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  — Só essa psicóloga pra me fazer vir pra escola em pleno sábado... — [Nome] revirou os olhos, enquanto bufava, ao passar pelo portão que dava acesso a quadra.

  [Nome] não estava muito contente com isso e sua cara de poucos amigos deixava bem claro. Havia ainda um outro motivo – o qual ela não comentou a ninguém – pro seu mau humor: a falta de sonhos. Se passaram o quê? Dois, três dias sem sonhar? Mas pra ela era como se uma eternidade houvesse se passado.

  — Não precisa começar assim, [Nome]... Dá uma chance, vai. — Flávia passou o braço em volta do ombro de [Nome] enquanto se conduziam para uma mesa forrada com um tecido vermelho.

  Ao se juntarem aos demais participantes, [Nome] foi apresentada a eles por Flávia antes de tomarem seus devidos lugares na mesa. [Nome] observou um outro grupo, de tema amarelo, ao lado; e, logo à frente, um palco com uma mesa próxima dele, onde estavam alguns professores e no final desta, a psicóloga.

  —Não acredito que ela veio mesmo... — [Nome] comentou, atraindo a atenção de Flávia que olhou na mesma direção, vendo a mulher de quem ela falava.

  — Relaxa, só faça a sua parte e então ela vai ver que você tá de boa. — Flávia aconselhou antes da diretora se dirigir ao palco e iniciar com o evento.

  No momento da apresentação, um grupo de funcionários posicionaram mais uma mesa ao centro da quadra. Nela, havia dois classificadores.

  — Como todos sabem, esse evento tem como objetivo a socialização e desenvolvimento de trabalho em equipe. Nessa reta final, iremos ter uma disputa entre o time amarelo e o vermelho.

  Os aplausos foram ouvidos depois da mulher apontar aos respectivos grupos.

  — Nessa primeira etapa, queiram se dirigir à essa mesa no centro, por favor. — a diretora gesticulou e [Nome] viu o grupo amarelo se deslocar enquanto os demais membros de seu time faziam o mesmo.

  — Vem, [Nome]! — Flávia chamou ela em tom baixo.

  Mesmo sem entender nada – e muito menos a fim –, ela obedeceu e se juntou à sua equipe, logo estranhando a falta de um quebra-cabeças convencional.

  — Você não disse que era sobre quebra-cabeças? — sussurrou para Flávia.

  — E é. Charadas também são consideradas. — a amiga conseguiu dizer antes da diretora voltar a falar.

  — Como vocês já perceberam, há alguns enigmas a serem solucionados. Ambos os times têm os mesmos enigmas, vence aquele que conseguir resolvê-los primeiro.

  Tomando um apito em mãos, a diretora o assoprou, sinalizando que o desafio já estava valendo. Totalmente por fora das regras, [Nome] se viu perdida em meio aos demais colegas que logo avançaram para tentar resolver as questões. Flávia, que já tinha certa experiência, percebeu o quanto [Nome] estava deslocada e a aproximou para que pudesse checar a folha.

  [Nome] se concentrou, tentando ler alguma coisa e como já esperava, não conseguiu entender nada. O barulho que – não só seu time – como também o time adversário fazia ao trocar resoluções entre si, também não a ajudou muito, na verdade, corroborou para que as letras naquela folha branca se misturassem, causando uma certa tontura em [Nome] que se sustentou em Flávia para não cair.

  — Amiga?! — Flávia a segurou no mesmo instante que a sentiu se apegar à ela. — Tá passando mal? — ela ajudou [Nome] se sentar.

  Olhando para Flávia, [Nome] tentou explicar, mas foi interrompida quando sentiu uma agonia em sua mente, fazendo-a fechar os olhos com força e tapar os ouvidos enquanto se encolhia. Obviamente esse comportamento não passou despercebido por Priscilla e a diretora que logo correram para averiguar a situação.

  Ao notarem a aproximação das duas, ambos os times pararam com o que faziam para prestar atenção no que se passava.

  — [Nome]? — a psicóloga tentou se aproximar, mas ela levantou de repente e saiu correndo enquanto repetia frases como: "faça isso parar" e "não estou aguentando mais".

  Flávia trocou olhares com as mulheres antes de correrem atrás de [Nome].

  Entrando na única porta que viu aberta, a garota se apoiou no balcão de uma pia e respirou fundo. Ela olhou ao redor vendo várias portas e alguns chuveiros ao fundo, antes de tomar coragem e se encarar no espelho. Seu reflexo angustiado a fez tocar em seu próprio rosto, se perguntando o porquê de tudo aquilo. O olhar dela vagou até o lugar que estava encoberto por maquiagem e então ela escutou alguém abrir a porta.

  Assim que virou, [Nome] sentiu suas pernas falharem e seu corpo gelar ao ver Leon correr em sua direção. Um grito foi tudo o que ela conseguiu fazer, ao sentir as mãos dele sobre seus ombros junto ao questionamento se estava tudo bem com ela.

  — Traga ela. — escutou de forma distante a diretora pedir, antes de sentir ser pega nos braços.

  — [Nome]? Consegue me ouvir? — a psicóloga se aproximou, mas ela não conseguiu responder. Sua consciência estava se esvaindo à medida que sentia ser levada por aquela pessoa que certamente não era quem ela achava que fosse.

  (...)

  — Acredito que daqui alguns minutos ela vai acordar... — Priscilla comentou ao abonar [Nome] que agora estava deitada no sofá da secretaria. — Ela tem tido essas crises com frequência?

  A diretora pareceu não saber responder e sobrou para Flávia que teve sua pessoa encarada pelas duas.

  — Bom... ela já ficou um pouco estranha, sabe? mas não nesse nível... — Flávia respondeu tudo que sabia e a psicóloga assentiu.

  Agora as coisas pareciam começar a se encaixar.

  Aos poucos, [Nome] foi despertando e recobrando a consciência. Um copo d'água foi oferecido a ela que não tinha outra reação senão chorar.

  — Tá tudo bem, [Nome]. Você está segura agora. — ela escutou a psicóloga dizer num tom reconfortante antes de entregá-la o copo.

  A diretora se aproximou e perguntou se ela sentia mais alguma coisa, mas ela negou.

  — Posso ir embora? — a voz de [Nome] soou embargada de tristeza, recebendo uma resposta positiva da diretora. — Valeu... — ela levantou enxugando as lágrimas com Priscilla sempre por perto.

  — Vem, eu te dou uma carona. — a psicóloga falou ao alisar as costas de [Nome] que assentiu antes de deixarem a sala.

O Dono dos meus Sonhos | LEON KENNEDYOnde histórias criam vida. Descubra agora