Meu refúgio improvável- Ashtray

20.

Lindsay Barret

Eu estava jogada no sofá da sala, rolando o feed do celular, quando me veio a ideia de chamar o Ashtray pra festa. Nem era o tipo de rolê que ele gostava, mas... sei lá, algo me dizia que seria divertido. E, pra ser sincera, eu não tava com muita paciência pra ir sozinha. Sabia que ele ia resmungar, como sempre, mas eu tinha um certo poder de convencimento quando queria.

— Ash? — chamei, sabendo que ele tava por perto. Ele sempre tava. — Tô pensando em ir numa festa hoje. Vai comigo?

Ouvi um grunhido vindo do outro lado da sala.

— Festa? — Ele apareceu na porta, com aquela cara de "sério?". — Cê tá de sacanagem, né?

Revirei os olhos, mas sorri. Ele podia ser difícil, mas nunca dizia "não" diretamente. Era só questão de insistir.

— Vai ser divertido! Não precisa ficar lá o tempo todo, só dá um rolê comigo, depois a gente vaza. Prometo que se for chato a gente vai embora cedo. — Lancei um sorriso convincente, aquele que geralmente fazia ele ceder.

Ele ficou me olhando por uns segundos, sem falar nada. Eu conhecia esse olhar — ele tava considerando, mesmo que não quisesse admitir.

— Tá, mas se for uma merda, a culpa é sua — ele disse, soltando um suspiro, como se estivesse fazendo o maior sacrifício do mundo.

— Ah, para! Você vai se divertir. Eu garanto.

Ashtray

Eu não entendi por que raios tinha aceitado ir pra essa festa. Não era o meu tipo de lugar. Gente falando alto, bebendo, tudo isso me dava nos nervos. Mas ela... ela tinha esse jeito de me convencer a fazer coisas que normalmente eu mandaria qualquer um se foder por sugerir. E aqui estava eu, num canto da festa, observando ela se misturar com todo mundo, enquanto eu só queria que essa noite acabasse logo.

Ela tava bonita, claro. Lindsay sempre chamava atenção, com aquele jeito descolado e um sorriso que fazia qualquer um olhar duas vezes. Mas o problema era justamente esse. Os caras olhavam demais. E agora, vendo ela conversando com um idiota qualquer, o sangue começou a subir. O cara tava perto demais, falando alguma coisa que a fazia rir, e ela nem se tocava do quão perto ele tava. Parecia que eu tava invisível.

Mordi o lábio, tentando me acalmar. "Ela não percebeu," eu dizia pra mim mesmo, mas não adiantava muito. Cada risada dela parecia me irritar mais.

Lindsay sempre foi assim, sociável, mas tinha dias que isso me afetava mais. E hoje era um desses dias. Ela tava ali, rindo, enquanto eu só conseguia pensar no quão idiota aquele cara era por achar que tinha alguma chance.

Ela se virou pra mim, ainda sorrindo.

— Tá tudo bem? — ela perguntou, com aquele tom de voz que me irritava e me acalmava ao mesmo tempo.

Não tava tudo bem. Mas eu não ia falar nada. Pra quê? Ela ia entender errado, ia achar que eu tava exagerando.

— Uhum — murmurei, seco, tragando o cigarro com força. Não olhei pra ela. Nem queria.

Lindsay Barret

Que que tava pegando com ele? Desde que chegamos aqui, ele tava estranho. Agora parecia ainda pior. Eu sabia que ele odiava festas, mas ele não tava sendo o mesmo Ashtray que eu conhecia. Ele sempre reclamava, mas nunca ficava tão... distante. E seco.

Fiquei olhando pra ele por alguns segundos, esperando que dissesse mais alguma coisa. Mas ele só ficou lá, tragando o cigarro e olhando pro nada, como se eu nem estivesse do lado dele. Aquilo me deu uma sensação estranha no peito. Ele tava claramente chateado com alguma coisa, mas eu não tinha ideia do que era.

— Você tá estranho — eu disse, tentando entender o que estava acontecendo. Ele me irritava às vezes com esse jeito de fechar a cara e não falar nada.

— Nada — ele respondeu rápido, sem nem me olhar.

"Ah, claro, nada", pensei. Revirei os olhos, frustrada. Era sempre assim. Ele nunca falava o que realmente tava passando pela cabeça dele. Eu odiava quando ele entrava nesse modo silencioso, como se eu tivesse que adivinhar o que ele tava sentindo. Eu não tinha paciência pra isso.

Peguei meu copo e virei um gole grande, tentando ignorar a sensação crescente de irritação. Mas a verdade era que aquilo tava me incomodando. Muito.

Ashtray

Eu sabia que tava sendo um babaca. Mas não conseguia evitar. Toda vez que eu pensava no jeito que aquele cara tava olhando pra ela, e ela nem cortou, a raiva só crescia. Mas, claro, eu não ia falar nada. Não sou do tipo que fica de drama por causa de uma merda de conversa.

Mesmo assim, o silêncio entre a gente começou a ficar pesado. Ela fazia umas perguntas, tentava puxar assunto, mas eu só respondia com "aham" ou "sei lá". Não conseguia olhar direto pra ela. Não quando eu ainda tava com aquela imagem na cabeça.

— Cê vai ficar quieto a noite inteira? — ela perguntou, agora mais irritada, o que me fez sentir ainda mais culpado.

Queria falar, queria explicar o que tava me incomodando. Mas eu simplesmente não sabia como. Por isso continuei em silêncio, tragando o cigarro até o filtro, sentindo a tensão no ar aumentar a cada segundo.

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Amo ciúmes e muito drama gente!

Estão gostando?

Eu tenho pavor de conflito com traição real e outros piores, acho que essa discussões são melhores. Me julguem.

Beijão💋