- Capítulo 62. Perca-se

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Cerdina piscou. Então, como um peixe boquiaberto, ela lentamente abriu os lábios e depois os fechou novamente.

Sem palavras, seus olhos tremeram de irritação.

A situação no almoço era uma bagunça completa. Leah assistia sem expressão à cena que se desenrolava diante dela — sua mente estava chocada demais para processar a catástrofe que havia irrompido no momento em que Cerdina havia provocado Ishakan e puxado seu último fio de paciência.

Com toda a honestidade, essa era de fato uma ocorrência antecipada. Desde o momento em que Cerdina roubou o vestido de Leah, sua ação acendeu um fusível. O desrespeito e o engano flagrantes foram meramente o fósforo que acendeu a bomba-relógio.

Não importa o quão desesperada Leah estivesse, suas tentativas de emendar as coisas eram inúteis. O eventual choque ocorreria entre as duas partes, independentemente dos esforços que ela fizesse para atrasar o futuro. Suas tentativas de súplica para pacificar o Rei dos Kurkans, foram usadas apenas para ganhar tempo. No final, a explosão ainda aconteceria inevitavelmente.

Gotas de vermelho carmesim pingavam das bordas da taça de vinho de cristal. Ishakan lentamente colocou sua taça na mesa, e um sorriso de desprezo se espalhou em seus lábios. Seus olhos dirigiam puro ódio a Cerdina, e seu significado era claro. Cai fora.

Encontrando os olhos de Ishakan, Cerdina enrijeceu-se. O homem diante dela tinha uma aura assustadoramente poderosa, e ela gaguejou na presença dele.

Olhando para seu estado lamentável, Ishakan soltou palavras de sarcasmo.

“Aquele vestido, pensei que não combinava com você.”

Sua declaração foi um insulto claro, com nada além de desprezo retratado em seu tom. Tudo o que Cerdina pôde fazer foi abaixar a cabeça e levantar o canto da boca. Seus lábios vermelhos profundos se curvaram em um arco enquanto ela projetava o sorriso mais elegante e bonito, que tentava esconder suas ações ousadas anteriores. A imagem pura de seu sorriso brilhante, misturada ao cheiro de álcool, era, nessa atmosfera estranha, como uma erva daninha estranhamente cultivada no jardim ao ar livre.

Cerdina levantou a mão em um gesto elegante e acenou para uma empregada. Então, ela se levantou de seu assento e falou requintadamente com Ishakan.

“Vou me retirar por um momento para trocar de roupa.”

Com o apoio das criadas que apressadamente vieram ajudar sua senhora, Cerdina deixou o almoço, sem vacilar em seu passo. O rei, que permaneceu sozinho após ser repentinamente abandonado por sua esposa, olhou ao redor nervosamente para o almoço.

Seus olhos pousaram em todos os lugares, exceto em Ishakan. O rei covarde estava tão tenso que não conseguia nem culpar Ishakan, que tinha sido tão abertamente rude com suas ações. O Rei de Estia era exatamente como um cachorrinho que havia perdido seu dono.

De fato, ele era o mais indigno do título: Rei de Estia. A pouca dignidade que lhe restava para mantê-lo de pé, até mesmo isso, estava agora arruinada. Um líder como ele, só poderia levar seu país a um destino: ruína.

Os olhos de Leah voaram para o rei. À sua frente, ela sentiu o peso de sua família caindo sobre seus ombros, mais pesado do que uma pedra esmagadora. Seu coração deu um nó, contraindo-se de frustração com a bagunça com a qual ela agora tinha que lidar. Um suspiro de pesar deixou seus lábios.

Quão tolo você é? Esta negociação decide o destino do país, mas... em vez de ajudar... não acredito que você está arruinando tudo...

Mesmo que o Rei de Estia implore por perdão e se ajoelhe diante do Rei dos Kurkans, não seria o suficiente. A misericórdia era muito graciosa e, além disso, o orgulho da família real de Estia seria um obstáculo em seu caminho.

Uma solidão terrível se instalou. Leah sentiu como se tivesse sido jogada em uma zona de guerra. Em ambos os lados, uma matança brutal estava acontecendo, e não importava o quão desesperada ela estivesse para parar a loucura deles, seus gritos caíam apenas em ouvidos surdos. Nas planícies selvagens, o eco de sua voz não retornava, mesmo quando sua garganta ficava rouca e sangrava.

Envolta em miséria, Leah levantou-se lentamente de seu assento. Ela viu que não havia mais razão para permanecer no almoço. Tudo tinha sido arruinado e, por isso, era melhor para ela ir embora e fazer outra coisa do que matar o tempo ali sem sentido.

Quando Leah estava prestes a se mover, uma sombra surgiu na sua frente.

"Princesa."

O homem que havia sido tratado com desrespeito contínuo estendeu a mão em direção a Leah. Lentamente, ela olhou para ele. Seus olhos viajaram por seu grande corpo, até que alcançaram seus olhos, então sua mão. O tamanho de sua mão era quase duas vezes maior que a dela, mas dentro dessas linhas finas, havia tantas possibilidades.

Hesitante, ela levantou o braço, pretendendo colocar os dedos na grande palma dele. No entanto, ela fez uma pausa. Ela não tinha certeza de que futuro isso poderia levar se ela fizesse isso, e, portanto, ela não conseguia se obrigar a aceitá-lo prontamente.

Ao vê-la insegura, Ishakan não a pressionou. Ele apenas a observou calmamente, esperando pacientemente enquanto Leah congelava. Sua mente estava nublada, suas emoções conflitantes.

Em momentos como esse, Ishakan era estranhamente paciente. Mesmo sendo um homem assim, para usar a força e agir de forma imprudente para ganhar o que desejava, esse era um lado que ele mostrava apenas a ela — cuidado e paciência.

Sentindo que estar com Ishakan era melhor do que ficar ali, ela estendeu a mão para segurar a dele, quando de repente uma voz severa a interrompeu.

“Sente-se.” Blain falou friamente. “Aonde você vai? O almoço ainda não acabou.”

Predatory marriage novel (PT BR🇧🇷) Onde histórias criam vida. Descubra agora