Ashtray
Eu sempre soube que o shopping é o pior lugar do mundo. Barulhento, cheio de gente e caro pra caralho. Mas, claro, a Lindsay gosta. E eu? Bom, tô aqui porque no fim das contas, ela manda em mim e a gente finge que não.
A gente vai andando pelos corredores, e toda hora ela para pra ver alguma vitrine. Ela se empolga com essas coisas de roupa, maquiagem, sei lá mais o quê. E eu, por outro lado, tô só tentando não parecer completamente entediado.
— O que acha desse batom? — ela pergunta, me mostrando um tubo de maquiagem.
— Acho que é só um troço que vão te vender caro pra pintar a cara — eu respondo, tentando disfarçar o tédio.
Ela dá aquela risadinha que eu conheço bem. Tá se divertindo com a minha rabugice.
Enquanto ela continua olhando as coisas, a Maddy, a Rue, a Cassie, a Jules e a Kat aparecem do nada, fazendo a maior zona como sempre.
— E aí, vadios! — a Maddy já chega falando alto, chamando atenção de metade das pessoas em volta. Eu bufo, porque é óbvio que isso vai acabar virando uma bagunça.
— Nossa, tá parecendo um encontro de facção aqui — eu falo, e a Rue dá uma gargalhada, com aquele olhar meio perdido que só ela tem.
— A gente tava passando aqui, aí vimos vocês — a Jules diz, toda sorridente. — O que tão fazendo?
— A Lindsay tá comprando as coisas inúteis de sempre, e eu tô só pagando de acompanhante — eu respondo, seco, mas com um meio sorriso no rosto. As meninas começam a zoar, principalmente a Kat, que já manda umas piadas sobre eu ser o "namorado ideal".
A gente acaba entrando numa loja de cosméticos, e é aí que o inferno começa. As meninas todas testando maquiagem, cremes, e sei lá mais o quê. Eu tô encostado num canto, de braços cruzados, só observando.
— Vem cá, deixa eu testar esse produto em você — a Lindsay diz, com um olhar que não admite negativa.
— Sai fora. Tô fora dessa palhaçada — eu reclamo, mas ela continua se aproximando, como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Vai, só um pouquinho. Ninguém vai perceber — ela insiste, quase rindo da minha cara.
Eu me afasto, mas ela é teimosa. No fim, depois de muita insistência e zoação das meninas, eu acabo cedendo. Ela passa o produto no meu rosto, e eu só olho pra ela, com a cara de quem tá odiando.
— Tá vendo? Nem doeu — ela fala, satisfeita.
— Se eu sair com a cara brilhando, você vai pagar por isso — eu resmungo.
Depois de testar o tal produto em mim, ela vai até o caixa pra pagar. E é aí que começa o verdadeiro inferno.
— Deixa eu pagar isso aí — eu falo, quase como um reflexo. Sei lá por que faço isso. Talvez pra não perder o costume.
— Não precisa, Ash. Eu tenho dinheiro, sério — ela responde, como se fosse uma questão de honra.
Eu reviro os olhos, já irritado.
— Tá, mas não pode me impedir de fazer o que eu quero, e eu quero pagar essa porra. — eu retruco, já puxando a carteira.
Ela bufa, mas acaba cedendo. No fundo, a gente já sabe que isso ia acontecer. E eu? Saio dali com a conta no bolso e a sensação de missão cumprida. Só que, é claro, ela ainda solta uma última provocação.
— Cê vive pagando as coisas pra mim ultimamente. Tá apaixonado, é? — ela pergunta com um sorriso malicioso.
— Cala a boca, Lindsay — eu resmungo, tentando disfarçar, mas já sinto minhas bochechas esquentando. A Rue, que não perde nada, dá uma risada alta.
— Olha aí, eu sabia! O Ash tá amando! — a Rue fala, rindo de novo, e a Cassie só dá aquele sorrisinho confuso.
A gente sai da loja e as meninas continuam falando sobre coisas aleatórias, tretas da escola e memes. Eu já nem presto mais atenção. Tô só esperando o momento de ir embora. A Maddy e a Jules ficam zoando a Cassie, e a Kat já me manda mais umas piadas sobre eu ser o "namorado perfeito". Eu finjo que não escuto.
Depois de um tempo, a Lindsay olha pra mim, já cansada também.
