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  O final da tarde, que antes era tão apreciado por [Nome], de repente perdeu a graça por conta de suas mais novas preocupações. Parecia até ironia a marca pertencente a um momento tão especial se tornar a causadora de tamanha aflição e, como se não bastasse, agora havia um carro na frente de sua casa.

  Entrando cautelosamente, [Nome] escutou a voz familiar da psicóloga, Priscilla. Por um breve momento ela se perguntou o que aquela mulher fazia ali, mas então sua presença foi denunciada por seu pai, que acabou abrindo a porta enquanto anunciava sua chegada.

  — Marcos? [Nome]? — Suelí os olhou da cozinha, fazendo Priscilla virar-se para recebê-los com um sorriso.

  — [Nome]! — ela foi até a garota para dar um aperto de mão. — Já faz um tempinho! Como você está?

  [Nome] detestava forçar simpatia, mas como não tinha como sumir dali, teve que agir o mais simpática possível.

  — Tô bem… tá fazendo o que aqui?

  Nesse momento o sorriso de sua mãe se desfez, dando lugar a um olhar bem repreensivo – o qual [Nome] entendeu perfeitamente.

  — Isso é modos, menina?!

  — Magina! Eu entendo a surpresa dela.

  — Bom… eu vou deixar vocês a sós. — Marcos acenou para a visita antes de deixar a sala.

  — [Nome], eu vim aqui porque gostaria de conversar com você. Estranhei sua falta no consultório e resolvi te visitar. Sua mãe me explicou o que levou à sua ausência.

  Ah, claro… tinha que ser. [Nome] gesticulava com a cabeça, demonstrando sua compreensão.

  — Eu vou cuidar do jantar, qualquer coisa é só me chamarem. Fique à vontade, viu? — foi a vez de Suelí partir, deixando a garota ainda mais apreensiva.

  Priscilla já havia notado o desconforto e, tentando fazê-la se sentir à vontade, convidou-a para que se sentasse no sofá junto a ela.

  — Eu tô te achando um pouquinho tensa. — a mulher comentou de forma humorada enquanto fazia um gesto de pinça com a mão.

  — Mas eu tô bem… é sério. — [Nome] continuou fingindo um sorriso e quando percebeu que ela iria voltar a falar, partiu dizendo: — Eu entrei numa gincana como você pediu!

  Essa informação pegou a mulher desprevenida, mas certamente a deixou feliz.

  — Que ótimo, [Nome]! Eu sabia que você conseguiria! É sobre o quê?

  — É de montar quebra cabeças... Não sei como funciona ainda, porque nunca participei. — explicou parecendo o mais animada possível, mas por dentro suplicava para que ela fosse embora logo.

  — Muito bem. Não desista! Você tem feito as anotações que pedi?

  — Ultimamente não tenho tido cabeça pra isso… mas posso tentar.

  — Não, tudo bem. Faz parte. Apenas me prometa que você não vai desistir da gincana e que vai ser sincera com a pergunta que vou te fazer.

  Ao escutar as últimas palavras, [Nome] engoliu em seco. Um milhão de coisas se passaram em sua cabeça até finalmente a mulher voltar a falar.

  — [Nome]... você tem tido pesadelos com frequência?

  — Eu!? — ela perguntou retoricamente apenas para tentar ganhar tempo. Sua inquietação já transparecendo. — Eu não! Magina! — riu nervosamente, fazendo a psicóloga arquear levemente uma das sobrancelhas.

  [Nome] se debateu por dentro ao perceber que ela havia falhado – e feio! – em tentar parecer o mais convincente possível.

  — Tem certeza? — a mulher deu mais uma chance para que ela, porventura, confessasse algo.

  — Tenho… — a garota tentou se recompor.

  Priscilla suspirou se rendendo às afirmações da jovem. Contestar não adiantaria além de que já havia conseguido a confirmação que precisava.

  — Então tá. — [Nome] elevou o olhar, seguindo o movimento que ela fez ao se levantar. — Eu irei te fazer uma visita no dia da gincana, pode ser? — a mulher sorriu e tudo que a garota pôde retrucar foi um aceno de cabeça. — Que ótimo! — comentou antes de Suelí retornar.

  Suspirando enquanto recostava-se no sofá, [Nome] viu sua mãe e a psicóloga se cumprimentarem antes de Priscilla deixar a casa.

  — Ela tava aqui há muito tempo? — [Nome] perguntou assim que a mãe se virou.

  — Ela chegou uns minutinhos antes de você. Por quê? — a garota podia sentir a desconfiança da mulher quando a viu cruzar os braços.

  — Só pra saber mesmo… não posso mais? — [Nome] levantou, seguindo para fora do cômodo, deixando o olhar desconfiado de Suelí mirando-a à medida que ela se afastava.

  Depois de largar a mochila na cadeira, [Nome] se jogou sobre a cama. Quem sabe encarar o teto, iluminaria seus pensamentos. E bem, iluminar era algo até que fácil uma vez que sua mente já havia se acostumado a lembrar de Leon nos momentos mais oportunos como aquele. Ela até mordeu o lábio ao lembrar da sensação do vai e vem, daquelas mãos sobre seu corpo e claro, de como ele parecia apaixonado no último momento em que o viu… Uma pena que um som de notificação lhe tirou dessas lembranças.

  Era Flávia comentando sobre o dia e horário da bendita gincana. [Nome] bufou antes de enviar uma figurinha, assentindo o recado. Ótimo, agora além daquele trabalho, terei que lidar com essa gincana e a psicóloga me monitorando... Só espero que não dê nada errado…

O Dono dos meus Sonhos | LEON KENNEDYOnde histórias criam vida. Descubra agora