Rodrick:
Eu e S/n éramos aquele tipo de casal que se entendia até nas piores situações. Ela era incrível - engraçada, esperta, e sempre conseguia me tirar da rotina. Mas às vezes... bem, às vezes a gente simplesmente se chocava de frente. Tipo agora.
Tudo começou ontem à noite, quando ela chegou aqui em casa. Estava usando aquele casaco preto que eu adoro, o que sempre me fazia querer puxá-la para mais perto. Mas algo estava diferente. Ela estava com um olhar sério, meio distante. Eu sabia que tinha feito alguma coisa, só não sabia exatamente o quê.
- S/n, o que foi? - perguntei, tentando manter a calma. Eu odiava quando as coisas ficavam tensas desse jeito. Ela cruzou os braços, jogando o cabelo para o lado, e me encarou com aquele olhar que parecia perfurar.
- Rodrick, eu não tô legal com algumas coisas que você tem feito.
Aquilo me pegou de surpresa. Eu franzi o cenho, tentando entender o que diabos ela queria dizer com isso.
- Do que você tá falando? Eu não fiz nada.
Ela soltou um suspiro irritado, o que só me deixou mais frustrado.
- Esse é o problema, Rodrick. Você nunca acha que fez nada. Eu tô falando de como você tem me ignorado, como sempre parece que a banda vem primeiro, antes de qualquer coisa.
Ah, claro. A banda. Sempre voltava para isso.
- S/n, você sabe o quanto a banda significa pra mim. Eu não posso simplesmente largar tudo e ficar o tempo todo com você.
Ela revirou os olhos.
- Não é sobre largar tudo, Rodrick. É sobre equilíbrio. Eu sinto que você não se importa tanto quanto eu. Você se dedica de corpo e alma à banda, e quando é comigo... parece que eu sou uma segunda opção.
Aquilo doeu mais do que eu esperava. Ela sabia que eu me importava, certo?
- Isso não é verdade! Eu só... eu tenho coisas acontecendo, sabe? A banda é importante, sim, mas você também é.
Ela balançou a cabeça, claramente não convencida.
- Então por que eu sempre sou a última a saber das coisas? Por que você nunca fala comigo sobre o que tá rolando? Eu me sinto de lado, Rodrick. E eu tô cansada disso.
Eu senti minha paciência se esgotando.
- Isso é ridículo, S/n! Eu já tenho um monte de pressão com os ensaios, os shows, e agora você quer que eu fique me explicando o tempo todo? Não dá!
Ela olhou para mim como se eu tivesse acabado de confirmar exatamente o que ela estava dizendo.
- Sabe, Rodrick, talvez o problema seja esse. Você nunca acha que tem tempo pra mim. E eu tô começando a achar que talvez eu também não devesse ter tanto tempo pra você.
Aquela frase me acertou como um soco. Eu fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando processar o que ela tinha dito.
- Você... tá dizendo que quer terminar?
Ela mordeu o lábio, visivelmente lutando contra as lágrimas.
- Eu não sei. Só sei que não posso continuar me sentindo assim. Eu preciso de alguém que me coloque como prioridade, e eu não sei se você consegue ser esse alguém.
De repente, o peso de tudo caiu sobre mim. Eu não queria perder S/n. Eu realmente me importava com ela, mais do que qualquer coisa. Mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia largar a banda. Era como se eu estivesse preso entre dois mundos, e nenhum deles me deixava respirar.
- S/n, por favor. Não vamos tomar uma decisão precipitada. Eu... eu prometo que vou tentar melhorar.
Ela olhou pra mim, e por um momento eu achei que as coisas poderiam se resolver. Mas ela apenas suspirou, pegou suas coisas e foi em direção à porta.
- Eu preciso de um tempo, Rodrick. Pra pensar.
E foi isso. Ela saiu sem olhar para trás, e eu fiquei ali, com a sensação de que tudo estava desmoronando. Eu sabia que tinha errado, mas também não sabia como consertar. E, pela primeira vez em muito tempo, eu senti que talvez, só talvez, eu pudesse perder a única pessoa que realmente fazia tudo valer a pena.
