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Deinert

Estava no sofá da sala, a luz suave da manhã entrando pelas janelas, enquanto meu novo gatinho, dado por Noah, dormia ao meu lado já que Diana já havia retornado para a Alemanha. Meu café esfriava na mesa de centro, mas eu não me importava. O silêncio era raro, e eu precisava dele para pensar.

As últimas duas semanas tinham sido... intensas, para dizer o mínimo. Não conseguia deixar de reviver cada momento, como cenas de um filme que se repetiam contra a minha vontade.

Cameron agora havia sido deportado para algum lugar que nem sei por onde fica exatamente, mas sei que é no Reino Unido, mas ele não está autorizado de adentrar a União Europeia por um bom tempo.

Noah foi uma constante em todos esses dias. Ele se tornou uma âncora que eu nem sabia que seria tão importante. Lembrei da primeira noite após tudo acontecer, outra vez.

Ele insistiu em dormir no sofá, mesmo eu dizendo que não precisava.

— Você tá brincando comigo? — ele disse, ajeitando o travesseiro no estofado. — Não vou sair daqui enquanto não tiver certeza de que vocês estão bem.

Eu sabia que argumentar era inútil, então deixei mas não deixei com que ele dormisse no sofá, pus um colchão no chão de meu quarto para Diana e ele dormiu na cama comigo. Naquela noite, acordei de um pesadelo — flashes de Cameron, o som de sua voz, a frieza da arma. Quando abri os olhos, Noah já estava sentado ao meu lado na cama, os olhos preocupados e a mão quente na minha.

— Já está tudo bem, fique calma e tente respirar, você está segura. — ele sussurrou, mas parecia mais que estava tentando me lembrar de que aquilo tudo tinha acabado.

O consolo que senti foi inesperado, quase surreal.

Na manhã seguinte, ele fez café para mim e chocolate quente para Diana, que ainda estava tentando processar tudo o que havia descoberto. Lembrei do jeito como ele tentava quebrar o gelo.

— Então, Diana, já ouvi falar que você é um crânio em matemática. — Ele disse se lembrando do que eu havia mencionado há um bom tempo.

Minha irmã, que parecia tão retraída, deu um sorriso tímido.

— Eu sou um pouco boa, ganhei medalhas de várias olimpíadas de matemática, até do ensino médio. — disse animada pois ainda estava no sétimo ano.

— Apenas? Você quer me dizer que se eu deixasse esse projeto com a parte de física já toda resolvida, apenas com a parte de matemática em falta, você não conseguiria resolver? — ele perguntou brincalhão jogando um papel enrolado sobre a mesa e pude ver os olhos de Diana brilharem.

— V-você é...

— Engenheiro Civil. — ele fez como se fosse um sussurro.

— INCRÍVEL! — ela pegou um dos lápis sobre a mesa e começou a rabiscar um papel.

Ela riu um pouco, e meu coração se apertou de alívio. Noah tinha um jeito natural de fazer as pessoas se sentirem à vontade, mesmo nos momentos mais difíceis.

Parei ao lado de Noah e ele sorriu pra mim.

— Nossa, como você ia lembrar que ela gosta de matemática? Nem eu me lembrava que havia dito isso.

— Me lembro de cada letra, acento e vírgula que já saíram de sua boca. — ele beijou minha bochecha.

Achei muito legal o fato de Noah ter feito questão de se aproximar de Diana durante tudo isso, eles conversaram sobre números, compartilhavam conhecimentos sobre livros e filmes, os gostos deles eram bem similares e confesso que ver toda essa proximidade me deixou feliz.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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