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Depois de resolver todas as encomendas e garantir que Pedro ia cuidar da Bella enquanto eu estivesse fora, finalmente chegou a hora de lidar com o Ashtray. Claro que ele ia enrolar pra arrumar uma mala. Estacionei na frente da casa dele e bati na porta, esperando a clássica cara de mau humor dele.

Ele abriu, mãos nos bolsos, e me deu aquele olhar de "por que você me arrastou pra essa merda?". Sem nem esperar ele dizer qualquer coisa, fui entrando.

— Tô falando sério, Ashtray. Se eu não viesse aqui, você ia aparecer com duas cuecas e uma camiseta furada — provoquei, subindo as escadas.

— E o que tem de errado com isso? — ele retrucou, me seguindo.

Cheguei no quarto dele, já esperando encontrar uma bagunça. E claro, não fiquei surpresa. Roupas jogadas por todo lado, coisas espalhadas, e, como eu imaginava, nenhuma mala à vista.

— Cadê a bendita mala? — perguntei, revirando os olhos.

— Não tenho mala — ele disse, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Suspirei fundo, me controlando pra não rir. Claro que ele não tinha.

— Beleza, o que você tem, então? — perguntei, colocando as mãos na cintura.

Ashtray se abaixou e puxou debaixo da cama uma bolsa de ginástica velha. Ele abriu o zíper e jogou umas roupas de lado. Lá dentro, tinha de tudo, menos espaço pra roupas.

— Isso aqui serve? — ele perguntou, levantando um saco suspeito e jogando na cama.

— Isso é sério? — perguntei, olhando a bagunça. — Você não pode levar droga como se fosse levar um par de meias, Ashtray.

Ele deu de ombros, abrindo a bolsa e jogando as coisas de dentro em cima da cama.

— Tá, arruma aí. Você que é a especialista — ele disse, me olhando com aquele olhar de "não tô nem aí".

Peguei umas roupas jogadas por ali e comecei a arrumar.

— Vai levar essa camiseta aqui, e essa calça. Ah, e essa jaqueta também. — Fui jogando as peças em cima dele.

Ashtray, impaciente, se levantou da cama.

— Dá pra parar de jogar coisa em mim? Parece que tô numa liquidação — ele resmungou, tirando uma camiseta da cabeça.

— Relaxa, vai precisar disso tudo. Você nunca viajou, né? — perguntei, provocando enquanto pegava mais coisas.

— Nunca viajei na vida. Acha que eu sou o quê?turista? — ele respondeu, cruzando os braços, irritado.

— Claramente não, porque nem mala você tem. — Ri enquanto pegava uma mochila minha que eu tinha trazido de reserva. — Toma, usa isso. Se levar essa bolsa aí, a gente vai direto pra cadeia.

Ele pegou a mochila com um olhar desconfiado e jogou as roupas dentro.

— Só pra constar, se a polícia parar a gente, vou dizer que a mala é sua — ele disse, me encarando com um sorriso de lado.

Revirei os olhos.

— Faz isso que eu te mato antes de chegar na delegacia — retruquei, cruzando os braços.

Assim que ele terminou de arrumar as coisas, fui até ele e dei um selinho rápido, do nada. Ele me olhou, surpreso, mas não reclamou. Só ergueu uma sobrancelha.

— Isso foi pra selar o acordo de viagem, tá? — disse, rindo.

Ele revirou os olhos e deu uma risada seca.

— É isso, então? Agora vai ser assim, me beijando sem aviso e jogando roupa? — ele provocou.

— Exatamente. Agora vamos logo. — Dei uma última olhada na mala improvisada. — Tá pronto pra se ferrar comigo nessa viagem ou não?

Ele deu de ombros, pegou a mochila e seguiu em direção à porta.

— Se eu não tivesse ferrado já, não teria topado essa loucura. Vamos logo.

Eu ri, satisfeita, enquanto o seguia escada abaixo. Sabia que ele tava entrando nessa só porque era eu quem tava puxando, mas, no fundo, ele não ia querer estar em outro lugar.

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Daqui a pouco tem mais cap.

Beijão 💋

Meu refúgio improvável- AshtrayOnde histórias criam vida. Descubra agora