Ponto de Vista de Enzo
- Algo está errado com a nossa parceira. Ela está sentindo uma sensação avassaladora de tristeza. Sua loba está clamando por mim. - Disse Max com um tom tenso.
Eu estava com a ansiedade fervendo no peito e sabia que ele estava certo. Não fiquei muito tempo ao redor da casa da matilha. Eu sabia que Lila estava no campo de Calypso com as crianças locais, treinando-as em combate.
Ao chegar ao campo, vi exatamente o que estava deixando Lila chateada.
Ou melhor, vi quem estava deixando ela chateada.
Bethany estava ao lado dela com um sorriso no rosto enquanto falava palavras para Lila que pareciam ferir. Lila baixou o olhar e por um momento, pensei que ela fosse chorar.
Não conseguia explicar a raiva que estava sentindo naquele momento. Cerrei o punho e rangei os dentes. Sabia que tinha que permanecer calmo, não podia perder a compostura na frente de todos.
Incluindo essas crianças.
A única coisa que consegui pensar em fazer foi me aproximar deles sem fazer barulho. Lila, é claro, conseguiu sentir a minha presença. Ela me viu antes de eu alcançá-las, mas Bethany estava completamente alheia.
Eu tinha dito a Bethany inúmeras vezes para ficar longe de Lila e ela se recusava a seguir ordens simples.
- O que você está fazendo aqui fora? - Perguntei, tentando manter meu tom o mais equilibrado possível.
Bethany finalmente me notou e virou a sua atenção para mim.
- Desculpe, querido. Eu estava apenas trazendo biscoitos para Lila e as crianças. Espero não tê-lo preocupado.
Fiquei olhando para ela por mais um momento, ela pensa que está enganando quem?
Ela só pode estar brincando comigo.
Lila parecia querer dizer algo, mas eu queria afastar a Bethany o mais longe possível dela. Não havia como saber que tipo de bobagem ela estava alimentando na mente de Lila.
Eu teria que falar com Lila sozinha mais tarde para esclarecer qualquer mal-entendido. Mas até lá, peguei a mão de Bethany e a afastei do campo.
Lila ficou olhando para nós com uma expressão triste no rosto, uma expressão que ficaria gravada na minha mente por anos.
...
Ponto de Vista de Lila
A noite chegou rapidamente.
Quando o sol começou a se pôr, fiz as crianças voltarem para as suas casas como prometido.
Fiquei um pouco mais afastada da casa da matilha. A ideia de voltar para ver Bethany e Enzo me deu uma sensação de enjoo no estômago e Val também não seria capaz de lidar com isso.Decidi me transformar em minha forma de loba e correr pela floresta.
Os raios da lua iluminaram o meu caminho enquanto circulava pelos terrenos da floresta. Eu me acostumaria bem rápido a estar nessa forma. Parecia tão libertador, e eu podia sentir tudo por milhas. Todos os meus sentidos estavam incrivelmente aguçados, e Val parecia mais forte do que nunca.
Percebi rapidamente que estava canalizando a luz da lua por conta própria e me banhando em seus raios quentes enquanto me enchia de energia.
Depois de algumas horas, decidi que provavelmente era hora de voltar para a casa da matilha.
Ao chegar lá, pude sentir o cheiro da comida deliciosa que fora feita. Meu estômago estava roncando alto. Não comia desde esta manhã, e estava animada para ver o que Dee tinha cozinhado.
Não fiquei surpresa ao ver Bethany na cozinha com ela. Estavam ambas rindo e dançando pela cozinha, assim como eu tinha feito com a Dee na minha primeira noite aqui.
Meu coração doeu no peito enquanto as observava se darem tão bem.
Dee parou de dançar quando me viu, e me deu um sorriso gentil.
- Oh, que bom, Lila, você está aqui! - Ela disse, correndo em minha direção - Acabamos de terminar de cozinhar o jantar. É lombo de porco. Foi...
