25.

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Lindsay Barret

Eu ainda não conseguia acreditar que ele me chamou pra sair. Ashtray nunca fazia esse tipo de coisa. Ele sempre parecia tão fechado, tão seguro, que eu nunca imaginei que ele fosse dar esse passo. Mas aqui estava eu, sentada no banco do carona, olhando pela janela enquanto ele dirigia em silêncio. A noite estava fria, mas o ar entre a gente estava ainda mais gelado. Ele não me dizia nada, e eu tentava não questionar, mas minha curiosidade estava me matando.

Depois de um tempo, não aguentei.

— Você tá estranho hoje.

Ele olhou rapidamente pra mim, mas logo voltou a focar na estrada.

— Só tô dirigindo.

— Não, não tá só dirigindo. Tem alguma coisa — insisti.

Ele deu um suspiro, como se estivesse cansado antes mesmo de começar a falar.

— Você vai ver.

Eu franzi a testa, ainda mais desconfiada. O caminho que ele estava seguindo não era familiar. Nada de lanchonete, nada de ponto comum onde a gente costumava ir. Comecei a me mexer no banco, ansiosa.

— Ash, sério, pra onde a gente tá indo?

Ele permaneceu em silêncio, ignorando a minha pergunta, e estacionou o carro num mirante que dava pra ver a cidade inteira. Era um daqueles lugares que as pessoas iam pra ter um momento mais íntimo ou só pra pensar na vida. Eu sabia que ele não era de vir pra cá, então isso me deixou ainda mais confusa.

Ele saiu do carro e deu a volta, abrindo a porta pra mim. Ele nunca fazia esse tipo de coisa. Nem parecia ele. Saí relutante, olhando ao redor, sentindo o vento bater no rosto e bagunçar meu cabelo.

— O que você tá aprontando?

Ele me ignorou de novo e foi até a beirada do mirante, me chamando com um gesto de cabeça. Eu segui, curiosa, sem saber o que esperar. Quando cheguei ao lado dele, a vista da cidade inteira se abriu diante de nós, as luzes brilhando lá embaixo, e por um momento, o silêncio foi confortável.

Mas aí ele se virou pra mim.

— Eu sou uma merda pra essas coisas, Lindsay — ele começou, sua voz mais baixa do que o normal. — Eu nunca fui bom em falar o que eu sinto. Sempre foi mais fácil brincar, provocar, mas... hoje eu preciso falar sério.

Eu não conseguia desviar o olhar. Ele estava nervoso. Ashtray nervoso? Isso era raro. Muito raro.

— Eu sei que a gente sempre brincou de flertar, de fingir que nada era de verdade. Mas pra mim... nunca foi só brincadeira. Eu gosto de você, mais do que deveria. E isso me assusta, porque eu nunca soube como lidar com essas coisas.

Ele respirou fundo, enfiando as mãos nos bolsos, como se estivesse tentando achar as palavras certas.

— Desde que te conheci, você meio que bagunçou tudo na minha cabeça. Eu não sou o cara romântico, você sabe disso. Não sou o cara que manda flores, faz jantares ou diz as coisas certas na hora certa. Mas... o que eu tô tentando dizer é que eu não quero perder você.

Meu coração disparou. Ele continuou.

— Eu tentei fingir que isso era só diversão, que você não significava tanto. Mas a verdade é que... você significa. Muito. E eu sei que nunca fui bom em te mostrar isso, mas tô aqui, agora, tentando.

Ele tirou um anel pequeno do bolso. Não era o anel mais brilhante ou extravagante do mundo, mas era bonito, simples e real. Ele estendeu pra mim, e eu vi suas mãos tremendo um pouco.

— Eu quero você. De verdade. Quero que você seja minha, e eu quero ser seu. Nada mais de brincar, de fingir que a gente não se importa. Eu me importo. E se você me der essa chance, eu prometo... eu prometo tentar ser o cara que você merece.

Eu fiquei em silêncio, absorvendo cada palavra. Ele estava tão vulnerável, tão exposto de uma forma que eu nunca imaginei ver. Ashtray... estava se abrindo pra mim. Era a coisa mais real que ele já tinha feito.

— Isso é... um pedido de namoro? — perguntei, minha voz saindo mais fraca do que eu esperava.

Ele deu aquele sorriso torto de sempre, mas dessa vez, parecia mais aliviado.

— É. Vai me dar um fora ou vai aceitar?

Eu sorri, rindo baixinho.

— É claro que eu aceito, idiota.

Antes que eu pudesse falar mais, ele me puxou pela cintura, me beijando com mais intensidade do que nunca. Era um beijo cheio de significado, carregado de tudo o que ele não conseguia colocar em palavras. Eu senti tudo. O medo, a insegurança, e o quanto ele realmente se importava comigo. Quando o beijo finalmente acabou, ele deslizou o anel no meu dedo, e eu o olhei, surpresa com a sensação de algo tão simples significar tanto.

— Você realmente fez isso, Ash? — perguntei, ainda meio chocada.

Ele deu de ombros, fingindo que não era grande coisa, mas eu vi o brilho nos olhos dele.

— Fiz o que eu podia. Não sou o cara perfeito, mas... vou tentar ser, por você.

Eu olhei pra ele, e de repente, toda aquela fachada de provocação e sarcasmo caiu. Ali estava o verdadeiro Ashtray, o cara que sempre tentou esconder o que sentia, mas agora, não tinha mais como fugir.

— Você não precisa ser perfeito. Só... não suma de mim.

Ele sorriu, puxando-me para mais perto.

— Isso eu nunca vou fazer.

E naquela noite, sob o céu estrelado e as luzes da cidade lá embaixo, eu soube que aquele momento era nosso. Não era mais uma brincadeira, não era mais um jogo. Era real. E era só o começo.

Ashtray

A volta pro carro foi tranquila, mas o peso que eu sempre carregava parecia mais leve agora. Eu olhei de relance pra Lindsay, vendo ela mexendo no anel, ainda sorrindo. Eu não sabia se tinha feito o pedido do jeito certo, mas o importante era que ela disse sim.

Ela olhou pra mim, os olhos brilhando de um jeito que eu nunca tinha visto.

— Eu nem acredito que você fez isso. Achei que nunca ia ter coragem.

— Eu sou cheio de surpresas — respondi, meio brincando, mas a verdade era que eu mesmo não sabia de onde tirei aquela coragem. Talvez fosse o medo de perder ela, ou talvez fosse o jeito que ela sempre conseguiu quebrar todas as minhas defesas.

Quando estacionamos em frente à casa dela, eu pensei em só deixar ela ir embora, mas não consegui. Desci do carro antes dela e dei a volta, abrindo a porta. Ela saiu, me olhando com uma expressão de curiosidade.

— O que foi? — perguntou.

— Eu sei que a gente tá namorando agora e tal, mas... você ainda quer sair comigo? — perguntei, tentando não soar tão nervoso quanto estava.

Ela riu, se inclinando pra perto.

— Eu topo qualquer coisa, desde que seja com você.

Eu sorri, puxando ela de volta pra um último beijo antes dela entrar em casa. Era um novo começo, e eu sabia que, apesar de todos os meus erros, eu não ia deixar essa chance escapar.

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O pedido veio!!!

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Beijão 💋

Meu refúgio improvável- AshtrayOnde histórias criam vida. Descubra agora