Deinert
A noite na casa dos pais de Noah tinha um clima tranquilo. Depois de todo o dia na praia e do jantar, todos se recolheram. Marco e Wendy estavam em seus quartos, e Linsey e Ethan também, tentando fazer Louis dormir. Noah e eu ficamos com o quarto de hóspedes. Era pequeno e acolhedor, com uma cama de casal e uma televisão que parecia ter vindo de outra década.
Sentei na cama com as pernas cruzadas, o cabelo ainda úmido do banho, enquanto Noah mexia nos canais da TV com o controle remoto. Ele estava deitado, com as costas apoiadas na cabeceira, o cabelo bagunçado e uma expressão despreocupada que me fazia sorrir sem motivo.
— Qual é o plano? — perguntei, inclinando-me para ele. — Vamos assistir algo ou você vai continuar trocando de canal até a TV quebrar?
— Tô explorando as opções — ele respondeu, sem tirar os olhos da tela, mas havia um sorriso brincando nos cantos de seus lábios. — É uma arte.
Revirei os olhos, rindo.
— Se explorar opções fosse uma arte, você seria um Michelangelo.
Ele me olhou de lado, finalmente parando de mexer no controle.
— Tá me chamando de indeciso?
— Não... — Fiz uma pausa, fingindo pensar. — Só estou dizendo que você gosta de manter todas as possibilidades abertas.
Ele riu, o som leve e despreocupado. Antes que eu pudesse perceber, ele se inclinou e roubou um beijo rápido. Era a terceira vez desde que tínhamos nos sentado na cama que ele fazia isso, como se não conseguisse evitar.
Eu me encostei na cabeceira, o rosto ainda quente do beijo, mas tentei manter o tom casual.
— Então... isso é algo que você faz com todas as amigas?
Noah arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com a provocação.
— Você tá dizendo que somos só amigos?
— E não somos? — retruquei, desafiadora, mas meu coração deu um salto no peito.
Ele não respondeu de imediato, mas o olhar dele ficou um pouco mais sério, um pouco mais intenso. Antes que eu pudesse interpretar, ele deu de ombros e voltou os olhos para a televisão.
— Você tá fazendo um ótimo trabalho em ignorar a pergunta — comentei, tentando soar leve.
— E você tá fazendo um ótimo trabalho em me provocar — ele retrucou, sorrindo de canto.
E assim era. Conversávamos como se estivéssemos dançando, provocando e desviando, mas, ao mesmo tempo, algo estava ali, crescendo em silêncio. A cada vez que ele me beijava ou me olhava por um segundo a mais, meu peito apertava de uma maneira que eu não sabia explicar.
Será que era assim que era a sensação de começar a se apaixonar?
Fazia tanto tempo desde a última vez que isso aconteceu. A adolescência parecia um outro mundo, uma outra vida. Naquela época, tudo era exagerado, intenso, como se o mundo pudesse acabar a qualquer momento. Mas com Noah... era diferente. Era suave, como uma corrente subindo devagar, sem pressa, mas incontrolável.
Ele se aproximou de novo, dessa vez para beijar minha testa, como se fosse o gesto mais natural do mundo. Quando seus lábios tocaram minha pele, senti um calor familiar e reconfortante, mas também algo mais — algo que me deixava sem fôlego.
— Tá pensando em quê? — ele perguntou, a voz baixa, com um toque de curiosidade.
Eu balancei a cabeça, sorrindo de leve.

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escape | noart
Fanfictiononde Sina é perseguida nas ruas de Paris e tenta escapar se misturando num grupo aleatório.