- Minha ideia. - disse Bethany suavemente, interrompendo as palavras de Dee - É uma receita de família. Minha mãe costumava fazê-la antes de morrer.
- Tenho a certeza de que é delicioso. - Disse, forçando um sorriso enquanto pegava um prato de comida.
- Vou levar um prato para Enzo. - Disse ela, pegando um prato para si mesma e outro para Enzo antes de sair da cozinha.
Sentei-me ao balcão no meu lugar habitual ao lado de Dee e comecei a comer a comida.
Odiava que fosse deliciosa.
- Vou ser honesta, fiquei surpresa quando Enzo a trouxe para aqui. - Disse Dee enquanto comia ao meu lado - Não houve aviso. O Beta Ethan simplesmente a trouxe aqui e ela se instalou.
- Enzo é um cavalheiro. - Respondi.
- Ele sempre foi contra ter uma parceira e namorar. Honestamente, pensei que você seria a pessoa a fazê-lo mudar de ideia.
Quase cuspi a água quando ela disse essas palavras.
- Sou sua aluna. - Disse rapidamente - Ele poderia perder o emprego...
- Pensei por um momento que você poderia ter sido a parceira dele. Você não pode escolher quem é a sua parceira destinada, e o conselho escolar entenderia isso.
Eles poderiam entender, mas não permitiriam que ele continuasse ensinando. Mas eu não queria que ninguém soubesse que o Enzo era o meu parceiro destinado, especialmente a Dee.
- Ele não é o meu parceiro. - Disse a ela - Ainda não o encontrei. Mas quando o fizer, será mágico. Assim como os meus pais.
Ela me deu um sorriso carinhoso.
- Também acredito nisso. - Ela disse em retorno - Talvez Bethany seja a parceira dele afinal. Ela parece pensar que é pelo menos.
- O quê? - perguntei, erguendo as sobrancelhas.
Ela disse a Dee que era a parceira de Enzo?
- Sim, ela diz que é a parceira destinada dele. Então, tenho feito questão de ser gentil com ela. Mesmo quando ela não é particularmente gentil comigo.
Dee balançou a cabeça com desânimo estampado em seu rosto.Bethany não poderia ser a companheira de Enzo... Eu era a companheira dele.
Seria possível ter duas?
O pensamento me fez sentir fisicamente mal e percebi que não estava mais com fome.
Dee franziu a testa enquanto olhava para mim.
- Você não parece bem. Está tudo certo, querida? - Ela perguntou com preocupação clara em seu tom.
- Sim. - Eu disse um pouco rápido demais - Acho que estou apenas cansada. Vou dormir um pouco.
- Oh, tudo bem. Não se preocupe com a louça. Eu vou lavar. - Dee ofereceu, pegando o meu prato de mim.
- Obrigada. - Eu disse gentilmente enquanto saía do banco e subia as escadas.
Ao chegar ao último degrau, parei na porta do escritório de Enzo. A luz embaixo da porta estava apagada, o que significava que ele não estava lá.
Perguntei-me onde ele estaria comendo a sua refeição... se é que estava comendo.
Talvez ele estivesse em algum lugar com a Bethany.
O pensamento era perturbador e eu tentei com força afastá-lo da minha mente. Balancei a cabeça diante do pensamento e fui em direção à porta do meu quarto... ou devo dizer, da porta do quarto de hóspedes.
Mas, ao chegar em frente ela, parei quando a porta do quarto de Enzo se abriu, e Bethany saiu. Ela parecia um pouco desarrumada e vermelha no rosto. Seu cabelo também estava bagunçado.
Foi quando notei que a sua blusa estava desabotoada.
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Meu Companheiro Alfa (Livro 2)
Werewolf- O que você está fazendo aqui? - Ele perguntou, olhando diretamente para mim. Eu não conseguia pensar e nem formular uma frase para respondê-lo, mas felizmente, não precisei. Beth falou por mim. - Peço desculpas, pedi para ela me trazer até você...