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  — Agora eu entendo essa sua felicidade toda… — Flávia abriu um sorriso maldoso. — Que safadinha, hein! E nem me falou! — ela cerrou os olhos.

  Porém, [Nome] estava tão alarmada que sequer pôde entrar na brincadeira. Notando o quanto assustada ela havia ficado, Flávia parou de rir.

  — Não era pra isso está aqui! — [Nome] partiu dizendo, sem tirar o olhar do espelhinho.

  — Tenta passar uma make pra disfarçar. — Flávia tentou ajudar, inocente da real situação.

  — Isso não tá certo! — a garota partiu da biblioteca rapidamente, deixando Flávia perplexa.

  Entrando no banheiro, [Nome] correu para lavar a marca, se desesperando quando notou que não estava saindo de jeito algum. Respirando fundo, ao fechar os olhos, ela repetiu pra si mesma palavras de conforto e rezou para que se tratasse de um sonho – o que infelizmente não era, já que os chamados de Flávia deixavam bem clara a realidade.

  — Flávia, e agora?! Se meus pais verem isso, vão me matar! — ela agarrou nos braços da amiga, totalmente desesperada.

  — [Nome], fica calma. É só um chupão, tenta cobrir com maquiagem que nem das outras vezes. — novamente Flávia aconselhou, mas isso não resolveu a aflição de [Nome]. Mal sabia ela o real motivo de tamanho desespero…

  Vendo-se sem outra alternativa, [Nome] seguiu o conselho de Flávia e, pegando emprestado um pouco da base dela, conseguiu disfarçar a mancha.

  — Ficou bom? — ela perguntou de forma receosa enquanto se olhava no espelho.

  — Melhor impossível. Agora joga o cabelo por cima e não tira por nada. — Flávia pegou o cabelo dela, cobrindo o local.

  [Nome] suspirou cansadamente.

  — Você ficou tá desse jeito por quê?

  [Nome] a lançou um olhar soslaio, procurando uma boa mentira.

  — Eu, é… eu… — para seu alívio, um grupinho de garotas entrou no banheiro interrompendo o momento. — Depois eu te explico. Vamo pra sala. — [Nome] forçou um sorriso e a puxou consigo.

  Flávia sabia que tinha algo de muito grave por trás daquele alarme todo. Não tinha porquê ela entrar em desespero por causa de uma manchinha, sendo que ela já havia passado pela situação antes e havia contornado-a sem problemas. Porém, Flávia também sabia que não adiantaria nada forçar ela a dizer, ficou mais que bem claro que ela não falaria tão cedo, então só lhe restou observá-la durante a aula.

  — Então vamos recapitular, durante o processo de meiose… — as palavras da professora soavam feito eco na mente de [Nome]. Ela estava ocupada demais pensando na mescla de realidades que havia tido.

  Não é possível… ele não existe. Aquilo tudo foi apenas um sonho… ela balbuciava consigo mentalmente, enquanto a professora parava com a explicação depois de vê-la focada num ponto invisível da sala e com as pernas inquietas.

  — [Nome]? — a mulher tentou chamar sua atenção, mas ela se manteve do mesmo jeito. Foi quando Flávia cutucou seu ombro, fazendo-a assustar-se brevemente e voltar em si.

  — Hã? Oi! — ela se dirigiu à professora que tinha uma feição de confusão.

  — Tá tudo ok?

  — Aham… — ela balançou a cabeça e voltou a "prestar" atenção no livro mesmo nenhum pouco interessada.

  Felizmente, pra [Nome], a aula se sucedeu normalmente depois da tutora assentir; contudo, na hora da saída, sua alegria foi por água abaixo com Flávia em seu encalço. Ela não havia perguntado diretamente à ela, mas [Nome] sabia que ela estava louca por explicações pela forma como comentava que ela estava tendo uma reação exagerada.

  — Olha, Flávia, se for pra começar a me atazanar é melhor ficar calada. — [Nome] disparou mantendo os passos adiantados dela que corria para acompanhá-la.

  — Quer saber? Eu quero muito uma explicação. Você nunca reagiu dessa forma por causa de um chupão!

  [Nome] foi forçada a parar quando Flávia alcançou seu ombro.

  — O cara é barra pesada, é isso? — céus, por que ela não parava de insistir? como [Nome] poderia explicar que um alguém inexistente deixou aquela marca em seu pescoço?

  — É uma situação complicada… — [Nome] suspirou. — Sério, eu só preciso de um tempo pra processar tudo isso.

  — É isso que não entendo! Processar o quê? Você tava saltitando hoje mais cedo e depois ficou maluca com essa bendita mancha aí.

  — Eu não sou maluca! — o sangue de [Nome] ferveu ao escutar aquele termo e Flávia sentiu um frio na espinha ao notar a forma como ela a olhou antes de tirar sua mão do ombro dela.

  — Eu não quis dizer isso… não de forma literal. — Flávia esclareceu, apesar de assustada.

  — Foi mal… — [Nome] caiu em si pela forma como reagiu. — Eu ando meio estressada, mas prometo que vou te explicar tudo.

  Depois de uma curta despedida, Flávia deu meia volta e a deixou seguir pra casa sozinha. [Nome] sentiu um nó em sua garganta ao prender o choro, ela não sabia mais o que pensar sobre o que lhe estava acontecendo. Seria aquilo tudo alguma maldição?

  Deus, o que há de errado comigo?

O Dono dos meus Sonhos | LEON KENNEDYOnde histórias criam vida. Descubra agora