O sol ainda tava nascendo quando eu rolei na cama e vi o Ash com a cara enfiada no travesseiro. Ele parecia uma pedra, dormindo pesado, e eu sabia que acordar ele não ia ser tarefa fácil. Estiquei o braço e mexi nele de leve, mas ele só murmurou algo incompreensível e virou pro outro lado.— Acorda, amor. — Falei, cutucando ele mais forte. — Bora pra praia antes que o sol rache.
Ele soltou um grunhido, sem nem abrir os olhos.
— Lili... não tem como ir mais tarde, não? — a voz rouca de sono escapou, misturada com preguiça.
— Mais tarde a gente vai estar derretendo, vai por mim. — Me sentei na cama, já puxando o cobertor de cima dele. — Além do mais, quem falou que tu tinha escolha?
Ele bufou, mas finalmente abriu um olho, me encarando com aquela cara de poucos amigos. Levantou devagar e foi pro banheiro, resmungando algo sobre eu ser pior que despertador. Ri sozinha enquanto arrumava nossas coisas, já pensando que o dia ia ser longo.
•••
Chegando na praia, o vento batia gostoso e a água parecia convidativa. O Ash ficou pra trás um pouco, sempre com aquela cara de marrento, mesmo que a gente estivesse no lugar mais tranquilo do mundo. Eu já tava jogando as cangas na areia e tirando a roupa de cima pra ficar só de biquíni quando olhei pra ele.
— E aí, vai ficar aí parado ou vai mostrar esses músculos pra praia inteira? — Falei, levantando uma sobrancelha e dando um sorriso provocativo.
Ele tirou a camisa devagar, mas sem tirar os olhos de mim, aquele sorriso mínimo de canto de boca aparecendo.
— Cê que vai atrair todos os olhares, Lili. — Ele deu de ombros, jogando a camisa na areia. — Tô só te acompanhando.
— Ah, para de graça. — Dei uma risada, puxando ele pela mão. — Vamos logo, antes que eu tenha que te carregar.
A água tava gelada, mas a gente logo se acostumou. O Ash, claro, tentou me afogar umas três vezes, me puxando pelas pernas e me jogando nas ondas. Mas no final, ele que tomou um caldo quando eu dei o troco, o que arrancou umas boas risadas dele. E ele rindo assim era coisa rara, só eu conseguia fazer ele se soltar desse jeito.
Depois de tanto brincar na água, a gente deitou nas cangas pra secar. O sol batia direto no rosto, e o Ash jogou um braço em cima dos olhos, como se quisesse se esconder da luz.
— Tá vendo? Cê tá vivo. Não foi tão ruim acordar cedo. — Eu disse, rindo e esticando as pernas.
— Eu tô morto, na verdade. — Ele respondeu, mas dava pra ouvir o sorriso na voz. — E a culpa é toda sua.
Me aproximei dele, encostando minha cabeça no peito dele.
— Eu sempre sou a culpada, né? — murmurei, fechando os olhos e deixando o calor do sol nos esquentar. Ele soltou uma risada baixa, passando o braço ao redor de mim.
— Sempre.
•••
Depois de um banho e uma troca de roupa, a gente decidiu dar uma volta pelas lojinhas que tinham ali perto da praia. O lugar era todo cheio de luzinhas penduradas nas árvores, bem charmoso. Eu tava de bom humor, andando com um sorvete de chiclete na mão, enquanto o Ash olhava as lojas com aquele olhar desconfiado dele, sempre de cara fechada pro resto do mundo.
— Tu é chato demais. Vai, pega um sorvete. Relaxa. — Dei uma mordida no meu sorvete e empurrei ele de leve.
— Prefiro o meu energético. — Ele respondeu, segurando a latinha que tinha comprado antes e dando um gole.
— Ah, sim, o típico "bad boy" com seu energético na mão. Super original. — Debochei, rindo.
Ele parou, me puxando pela cintura e me olhando bem de perto.
— Tu fala de mim, mas cê tá aí com sorvete de chiclete, Lili. Quem aqui tá sendo esquisito?
Eu dei uma risada alta, empurrando ele de leve.
— Pelo menos não tô fingindo ser rebelde, né?
Ele sorriu, aquele sorriso de lado que só ele tem, e me soltou, continuando a andar. Passamos por várias lojas, comprando umas besteiras e rindo das coisas mais absurdas. Ash sempre implicava com tudo que eu escolhia, mas no fundo ele gostava de ver eu me divertindo.
Num certo ponto da tarde, entramos numa loja de suvenires. Tinha de tudo lá dentro, desde chaveiros até camisas com frases toscas. Enquanto eu olhava uma camiseta com "sou turista, não me julgue", ele veio atrás de mim, segurando um boné com a frase "melhor namorado".
— E aí, aprova? — Ele perguntou, segurando o boné na cabeça.
— Ah, para... — dei uma risada, empurrando ele de leve. — Mas eu compraria, só pra te zoar.
A gente continuou andando pela rua cheia de luzinhas, entrando de vez em quando numa loja ou outra. O Ash, claro, continuava com a postura fechada dele, mas sempre me puxando pra perto, como se quisesse mostrar que tava tudo bem entre a gente.
•••
Já no aeroporto, com as malas prontas e as passagens na mão, a gente foi esperar pelo voo de volta. Sentados lado a lado, eu tava meio sonolenta, e o Ash ficou mexendo no meu cabelo enquanto a gente esperava.
— Último dia foi tranquilo, né? — Falei, olhando pra ele.
Ele deu de ombros.
— Tranquilo, mas bom. — Ele me olhou de lado, com aquele sorriso mínimo que sempre me desmonta. — Tu sabe fazer qualquer lugar ficar legal.
Sorri de volta, me encostando nele e deixando o sono me levar enquanto ele mexia nos meus cabelos. Mesmo que fosse o fim da viagem, a sensação era de que a gente tava bem, que as coisas tão se acertando de um jeito natural. E eu não trocaria isso por nada.
__________________________________A fic tá acabando e eu já estou com saudades de escrever😭😭
De quem vcs querem a próxima?
Gostaram desse?
Beijão 💋
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Meu refúgio improvável- Ashtray
RomanceLindsay e Ashtray, unidos pela inocência de uma criança, encontram esperança um no outro em meio à escuridão. 14/09/2024🏅 3º #ashtray 22/09/2024🏅 2º #ashtray