos ainda me acompanhava. Eu observava Sn cada vez mais próxima de Roberta e Júlia, o que deveria ser algo bom, mas algo dentro de mim não parava de incomodar. Era como se uma pequena sombra de insegurança estivesse sempre presente, questionando onde eu me encaixava.

Por isso, naquela manhã, decidi procurar Carolana e Anne. As duas sempre foram um casal equilibrado, e Carolana, com sua energia vibrante e cheia de vida, sempre sabia o que dizer para me acalmar. Anne, por outro lado, com seu jeito mais centrado, trazia a perspectiva racional que eu muitas vezes precisava. Era o equilíbrio perfeito.

Cheguei à casa delas sentindo o estômago embrulhado, e assim que Carolana abriu a porta com seu sorriso de sempre, senti um alívio imediato. Ela me envolveu em um abraço caloroso e me guiou para dentro. O aroma de café fresco preenchia o ambiente, e Anne estava na cozinha, já nos esperando.

"Oi, Gabi," Anne me cumprimentou, entregando uma xícara de café. "Tudo bem?"

Suspirei, sentando-me no sofá enquanto elas se acomodavam ao meu redor. "Acho que sim. Ou... talvez não. Eu não sei."

Carolana olhou para mim com uma expressão de preocupação, mas sem julgar. "O que está pegando? Sn?"

Assenti, sentindo o peso de tudo finalmente saindo de meus ombros. "Ela e a Roberta... e a Júlia. Elas estão se aproximando muito, e eu... eu não sei, Carol. Isso me faz sentir... desconfortável."

Carolana franziu as sobrancelhas, claramente tentando entender meu ponto. "Você está com ciúmes delas?"

Anne, sempre prática, entrou na conversa com sua calma habitual. "Ciúmes não é algo incomum, Gabi. Mas o que exatamente está te incomodando? Você tem medo que a Sn se aproxime tanto delas que... te deixe de lado?"

A pergunta bateu em cheio. Era isso? Eu estava com medo de ser deixada de lado? Não era como se eu não confiasse na Sn, mas a ideia dela construir novas amizades, especialmente com Roberta e Júlia, me deixava... vulnerável.

"Eu confio nela," comecei, e isso era verdade. "Mas às vezes me pego pensando... e se essa aproximação mudar algo entre a gente? E se elas se tornarem mais importantes para ela?"

Carolana sorriu, balançando a cabeça. "Ah, Gabi, você está preocupada à toa. Eu conheço a Sn o suficiente para saber que, se ela está se aproximando de suas amigas, é porque ela quer fazer parte da sua vida. Isso não significa que ela vai te deixar de lado."

Anne assentiu, cruzando as pernas e me olhando com seus olhos penetrantes. "Parece que o que você está sentindo é medo de perder espaço na vida dela. Mas pense bem: isso não é uma ameaça, é uma expansão. Você tem que permitir que Sn tenha suas próprias amizades dentro do seu círculo. Isso não diminui o espaço que você ocupa."

As palavras de Anne faziam sentido, mas a insegurança que me consumia ainda estava lá. "Eu sei que ela está se conectando com minhas amigas, e isso deveria ser uma coisa boa. Só que... eu não consigo parar de me sentir estranha com isso."

Carolana, sempre a mais direta, deu um tapinha no meu joelho. "Amiga, você está complicando algo que é simples. Às vezes, quando alguém se aproxima de quem a gente ama, a gente se sente vulnerável. Mas você já conversou com a Sn sobre isso?"

Neguei com a cabeça. "Ainda não... acho que tenho medo de soar insegura."

Anne inclinou-se para frente, com seu típico jeito sábio. "A insegurança não é o problema aqui. O que importa é como você lida com isso. Se você conversar com ela, deixar claro como se sente, vocês podem resolver isso juntas. Não deixe esse medo crescer a ponto de te consumir."

Carolana riu suavemente. "E, olha, se Roberta e Júlia estão se aproximando da Sn, isso só mostra que elas gostam dela. E eu tenho certeza que elas nunca fariam algo para te machucar."

Eu sabia que elas estavam certas. No fundo, toda essa situação não tinha a ver com a Sn ou com minhas amigas. Tinha a ver comigo, com meus próprios medos e inseguranças. Eu precisava parar de projetar isso nas minhas relações e começar a confiar mais no que construímos juntas.

"Vocês têm razão," admiti, finalmente me sentindo mais leve. "Acho que estava criando problemas onde não existem."

Carolana levantou sua xícara de café em um brinde simbólico. "Isso aí, amiga. Confia em você e na Sn. E, se precisar, a gente tá aqui pra te lembrar disso sempre."

Anne sorriu de lado, sempre mais discreta, mas igualmente acolhedora. "Conversar é sempre a melhor solução. Não deixe suas preocupações virarem muros entre você e a Sn."

Senti um alívio tomar conta de mim. Ter conversado com elas foi exatamente o que eu precisava. Ao me despedir de Carolana e Anne naquela tarde, saí de lá com uma nova clareza e determinação: eu precisava falar com Sn, abrir meu coração e confiar mais no que estávamos construindo.

E, acima de tudo, aprender a lidar com minhas próprias inseguranças, sem deixar que elas contaminassem o que eu tinha de mais precioso: meu relacionamento com ela.

Cᴏʀᴀçãᴏ ᴇᴍ ᴊᴏɢᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora