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   Ao ver a feição desagradável de [Nome], Flávia desmanchou o sorriso na hora.

  — Falei algo errado? — assim que ela terminou de dizer, [Nome] virou o rosto pra tela, tentando disfarçar.

  — Só não quero tocar nesse assunto… — ok… a reação e esse suspense de [Nome] deixaram bem claro pra Flávia que tinha algo acontecendo com ela e que, muito provavelmente, aquele jogo tinha algo a ver.

  Flávia não disse mais nada, em respeito ao pedido de [Nome]. Ela também se negava acreditar que tais atitudes dela se dariam por conta disso, seria o cúmulo!

  Por sorte, até o horário do colégio, o clima pesado entre as duas havia se dissipado mais e [Nome], aparentemente, havia chegado numa boa na escola. Aparentemente, porque, até certo ponto, ela cansou de fingir estar alegre e retraiu-se.

  Sua quietude foi percebida por Flávia que a cutucou para falar:

  — [Nome]... — sussurrou para ela, que revirou os olhos antes de se virar claramente estressada.

  — Que foi, hein, Flávia?! — disparou sem dó. — Não tá vendo a professora na sala não?

  — Que bicho te mordeu? — rebateu, fazendo [Nome] virar-se, ignorando-a completamente. — Só espero que você melhore até concluirmos o trabalho... — afastando-se, Flávia comentou.

  [Nome] olhou de canto, mas respirou fundo. Não podia deixar a emoção falar mais alto (emoção essa que ela nem sabia mais o que era), embora a confusão em sua mente não ajudasse muito. Ela tentava focar nos assuntos do quadro e na explicação da professora, mas o barulho em sua mente não a deixava em paz. Era agoniante demais para isso.

  De repente, o frio tomou conta de seu corpo e a sensação de desmaio começou a surgir.

  — Não, não… — [Nome] pôs a mão sobre o rosto, tentando conter as lágrimas que fugiam de seus olhos, enquanto o tremor tomava conta de si.

  Flávia e alguns colegas próximos notaram os sons vindo da carteira de [Nome], denunciando sua aflição. Assim que Flávia notou o corpo trêmulo, correu até ela, tentando acalmá-la com movimentos circulares em suas costas.

  — [Nome]? — ela chamou baixo para evitar alarde, recebendo um olhar amedrontado de [Nome].

  — Flávia, liga pro meu pai… — foi a última coisa que Flávia escutou dela e a última que [Nome] lembrou fazer antes de apagar.

  O ruído de passos e falatórios ao fundo, invadiu os ouvidos de [Nome] que abriu os olhos lentamente. A princípio, a visão embaçada impediu dela discernir onde estava; mas então, assim que o foco retornou, ela pôde ver uma parede branca antes de mudar a visão para o lado e notar Leon sentado numa poltrona. Para sua surpresa, ele não estava com a mesma roupa de antes; agora, ele usava uma outra camisa por baixo de uma jaqueta azul, com uma pequena bandeira dos Estados Unidos gravada ao lado esquerdo do peito, além de uma calça nova.

  [Nome] sentou-se rapidamente na cama, assustada com o que via. De repente ela estava num quarto de hospital e com Leon ao lado – o qual acabara de se levantar para aproximar-se dela.

  — Finalmente acordou, você tá legal? — ele perguntou sem tirar o olhar dela que não sabia o que responder.

  Leon percebeu a hesitação e o quanto ela parecia atônita.

  — Você apagou quando chegamos no continente. — ele explicou.

  — Continente? Onde a gente está? E a ilha? — [Nome] perguntou antes de voltar a se recostar na cabeceira da cama e Leon puxar a poltrona para sentar-se.

  Então, com muita paciência, Leon explicou os momentos derradeiros até aquele momento, fazendo [Nome] ter flashes de ser jogada contra uma coluna do santuário por Saddler e uma mulher de vermelho atirar nele para ajudar Leon a fugir e, logo após, correr para tentar ajudá-la antes de Saddler interrompê-la. Seguidamente, [Nome] lembrou da batalha na ilha e, com a explicação de Leon, conseguiu imaginar ele levando-a nos braços antes de deixá-la com Ashley para resgatar a mulher que os ajudou antes.

  — Agora consigo entender melhor… — a garota comentou. — E aquele helicóptero de batalha? E aquele bicho que me jogou naquele buraco? E…? — ela ia continuar atrás de novas perguntas se não fosse por um sorriso de Leon.

  — Acho que é melhor você se recuperar antes de continuarmos falando desse pesadelo. — [Nome] sentiu a mão de Leon apertar levemente a dela.

  — O quê..? Não, eu preciso saber das lacunas… — ela ergueu o olhar para acompanhar o movimento que Leon fez ao se levantar. [Nome] não soltou a mão dele. — Leon, você não pode me deixar assim. Eu preciso e tenho direito de saber tudo que passei naquele lugar. — mais uma vez ele sorriu. Dessa vez, com a insistência dela.

  — E você vai saber, mas antes você precisa estar bem. — ele reforçou enquanto trazia a outra mão dele para cobrir a mão de [Nome] que insistia em segurá-lo.

  Após sentir esse outro toque, [Nome] olhou de relance para as mãos dele antes de voltar a encarar aquele par de olhos azuis – que retribuiu o olhar com uma certa intensidade.

  — Preciso ir agora. — ele abriu um sorriso tênue antes de se curvar para depositar um beijo sobre a mão dela.

  [Nome] sentiu suas bochechas esquentarem antes dele levantar e sumir feito partículas ao vento. Nesse momento, ela acordou puxando todo o ar que conseguia, num quarto de hospital.

  — [Nome]...? — Suelí correu da cadeira, igualmente Flávia, para se juntarem à ela que tornou a fechar os olhos e revirar-se na cama.

  Notando as lágrimas escorrerem pelas bochechas de [Nome] e o soluçar desesperado dela, Suelí tentou confortá-la acariciando os cabelos.

  — Tá tudo bem, [Nome]. — Flávia alisou a mão dela.

  — Onde ele está? — Flávia e Suelí se olharam nesse momento sem terem ideia sobre quem ela falava.

O Dono dos meus Sonhos | LEON KENNEDYOnde histórias criam vida. Descubra agora