Meu refúgio improvável- Ashtray

43.

Eu dei aquele sorrisinho que só ela sabia arrancar de mim e olhei de volta pros otários na nossa frente. Todos eles tentavam disfarçar o medo, mas dava pra ver. Um deles, o líder, eu acho, não tirava os olhos da Lindsay.

Esse aí já tinha cometido o primeiro erro: Olhou esquisito pra minha mulher.

— E aí? — Dei um passo à frente, sentindo a mão da Lindsay roçar na minha cintura por reflexo. Eu sabia o que ela tava pensando, e era exatamente o que eu faria. — Quem vai ser o primeiro a puxar essa merda?

Os caras começaram a se mexer, tensos. O líder levantou a arma devagar, como se quisesse bancar o durão.

— Vocês acham que podem chegar assim? Na nossa área?

Eu ri, balançando a cabeça.

— Nossa área? Vocês já esqueceram que essa merda aqui nunca foi de vocês?

Lindsay deu uma risada do lado, e eu percebi o líder ficar mais nervoso. Ele sabia que a gente tava certo. Eu senti ela se mexer do meu lado, relaxando um pouco, o que significava que ela já tava pronta pra o que viesse a seguir.

— Ó, vamos resolver isso de uma vez, porque já cansei desse joguinho — falei, cruzando os braços. — Ou vocês largam essas armas agora e saem vivos... ou a gente faz isso do jeito que eu gosto.

O cara hesitou, a arma na mão tremendo levemente. Ele olhou pros outros, mas ninguém parecia ter coragem de ser o primeiro a agir. Eram covardes, todos eles. Só tavam ali por dinheiro e poder, mas sem as tripas pra segurar quando o clima esquentava.

Lindsay Barret

Eu observava o cara vacilar. Era só questão de tempo até ele fazer a escolha errada. Sempre é. Ash tava controlando a situação, mas eu sabia que qualquer movimento errado e a coisa ia desandar rápido. O clima já tava fervendo, e eu sentia o suor na minha nuca, mas não de medo. Era a adrenalina correndo solta.

— E aí, mano? — falei, olhando direto pro líder. — Vai continuar nesse teatrinho? Porque, na moral, tô começando a ficar entediada.

O cara olhou pra mim, os olhos cheios de incerteza, e eu só consegui sorrir.
Gosto de ver quando eles percebem que não têm saída. Tão tentando se agarrar a qualquer esperança de sair vivos dessa, mas no fundo sabem que não vai acontecer.

— Não quer tomar uma decisão, não? Tá esperando alguém vir te salvar? - provoquei de novo, cruzando os braços e inclinando a cabeça, só esperando ele fazer uma besteira.

Ashtray me olhou de canto, e eu vi aquele brilho no olho dele. Ele tava curtindo tanto quanto eu essa tensão.

O líder deu mais um passo pra trás, e o movimento foi tudo o que precisava pra desestabilizar os outros. A arma dele baixou levemente, e eu soube que era a nossa deixa.

- Vai, faz o teu movimento - sussurrei, dando permissão à Ashtray.

Ashtray

Assim que a Lindsay falou, foi como se tudo acontecesse em câmera lenta. O líder tentou levantar a arma de novo, mas eu já tava dois passos à frente.

Abaixei a mão dele com um golpe rápido no pulso e tirei a arma dele com facilidade, apontando diretamente pra sua cabeça.

— Tu teve tua chance. Agora a gente faz do meu jeito. — O tom da minha voz era baixo, frio.

Os outros caras começaram a puxar as armas, mas já era tarde. Fezco, que tava quieto esse tempo todo, deu a deixa pros nossos caras que estavam de tocaia. De repente, o galpão tava
cercado. Era game over pra esses otários.

— Baixa essas merdas, agora! — gritei, e um a um, os caras começaram a soltar as armas no chão, percebendo que não tinham como sair dessa.

Lindsay deu uns passos à frente, pegando a arma que o líder tinha soltado no chão, enquanto eu mantinha o cano da minha apontado pra cabeça dele.

— Não falei que ia acabar assim? — ela disse, jogando a arma pra longe e encarando o cara com aquele olhar que só a Lindsay sabe dar. De pura superioridade.

Lindsay Barret

Eu sabia que a gente tinha vencido. Os caras estavam com medo, as armas no chão, e a única coisa que restava agora era o que a gente ia fazer com eles.

Não gosto de matar por matar, mas quando é necessário... bem, a gente faz o que tem que fazer.

— Agora, qual vai ser? — Olhei diretamente pro líder, que tava suando, completamente derrotado. — Vai querer continuar ou vai aceitar que a gente manda nessa porra?

Ele não falou nada. Só abaixou a cabeça, derrotado, e eu soltei um suspiro. Um daqueles bem entediados.

— Tá vendo? Não precisava nem ter chegado nesse ponto. — Voltei a me virar pro Ash, que ainda segurava a arma apontada pro cara. — O que você acha, amor? Acho que já deu pra eles.

Ashtray deu um sorriso de canto, abaixando a arma devagar, sem tirar os olhos do cara.

— Deu sim. Mas não esquece, se vocês tentarem de novo... — Ele olhou pra eles, um por um. — Vocês não vão ter uma segunda chance. Eu nem sou de dar segunda chance sabe? Mas cês tão com sorte hoje.

Os caras sabiam. Sabiam que a próxima vez ia ser a última. A gente já tinha mostrado quem tava no controle.

—Agora vaza. — Ash completou, sem perder a calma.

Os caras não pensaram duas vezes.
Pegaram o que tinham e saíram do galpão correndo, como ratos abandonando o navio.
Fezco, finalmente, deu um passo à frente, colocando a mão no meu ombro

— Cês resolveram bem. — Ele deu um sorriso, apagando o cigarro no chão. — Agora bora sair daqui antes que alguém mais apareça.

Eu e Ash só trocamos olhares.

— Sou apaixonado por você.— Ash sussurrou pra mim e deu um sorrisinho.

— Sério? Nem percebi.— sorri de volta.