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  Tudo começou numa tenebrosa tarde de verão, onde [nome] havia tido seu coração despedaçado pelo homem o qual julgava ser o cara de sua vida. Lá estava ele, nos braços de outra, totalmente à mercê dos toques dela. Foi só quando a garota a notou totalmente paralisada e parou com o beijo, que Caio virou-se pra trás.

  Não esperou sequer alguma ação da parte de qualquer um deles e [Nome] prontamente deixou a sala de serviços da escola. Correndo pelos corredores, ela só queria sumir dali.

  — Droga! — Caio disse e simplesmente deixou sua amante ali, ofendida.

  Ele correu a fim de tentar achá-la. O corredor estava cheio, mas para a infelicidade dele, ninguém alí era ela. Passou a mão na cabeça pensando na merda que havia acontecido.

(...)

  Enquanto isso, numa praça qualquer da cidade, [Nome] tentava se acalmar repetindo coisas como "relaxa, ele não te merece" ou "foi ele quem perdeu".

  — Precisa de ajuda? — uma mulher que transitava por alí a perguntou depois de ver o estado em que ela estava.

  Rapidamente ela enxugou as lágrimas e tentou se recompor.

  — Não é nada, é só que... - procurou na mente uma desculpa qualquer. — ...que eu tive um dia ruim no colégio. Coisa de escola só. — forçou um sorriso para a mulher que pareceu acreditar.

  — Ah, sim. Entendi. Mas não fica assim não, mulher, amanhã é outro dia. — a moça tentou reconfortá-la de qualquer forma e pôs a mão em seu ombro. — Fica bem. — ela se despediu e foi embora.

  [Nome] respirou fundo e não querendo pagar mais nenhum papelão, levantou-se e foi embora pra casa. Felizmente conseguiu conter o choro enquanto seguia.

  Ao finalmente chegar em casa, ela correu e se trancou no quarto. Lá, ela desabou. Não queria saber de ninguém, apenas queria pôr toda a dor pra fora.

(...)

  Os dias foram passando, e [Nome] descobriu que Caio havia assumido o mais novo relacionamento. Ele não a procurou, sequer nas redes sociais, então meio que foi fácil para ela bloqueá-lo de tudo. Havia boatos que ele ía mudar de turno também, que se dane - ela pensou -, agora ela só queria focar nas coisas boas que estavam prestes a acontecer; a começar pelo presente adiantado de natal que seu pai ía dar.

  — É bom ver que você tá se recuperando. — Flávia, a amiga de [Nome], disse enquanto se sentavam para lanchar.

  — O que não acrescenta na minha vida, tem que ser ignorado mesmo. — respondeu ela ao dar uma jogada de cabelo.

  — Pois é, é isso mesmo. — Flávia concordou e comeu um pouco do estrogonofe. — Hum... — ela pôs a mão na boca. — Me conta, qual é o presente que seu pai vai te dar adiantado? Você só fala nisso agora.

  — Simplesmente o jogo do ano! O Re4 remake!

  Flávia revirou os olhos desapontada.

  — É isso? Um joguinho?

  — Ah... Pra mim não é só um joguinho. Você sabe que eu curto jogos com essa pegada "dark".

  — Eu sei, mas sei lá, poderia ser algo mais significante... — ela retrucou e comeu um pouco mais do lanche.

  — Enfim, eu gostando é o que importa. — [Nome] deu de ombros e abocanhou a colher.

  Ao voltar pra casa, ela notou uma caixinha sobre o centro da sala e correu pra ver. Como já imaginava, se tratava de seu mais novo joguinho. Seus olhos brilharam ao rasgar o embrulho e ver a logo do jogo. Abriu a caixa e se deparou com a capa e de cara o protagonista já lhe chamou a atenção. O ar melancólico que ele passava meio que abraçava o "luto" que ela estava vivenciando.

  Não demorou nem mais um segundo e correu pro quarto para começar a jogar. Enquanto a tela carregava, ela abriu um refri e tomou um gole.

