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Urrea

No dia seguinte àquela festa eletrizante, a luz do sol filtrava-se pela cortina do meu quarto. Eu estava sentado à mesa, tentando organizar meus pensamentos, mas a lembrança de Sina ainda pairava em minha mente. O beijo que compartilhamos, a tensão que havia entre nós, tudo parecia tão intenso e confuso.

A verdade é que nunca havia sentido algo tão forte por alguém, mas o que exatamente eu sentia por ela? Era desejo, sem dúvida, mas também havia um misto de curiosidade e uma atração que me desafiava. A forma como ela me olhava, seu jeito de se mover... tudo isso me deixava em um estado constante de excitação. Mas havia algo mais que eu não conseguia decifrar. O que era aquela conexão? Era apenas atração física ou algo mais profundo?

Levantei-me e fui até meu notebook, decidindo que precisava entender melhor como lidar com a situação. Pesquisei "como transmitir conforto e segurança durante relações íntimas" e as informações começaram a aparecer na tela. Leia sobre o que as pessoas esperam e como criar um espaço seguro. Eu queria garantir que Sina se sentisse à vontade, mas a ideia de avançar para algo mais íntimo me deixava inquieto.

Enquanto lia, percebi que muitos dos artigos falavam sobre comunicação e consentimento. "Seja paciente," um deles dizia. "A comunicação é essencial." Isso ressoou em mim. Eu precisava ser honesto com Sina, mas como poderia fazer isso sem saber exatamente o que sentia? O desejo ardente que sentia por ela não era algo simples de definir.

"Seja gentil, esteja presente," dizia outro artigo. Isso me fez pensar na forma como eu a havia tocado durante a dança, a maneira como nossos corpos se encaixavam perfeitamente. A tensão entre nós era palpável, mas a ideia de me abrir completamente para ela me deixava nervoso. E se não fosse suficiente? E se, ao tentar confortá-la, eu acabasse reabrindo feridas que ela ainda estava tentando cicatrizar de seu passado?

Olhei pela janela, observando o movimento da cidade lá fora. A solidão que eu sentia antes de conhecer Sina parecia estranha agora, como se ela tivesse trazido uma nova energia para minha vida. Mas, ao mesmo tempo, a incerteza sobre como avançar me deixava em um dilema. Não queria apressar nada, mas também não queria perder a chance de explorar essa conexão que havia se formado.

Aquela manhã estava se tornando um momento crucial. Eu queria que ela soubesse que estava disposto a dar esse passo, mas precisava encontrar a maneira certa de fazer isso. Afinal, Sina não era apenas uma atração passageira eu acho; havia algo mais ali, um potencial que eu não podia ignorar. E assim, com a mente fervilhando de pensamentos, comecei a planejar como poderia abordar essa nova fase com ela, sempre atento ao que ela realmente precisava.

Eu quero esse passo e muito, mas não posso fazê-lo apenas por mim, afinal o ato acontece entre duas pessoas e eu almejo essa outra pessoa, pra caramba.

Enquanto caminhava de um lado para o outro, a frustração crescia como uma tempestade dentro de mim. Eu me sentia como um idiota, consumido pela raiva de mim mesmo por ter pensamentos impróprios sobre Sina. Como eu poderia ser tão insensível? A imagem dela, tão vulnerável, lutando para se reerguer após um relacionamento tão doloroso, me deixava ainda mais agitado.

Era como se uma parte do meu cérebro estivesse gritando.

Você está sendo egoísta!

Eu queria ser o apoio que ela precisava, alguém que a ajudasse a curar suas feridas, mas a cada momento, meu corpo reagia de forma diferente. O desejo por ela era intenso, quase avassalador, e isso me deixava em conflito. Eu temia que, ao ceder a esses impulsos, acabasse estragando o vínculo que estávamos lentamente construindo.

Se eu fizer algo errado, posso afastá-la para sempre

Pensei, e a ideia de perder Sina me deixava em desespero. A raiva de mim mesmo se intensificava, e eu me vi socando a mesa com a palma da mão, o som ecoando no silêncio do quarto.

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