Rodrick:
Sabe quando você tá cansado de tudo e só quer fazer algo do seu jeito? Tipo, dane-se a escola, dane-se o que os outros pensam. Foi assim que comecei o meu dia. Eu nem tava com paciência pra aula de história, como sempre, então decidi que hoje seria o dia. Eu ia pedir S/n em namoro. O que ela poderia dizer, não? Talvez me achar idiota, mas é o que ela sempre faz, e eu não ligo.Já fazia tempo que a gente tava se dando bem, no nosso jeito meio torto, claro. Ela reclamava de como eu era despreocupado, mas eu via no fundo que ela gostava disso. Ou talvez não, sei lá. S/n é difícil de ler, mas eu sabia de uma coisa: ela não iria me ignorar dessa vez.
Lá estava eu, no corredor, esperando a hora certa pra puxá-la pra fora da sala. Ela sempre foi certinha com a escola, mas tinha um lado rebelde que eu achava divertido. Eu sabia que, no fundo, ela curtia quebrar umas regras de vez em quando. Quando eu vi ela saindo da sala, com a cara meio fechada, eu sabia que tinha que agir.
— Ei, S/n! — chamei, encostando na parede com a maior cara de despreocupado possível. Ela olhou pra mim com aquela expressão de “o que você quer agora?”. Era engraçado como ela tentava sempre manter a pose, mas eu sabia que ela estava curiosa.
— O que foi, Rodrick? — ela perguntou, cruzando os braços.
— Que tal matar aula comigo hoje? — falei, tentando soar casual.
Ela riu, mas daquele jeito meio incrédulo. — Você tá doido? Não vou perder aula só porque você não tem nada melhor pra fazer.
— Ah, qual é. A aula vai ser chata de qualquer jeito. — Dei um passo à frente, me inclinando um pouco pra ela. — Eu tenho uma coisa importante pra falar.
Ela levantou uma sobrancelha, mas continuava com aquele olhar desafiador que eu adorava. — Coisa importante? Duvido.
— Ah, duvida? Vem comigo e descobre.
Ela hesitou por um segundo, e eu soube que tinha ganhado. No fundo, S/n adorava um pouco de caos, e hoje eu era o caos.
A gente saiu da escola pela porta dos fundos, como dois fugitivos. Eu achava hilário como ela olhava por cima do ombro, como se fosse pegar alguém no flagra. Ela nunca fazia isso, então tava meio nervosa, mas eu mantive a calma. A gente caminhou até o nosso lugar de sempre, atrás da escola, onde ninguém ia.
Ela se encostou numa árvore, ainda desconfiada. — Tá, agora fala. O que é tão importante?
Respirei fundo, tentando não parecer tão ridículo. Olhei pra ela, e pela primeira vez, senti um pouco de nervosismo. S/n tinha esse efeito, de deixar a gente na dúvida se tava fazendo a coisa certa ou não.
— Eu vou ser direto — comecei, tentando soar o mais natural possível. — Eu gosto de você, tipo, de verdade. E eu quero que você seja minha namorada.
O silêncio que se seguiu foi brutal. Ela ficou me encarando como se eu tivesse dito que o mundo ia acabar amanhã. Meu coração começou a acelerar, e eu odiei isso. Eu nunca ficava nervoso, e agora, por causa dela, eu tava tremendo por dentro.
— Você tá falando sério? — Ela finalmente perguntou, e eu vi o choque nos olhos dela. S/n não era o tipo de garota que se deixava impressionar fácil, mas ali, naquele momento, ela parecia vulnerável.
— Sim, tô falando sério. — Me aproximei um pouco mais, quase tocando nela, mas parei, dando espaço. — Olha, eu sei que sou meio idiota às vezes, mas eu gosto de você do jeito que você é. Você me faz querer ser... melhor.
Ela ficou quieta por mais um tempo, e eu quase desejei que ela me xingasse ou desse risada na minha cara. Qualquer coisa seria melhor do que o silêncio.
— Eu não esperava isso de você, Rodrick — ela disse baixinho, olhando pro chão por um segundo antes de me encarar de novo. — Achei que você só tava... sei lá, brincando comigo.
Aquilo doeu um pouco, mas eu entendi. Eu sempre fui o cara que não levava nada a sério, então ela tinha razão em pensar assim.
— Não, não tô brincando — falei, com um sorriso sincero, o que era raro pra mim. — Se eu quisesse só zoar, já teria feito, mas você é diferente. Então, o que você acha?
Ela suspirou, e por um segundo achei que ela ia me dar um fora. Mas então, um sorriso de canto apareceu no rosto dela, e eu soube que tinha ganhado.
— Você é um idiota, sabia? — ela disse, balançando a cabeça, mas sem perder o sorriso.
— Sim, mas agora eu sou o idiota que você namora — respondi, puxando ela pra perto.
E aí, com o sol batendo nas nossas cabeças e a gente fugindo de aula como se fosse um filme adolescente, S/n me beijou. E naquele momento, eu soube que nada mais importava, nem escola, nem regras. Só a gente.