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  Krauser só voltou a atenção para Leon quando sentiu balas serem cravadas em seu corpo. O leve choque fazendo-o encará-lo novamente antes de expelir um pouco de sangue e cair de joelhos, ameaçando não resistir.

  [Nome] enrijeceu. A respiração ficou presa em sua garganta e o olhar vidrado em Leon se erguendo enquanto observava seu inimigo de joelhos, com a respiração descompassada. Antes mesmo que Leon desse algum passo, Krauser o fez se afastar perante seus gemidos aflitos com as veias saltadas ao longo de seus braços e o rasgar da farda pelo seu torso que, agora, inchava feito uma bomba.

  Gotas de tensão se formaram na têmpora de [Nome]. A garota estava tão em choque com o que via que sequer prestou atenção em Leon, e sim, em Krauser que parecia que ia explodir a qualquer momento pela forma como algo em suas veias – bastantes visíveis – circulavam. Mas, para ela, horror mesmo foi ver os braços do Major darem forma a uma espécie de garras bizarras que tomaram forma ao rasgá-los. Os ossos que as formavam estavam totalmente desfigurados.

  — Foi por isso que você se vendeu? Olha, eu pediria reembolso... — para a surpresa de [Nome] e ira de Krauser, Leon não parecia nenhum pouco surpreendido, tampouco assustado com a cena, pela forma como zombou.

  — Vai pagar por essas gracinhas. — a agilidade com a qual Krauser se moveu pegou a garota de surpresa.

  Movendo o olhar para Leon, ela suspirou aliviada ao vê-lo desviar e subir por uma escada numa das colunas. Ela até ia correr ao encontro dele, mas, ao avistar Krauser avançar novamente, a única ação que teve foi gritar para Leon.

  — O treino não acabou. A última aula começa agora. — Krauser afrontou após derrubá-lo longe da escada.

  Por sorte, Leon conseguiu aparar-se da queda. O olhar determinado sobre Krauser antes de rebater:

  — Não… hora de o pupilo dar a aula. — tomando distância, ele sacou a sniper.

  [Nome] sentia-se receosa uma vez que, até então, os três tiros que Leon havia disparado não haviam acertado o Major. Ela olhou aos arredores tentando achar alguma coisa que ajudasse Leon, pousando sua visão na submetralhadora que Krauser havia largado. Ela a pegou; mas, para sua infelicidade, a mão machucada não permitiu que ela pudesse usá-la; uma vez que não teria sustância alguma, além do desconforto no machucado. Só lhe restava torcer para Leon que, nesse momento, estava prestes a cair do precipício.

  [Nome] sentiu seu coração acelerar até vê-lo livrar-se da situação, acertando a faca nos tornozelos de Krauser antes de aproveitá-lo instável e atingi-lo com a espingarda até que ele se desequilibrasse e caísse ao chão novamente; dando, assim, liberdade para Leon efetuar mais tiros até que ele cambaleasse novamente.

  Vendo-o claramente cansado pela forma como sua respiração estava no limite, [Nome] achou que ele não resistiria; sendo surpreendida ao vê-lo saltar para a plataforma em que se encontrava. A visão daquele ser machucado e repleto de sangue, fez [Nome] recuar. Ele até fez menção de alcançá-la, mas ao escutar Leon subindo, virou-se rapidamente.

  Para o alívio dela, Leon não hesitou em atacá-lo até que ele não parasse em pé. Era eles ou Krauser e, certamente, Leon não o deixaria ganhar. Só quando o loiro o viu cair no chão, sem condição alguma de levantar, que ele cessou os ataques.

  Um silêncio se instaurou até Krauser quebrá-lo dizendo fracamente, após olhar de relance para sua faca ao chão:

  — Faça… o que tem que fazer... — ele não tirou os olhos do pupilo que tomou a faca em mãos e agachou-se para pousar a lâmina no centro de seu peito. — Isso mesmo. — ele confirmou e, um tanto hesitante, Leon fez o que precisava ser feito e cravou a lâmina.

  [Nome] virou o rosto enquanto fechava os olhos.

  — Eu… te treinei bem… Leon. — esse foi o último suspiro que Leon e [Nome] escutaram de Krauser antes do loiro levantar-se para encarar seu reflexo na lâmina ensanguentada.

  — Treinou sim, Major… Treinou sim… — [Nome] podia ver o quanto ele ficou abalado pela forma como seus lábios estavam trêmulos. Isso só a fez perceber que toda aquela seriedade não passava de uma armadura.

  — Ei, você tá bem? — [Nome] o perguntou depois de tocá-lo levemente no ombro.

  Ele engoliu em seco antes de encará-la. [Nome] podia ver que ele não queria admitir que não. Ao ver aquele lindo rosto – agora machucado por leves arranhões e coberto de poeira – retornar olhar para Krauser no chão, o único instinto que ela teve foi de abraçá-lo mesmo que talvez ele a afastasse. Era o mínimo que ela julgava estar fazendo para com ele que não media esforços para ajudá-la naquele universo catastrófico.

  Leon olhou por cima do ombro ao sentir os braços da garota envolverem seu torso. Um fraco sorriso se formou no canto de seus lábios com o gesto solidário antes dele sentir um peso em seu peito.

  Notando a tensão de Leon, [Nome] se afastou e percebeu veias escuras estendendo-se pelos braços dele. A infecção, ela pensou.

O Dono dos meus Sonhos | LEON KENNEDYOnde histórias criam vida. Descubra agora