Diane
Divinópolis, 2013
Ao final da tarde, Gaby e Mary já haviam partido. Inicialmente, as duas amigas pareciam desconfortáveis uma com a outra, comunicando-se apenas de maneira superficial há algum tempo, além da viagem que Dianne cancelou no último minuto, cujo verdadeiro motivo só Gaby conhecia. Foi Júlia quem quebrou o quase constrangedor silêncio.
— Diane, posso dormir aqui na sua casa esta noite?
— Essa eu não esperava — foi o primeiro pensamento de Dianne. — Claro que pode, Ju! — respondeu ela, com uma expressão misturando surpresa e alegria. — Júlia... agora me conta mais sobre as "crises do diabo" que a Mary mencionou.
— É complicado! Eu amo realmente o Renato, você sabe disso! Mas ele foi diagnosticado com transtorno bipolar e se recusa a tratar, — disse com a voz trêmula, continuando suas confidências — Nossos dias têm sido tensos, oscilando entre o paraíso e o inferno em curtos e frequentes intervalos. Meus pais me aconselharam a deixá-lo, pois acreditam que ele é um perigo para mim... mas eu o amo, não quero trair tudo o que vivemos. Entende?
__Dianne, com um redemoinho começando a se formar em seu estômago, pergunta de forma espontânea e sem pré-julgamento "o que os pais dele pensam ou dizem a respeito?".
__ Minha sogra vem sofrendo muito desde as primeiras crises... Meu sogro está sempre viajando a trabalho. Meus dois cunhados estão cada um com seus próprios problemas... Então, eu me sinto...
__ Responsável?
__ Desde o começo do nosso relacionamento, dez anos atrás, eu percebi que ele era sensível e diferente... Pensei que fosse apenas uma insegurança passageira que tudo se resolveria. Mas...
__ Dianne levou-a silenciosamente até o sofá, depois sentou-se no tapete e com um gesto pediu que ela continuasse. Gessyane concordou com o que parecia ser um "sorriso triste".
__"Ele se torna agressivo," ela diz com a voz sufocada, respirando pesadamente antes de continuar, ele está extremamente ciumento, ouvindo vozes que dizem que ele não é suficiente para mim, que eu o deixarei por isso. Ah, Diane... dói tanto vê-lo tão vulnerável e, ainda assim, tão áspero comigo. Eu realmente não sei mais como o ajudar, juro que estou perdida sobre o que fazer. Devo apenas seguir o fluxo? E se isso nos ferir seriamente?"
__ Incapazes de conter as lágrimas, elas se abraçaram por um momento, soluçando juntas. Depois, com um traço de embaraço, Júlia se dirigiu ao banheiro. Dianne se acomodou em sua poltrona vermelha, a "poltrona das reflexões", e sua mente voou para um caso muito semelhante que ocorreu com uma amiga no sul.
__ Júlia, mantenha a calma! Certamente há uma solução e nós vamos persistir até que dê certo."
__ Obrigada, Dianne... Como é bom poder desabafar! Eu estava me sentindo tão asfixiada. Não é que eu não possa contar com a Mary, sabe, eu juro que não é isso. É só que ela é sempre tão alegre e irreverente que às vezes me sinto constrangida de compartilhar esse meu drama.
__ Eu sei, querida, entendo o que você quer dizer. A Mary é realmente única. Sabe, a sua situação me faz lembrar muito da Sarah. Vou te contar, talvez te ajude de alguma forma."
__ Estou ansiosa para ouvir! Talvez seja exatamente a inspiração que eu preciso.
__ É... quem sabe, suspirou Diane.
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O Poder da Noite
Dragoste"Quando as luzes da cidade se apagam, acendem as estrelas dentro de mim" O Poder da Noite, é uma estória de laços fortes de amor e amizade, narrativas de noites longas de insônia, reflexões e superação. Diane Fiore é uma dessas pessoas cuja vida se...