Rodrick:
Cara, quem diria que eu, Rodrick Heffley, estaria aqui... grudado feito um chiclete na S/n. Se o pessoal da banda me visse agora, iam rir até dizer chega, mas, sei lá, tem algo nela que me deixa... diferente, sabe? Não é como se eu tivesse virado um cara meloso – ok, talvez só um pouco – mas quando estou com ela, parece que nada mais importa. Tipo agora, ela tá deitada aqui no meu colo, mexendo no cabelo dela enquanto assistimos alguma coisa na TV. Nem sei o que tá passando, pra ser sincero, tô mais focado nela do que no filme.
Eu passo a mão pelo cabelo dela, meio distraído, enrolando os fios entre os dedos. É engraçado como eu sempre brinquei que não curto essas coisas, mas agora... eu não consigo parar. Ela me olha de canto de olho e sorri, e é como se tivesse ligado um interruptor dentro de mim. Tá, isso tá ficando ridículo, mas dane-se.
— Você tá muito quieto — ela comenta, virando um pouco a cabeça pra me olhar melhor. Tem um brilho no olhar dela, aquele tipo de olhar que me faz sentir como o cara mais sortudo do mundo. Dou de ombros, sem saber muito bem o que dizer, então só puxo ela mais pra perto, colocando a mão na cintura dela e a puxando pra cima de mim.
— Você sabe que eu não sou de falar muito — digo, tentando parecer desinteressado, mas não consigo evitar o sorriso idiota no rosto. Ela ri, aquele riso suave que faz meu peito apertar de um jeito estranho. Tá, talvez eu esteja sendo meloso, mas é só com ela, beleza?
Ela vira de frente pra mim, apoiando as mãos no meu peito, e eu passo os braços ao redor dela sem nem pensar. Gosto de sentir ela assim, perto. Ajeito o cabelo dela pra trás, roçando o dedo pelo rosto dela de leve. Ela me encara, meio desconfiada, como se estivesse tentando entender o que tá rolando na minha cabeça.
— O que foi? — ela pergunta, um sorriso brincando nos lábios.
— Você, que foi — respondo, meio sem pensar. Droga, tô mesmo ficando piegas. Ela arqueia a sobrancelha, surpresa, mas não diz nada. Só passa o dedo pela minha bochecha e sorri daquele jeito que me desarma completamente. Não sei o que ela fez comigo, mas eu não ligo.
Antes que ela possa responder, a puxo mais perto e beijo a testa dela, depois o nariz, só porque sim. Ela revira os olhos, mas sei que gosta. Ela sempre age como se não ligasse, mas eu sei que gosta dessas coisas tanto quanto eu. Ela finge ser durona, mas quando estamos assim, é como se todo aquele jeito marrento dela derretesse. E eu adoro isso.
Ela se aninha mais no meu peito, deitando a cabeça no meu ombro, e eu continuo passando a mão pelas costas dela, sentindo cada parte dela mais perto de mim. Minha mão vai parar na cintura de novo, e eu seguro ela ali, só porque quero ter certeza de que ela não vai a lugar nenhum.
— Você tá carente hoje, Heffley — ela provoca, mas não se afasta. Ela nunca se afasta.
— Talvez — respondo, encostando o queixo no topo da cabeça dela. — Mas você gosta.
Ela ri de novo, um som abafado contra o meu peito.
— Tô começando a achar que sim.
Não respondo dessa vez, só aperto ela mais contra mim. Acho que, no fundo, sempre fui assim com ela. Só demorou um tempo pra eu admitir.