- Capítulo 102. Caçando com os Bárbaros (2)

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Leah percebeu que Ishakan estava caminhando calmamente em sua direção, de alguma forma parecendo mais imponente do que o normal. Ele usava roupas de caça, e era estranho vê-lo carregando uma aljava e uma espada na cintura, mas elas lhe caíam bem.

Atrás dele vinham os Kurkans que ele havia escolhido para acompanhá-lo na caçada. Eram cinco no total, incluindo Haban e Genin, mas havia um em particular que ela nunca tinha visto antes. Um Kurkan macho com cabelos longos presos para trás, roçando sua cintura, e uma tatuagem em sua pele que se estendia da borda de seu olho até sua bochecha. Seus olhos eram longos e finos, e seus lábios se curvavam levemente em um sorriso.

Antes que Ishakan alcançasse Leah, outra figura apareceu para cumprimentá-lo. Blain estava verificando seu cavalo, mas se moveu para interceptar, e os dois homens se encararam silenciosamente por um momento. Blain foi o primeiro a falar.

“Obrigado por concordar em caçar conosco hoje, senhor”, disse ele.

Cerdina saiu de uma tenda, vestida com um vestido simples e confortável, muito parecido com o de Leah. Ela olhou ao redor com olhos sonolentos, mas se recompôs graciosamente ao ver Ishakan e se aproximou do rei.

“Há quanto tempo não nos vemos”, ela disse. “Como você tem passado?”

Os kurkans a encararam como se ela fosse uma criatura particularmente interessante, olhares intimidadores que não fizeram Cerdina hesitar nem um pouco. Ela apenas sorriu gentilmente, e Ishakan sorriu de volta.

“Graças à hospitalidade da Estia, minha estadia foi muito confortável.”

Embora o almoço que ele havia comparecido tivesse sido arruinado, ninguém mencionou isso. Todos sorriam e conversavam como se nada tivesse acontecido. Na sociedade, o inimigo de ontem poderia facilmente se tornar um amigo de hoje. Mas não importava quantas vezes tais situações ocorressem, era sempre estranho testemunhá-las.

Leah foi a última a se aproximar. Ela havia planejado cumprimentá-lo simplesmente e se virar imediatamente, mas duvidava que Ishakan permitiria. Quando ela se aproximou, os kurkans desviaram os olhos para ela, e Ishakan olhou para ela calmamente, sorrindo.

“Princesa.” Despreocupado como sempre com os outros ao seu redor, ele falou suavemente. “Você gostaria de um animal em particular? Eu o pegarei para você.”

Ela estava prestes a responder, mas outra pessoa falou primeiro.

“Minha irmã vai caçar por si mesma.” Blain agarrou-a firmemente pelo pulso e puxou-a para trás, colocando-a atrás dele. “Você não precisa fazer nada por ela, senhor.”

A atenção de Ishakan não estava em Blain. Seus olhos estavam focados no pulso de Leah, encarando o aperto forte que a segurava. Lentamente, perigosamente, seus olhos se voltaram para o rosto de Blain.

“Príncipe herdeiro, do que você tem tanto medo?” Seus lábios se curvaram em um sorriso vazio, e seus olhos brilharam, frios e ameaçadores. Sua voz era calma, mas penetrante, enquanto ele desafiava o príncipe. “Você acha que eu vou capturar e me casar com a princesa agora?”

Qualquer um que estivesse ouvindo poderia dizer que ele estava tentando provocar o Príncipe. Blain respirou fundo, tentando conter sua irritação.

“Por que eu deveria ter medo?” Ele retrucou. Ele conseguia manter um sorriso no rosto mesmo quando estava bravo. “Você veio pessoalmente para Estia, com a intenção de assinar um tratado de paz. Imagino que você não fará nada para começar uma guerra.” Sua voz era tão fria quanto o vento do inverno. “Você não deve cobiçar o que outro possui.”

Ishakan considerou essas palavras e então deu uma risada curta. Leah olhou para Cerdina. A rainha parecia feliz. Normalmente, ela seria provocada por qualquer demonstração de desconsideração ou desrespeito ao seu precioso filho, então isso pareceu estranho para Leah. Inquieta, ela ficou de olho na rainha.

Ishakan também olhou para Cerdina, sorrindo.

“Sério, agora…acho que essa vai ser uma caçada divertida”, ele disse. Seus olhos dourados brilharam, astutos e enigmáticos.

“Mal posso esperar para começar”, Blain respondeu, e Ishakan se virou. Blain observou as costas de Ishakan antes de se virar também, arrastando Leah de volta para seu acampamento. Ele a soltou lá, continuando seus preparativos para a caçada, testando a corda do arco e examinando a sela do cavalo. Ele não olhou para ela até terminar.

“Leah, o lenço”, ele ordenou.

Silenciosamente, ela ofereceu a ele o lenço que havia trazido. Não era um item significativo, apenas algo que ela havia encontrado por acaso no palácio, e embora Blain devesse saber disso, ele aceitou sem protestar. Ele não se importava de onde vinha, o importante era que ela estava dando a ele.

“Você quer um chifre de veado?”, ele perguntou, amarrando o lenço em volta do pulso. “Ou um rabo de raposa?”

Ela sabia que seu irmão continuaria a incomodá-la até que ela escolhesse algo, então ela respondeu automaticamente, sem entusiasmo.

“Eu quero a pele de uma raposa”, ela disse.

Mas o primeiro animal que lhe veio à mente não foi uma raposa, mas um lobo. A besta que a lembrava de Ishakan. Imediatamente, ela afastou o pensamento.

Predatory marriage novel (PT BR🇧🇷) Onde histórias criam vida. Descubra agora