  A cutscene começou depois de dar o play e ela focou na narrativa. Então ele apareceu na tela. Aquele rosto que mais tarde se tornaria o dono de seus sonhos mais íntimos, apareceu, e ela não pôde deixar de ficar hipnotizada pelo que via.

  E eu sofrendo por aquilo? ela comentou consigo enquanto olhava cada detalhe do personagem.

  Nessa brincadeira, ela já havia zerado o 1º capítulo do game. Ela demorou um tempinho para pegar o jeito e também passar da fase da vila. Desligou o PC e deitou na cama, [Nome] não era de ficar muitas horas jogando e querendo ou não, ela estava exausta dos picos emocionais que teve nos últimos dias, fora a própria rotina da escola.

  Ela ficou alí, observando o teto enquanto "blue jeans" da Lana Del Rey tocava em seu fone. Aos poucos a melodia, a sensação de estar em casa, segura, tomou conta dela fazendo-a fechar os olhos e apenas curtir aquela sensação.

  "Un forasteiro!" - um homem de aparência grotesca gritou para [Nome], ameaçando jogar um machado; mas, de repente, sua cabeça estorou arrancando um grito dela.

  — Ei! — uma voz grave gritou conseguindo fazê-la virar-se para encarar o dono dela.

  Instintivamente, [Nome] levantou os braços em rendição.

  — Por favor não me mata! — suplicou com uma voz chorosa e o loiro baixou a arma.

  — Ei, tudo bem. — ele mudou o tom e alcançou-a. — Você está bem? se machucou ou algo assim?

  — Eu tô bem, mas... — [Nome] olhou ao redor depois de baixar a guarda também — onde eu tô, eu...

  — Estamos num lugar infestado dessas coisas, não sei como você veio parar aqui, mas não saia do meu lado. — o homem disse enquanto também checava o local.

  — Quem é você?

  — Eu me chamo, Leon... — ele disse enquanto checava seu equipamento — E você é...? — ele a olhou.

  — [Nome].

  — Certo, [Nome], vamos dar o fora daqui. — ele disse e começou a seguir pela trilha.

  A garota apenas o seguia, seja lá quem fosse, não ía machucá-la. Pararam depois de chegarem num grande portão de madeira. Havia algumas cabeças cravadas logo acima dele, e o mau cheiro fez com que [Nome] quisesse vomitar. Leon olhou pra ver se estava tudo bem, então depois voltou a atenção pro portão e tratou de empurrá-lo dando visão de uma vila. Abandonada, mas uma vila.

  — Que lugar é esse? — [Nome] se perguntou depois de olhar o local e sua atmosfera sinistra.

— Merda! — de repente Leon soltou.

  Então [Nome] olhou na mesma direção que ele e finalmente notou um aglomerado no centro do lugar. E o que era aquilo? [Nome] cerrou os olhos para ver melhor e notou alguém amarrado numa estaca em meio a uma pilha de madeiras.

  — Meu Deus, eles não vã... — tarde demais, os gritos do homem pela dor causada pelo fogo já afirmava o que ela deduzia. Era muita informação para [Nome] que não tinha outra reação, senão o horror.

  — Vem! — de repente Leon a puxou para poderem se abrigar numa das casas.

  — O que vamos fazer? — ela perguntou desesperada e recebeu um "ssh" do loiro.

  — Fale baixo, são muitos deles. — ele foi até uma janela para checar e viu uma mulher parecendo estar capinando.

  Em um piscar de olhos, ele já estava cravando sua faca no pescoço da criatura. Ele então fez sinal para que [Nome] o seguisse e com certo esforço, ela pulou a janela estilhaçada, juntando-se a ele.

  "Aí está!" uma outra criatura apareceu, denunciando os dois e instaurando o caos naquele lugar.

  — Porra! — foi tudo o que Leon conseguiu dizer ao ver que seu plano furtivo havia ido por água a abaixo.

O Dono dos meus Sonhos | LEON KENNEDYOnde histórias criam vida. Descubra agora