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Urrea

Estava resolvendo umas questões pendentes do trabalho junto de um dos meus amigos que por um acaso é da mesma empresa, fomos até seu apartamento, já que os cálculos precisam de muita atenção e silêncio, logo não poderíamos ir até uma simples cafeteria.

Estava tudo dentre os conformes, nosso projeto fluía bem, mas logo começamos a escutar barulhos altos.

— Estão matando alguém no apartamento ao lado? — perguntei analisando a tela do meu iPad onde haviam os cálculos.

— Espero que não. — Bailey respondeu e vi ele viajar um pouco.

Me assustei com a sua reação e pensei.

— Não me diga que um assassino em série mora ao seu lado.

— Não sei exatamente, mas acho que tem uma moça que precisa de ajuda. — seus olhos encontraram os meus.

— Sua vizinha está apanhando e você não está fazendo nada? Pelo amor de Deus! Isso é omissão de socorro. — falei incrédulo. — Eu tenho uma irmã, você também, se fosse a sua irmã que estivesse apanhando com certeza iria querer que alguém ajudasse ela...

— Não tenho confirmação de nada. — ele se defendeu. — Uma vez fui entregar uma encomenda umas semanas atrás, já que ela tinha errado o número na hora de colocar o endereço e sei lá, ela tinha umas marcas estranhas, ofereci ajuda quando vi os arroxeados em sua pele e também perguntei se ela morava com alguém, ela negou os dois, quando cheguei em casa abri o Instagram dela e vi que nem foto com homem ela tem, vai ver foi um date com sadomasoquista, por mais que seja estranho muita gente gosta dessas coisas.

Ele falou como se quisesse se convencer daquilo, e eu fiz o mesmo, voltando a atenção ao meu trabalho.

Horas se passaram e o trabalho foi se tornando mais simples, logo chegando ao fim, jogamos um pouco de conversa fora e Bailey me levou até a porta, ao abri-la vimos cabelos loiros colocando o lixo na cabine de lixo do andar.

Ao ver-nos ela levou um susto leve, seus olhos arregalaram-se ao encontrarem os meus e eu sabia que já conhecia esses olhos.

— Boa tarde, Sina. — Bailey falou e ela permaneceu me olhando meio assustada.

— B-boa tarde. — ela respondeu para ele ao sair do transe e sorriu. — Faz um tempo não é, Noah.

Tentei sorrir pra ela não demonstrando minha preocupação propriamente.

Ela vestia um casaco e um calça, não tinha como eu observar hematoma nenhum, caso fosse verdade eu não saberia, pelo menos não agora.

Fez menção de voltar para o apartamento, Bailey e eu nos entreolhamos.

— Ouvimos barulhos... — Bailey revelou antes que ela entrasse outra vez e logo foi interrompido.

— Ah desculpa, eu estava assistindo televisão e acho que aumentei muito o volume, me desculpem mesmo.

— Não íamos reclamar, só queríamos saber se tudo está bem. — respondi.

— Está tudo ótimo. — ela afirmou. — Tenho coisas para resolver agora, então...foi um prazer vê-los.

Ela fechou a porta rapidamente, logo escutamos uma vassoura passar pelo chão de dentro do apartamento.

escape | noartOnde histórias criam vida. Descubra agora