— Bora comer? — ela pergunta.
— Tá falando sério? Depois de gastar tudo, agora quer comer? — eu provoquei, mas no fundo, sei que não tenho escolha.
Ela dá de ombros, e a gente segue pra praça de alimentação. Mais um dia comum, mais um monte de merda acontecendo. E sabe de uma coisa? Não é tão ruim quanto eu imaginei.
•••
Chegamos na casa dela, e lá estou eu, tentando manter a pose enquanto abro a porta do carro pra Lindsay. Ela sai com aquele sorrisinho de quem sabe que tá fazendo eu parecer um idiota.
— Olha só, um cavalheiro de verdade — ela provoca, saindo e me deixando com as sacolas. — Adorei sua dedicação.
— Ah, para de frescura — eu resmungo, puxando as sacolas do banco de trás e seguindo atrás dela. — Não tô aqui pra ser o seu príncipe encantado.
Chegamos no quarto dela e deixo as sacolas no chão, me jogando na cama com um suspiro. A TV tá ligada, e eu começo a mudar de canal, tentando relaxar. Lindsay começa a mexer nas sacolas, claramente planejando algo.
— Você sabe, tava pensando em algo — ela diz, com aquele sorrisinho travesso. — Que tal você ser meu modelo de moda hoje?
— Modelo de moda? Tá de brincadeira, né? — eu respondo, tentando manter a cara de quem não tá nem um pouco interessado. — Não tô a fim de me transformar em palhaço.
— Ah, para com isso — ela insiste, tirando umas roupas da sacola e mostrando pra mim. — Só quero ver como você fica com isso.
— Não vou vestir essa porcaria — eu retruco. — Se eu fizer isso, você vai achar que sou seu brinquedo.
— Se você não fizer, vai ficar me ouvindo reclamar o dia inteiro — ela provoca, com aquele olhar que diz que sabe exatamente como me pegar.
— Não vou me render a isso — eu falo, cruzando os braços.
Lá vem a velha discussão. Eu reclamo, falo que é ridículo e que não tenho tempo pra isso. Lindsay só sorri e continua insistindo, provocando e fazendo piadinhas que me fazem querer ceder. Ela dá uma olhada pra mim com aquele olhar de quem sabe que, no fundo, eu sempre acabo cedendo.
— Vai, Ashtray. Se você não quiser parecer um bandido fashion, tudo bem — ela fala, piscando. — Mas vai perder a chance de mostrar seu estilo.
— Não vou me render — eu falo, ainda tentando manter a cara dura.
Depois de muito empurra e empurra, acabo cedendo. Não é que eu realmente queira parecer um idiota, mas às vezes, agradar ela vale a pena. Lindsay me veste com as roupas que escolheu e, pra minha surpresa, também começa a aplicar maquiagem. Eu olho pra ela, vendo aquele sorriso de quem sabe que eu sempre acabo me rendendo.
— Olha só, você até fica bem assim — Lindsay diz, rindo enquanto me observa no espelho. — Quem diria que um bandido poderia ser tão estiloso?
— É, muito engraçado — eu falo, me olhando no espelho. — Agora eu pareço um imbecil completo.
— Relaxa, não tá tão ruim assim — ela diz, ainda rindo. — Só precisa manter a pose de durão.
Eu dou uma risada, apesar de estar meio irritado. No fundo, gosto de fazer ela feliz e, honestamente, me divirto com essas besteiras. A gente continua conversando, como sempre. Falamos sobre tudo e nada, desde as coisas mais aleatórias até conversas estranhas que conseguimos pensar.
— Você sabe, essa é a primeira vez que um bandido fashion aparece por aqui — eu digo, piscando pra ela. — E só você pra fazer isso acontecer.
— E você sabe que eu sempre faço o melhor — Lindsay responde, rindo. — Mesmo que isso signifique transformar um traficante em um modelo de moda.
Passamos a noite assim, cheios de provocações e risadas.
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Ashtray tá mudando galera🙌🏻🙌🏻Beijão 💋
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Meu refúgio improvável- Ashtray
RomanceLindsay e Ashtray, unidos pela inocência de uma criança, encontram esperança um no outro em meio à escuridão. 14/09/2024🏅 3º #ashtray 22/09/2024🏅 2º #ashtray