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Deinert

Sentada no tribunal, o coração acelerado, eu era Sina Deinert, 24 anos, prestes a confrontar o passado. Cameron, meu primeiro amor, olhava para mim como se nada tivesse acontecido, e um nó se formou na minha garganta. Ele foi tudo para mim, e agora era o responsável por uma dor que eu mal conseguia compreender.

— Estou aqui para contar a verdade sobre como ele me feriu. — comecei, a voz trêmula, mas determinada. — Cameron foi meu primeiro namorado. Com ele, eu aprendi a amar, mas essa experiência foi corrompida. O amor que eu esperava era como uma pintura que, ao se olhar mais de perto, revela manchas e fissuras que não eram visíveis à primeira vista.

Enquanto falava, eu me vi presa entre a saudade de um futuro que nunca existiu e a realidade cruel do que vivenciei.

— Eu costumava imaginar um futuro ao lado dele, risos, planos, uma vida. Mas tudo isso foi enterrado sob uma montanha de palavras cruéis e atos que destruíram a confiança que eu tinha. Ele me fez questionar tudo o que eu sabia sobre amor.

Uma sensação de dúvida me invadiu, como se o conceito de amor fosse uma ilusão.

— Eu me pergunto se o amor realmente existe, ou se é apenas uma armadilha, um doce veneno que nos faz acreditar que podemos ser felizes. Como posso confiar em algo que me causou tanto sofrimento?

A incerteza em relação a Noah começou a surgir, uma mistura de gratidão e confusão. Ele havia sido um apoio fundamental para que eu estivesse aqui hoje.

Linsey estava ao meu lado, sua presença era um ancla emocional. Ela havia passado por algo semelhante e sabia a dor que eu carregava. Sua mão firmemente entrelaçada à minha me lembrava que não estava sozinha, que havia um caminho a seguir.

— Não estou aqui apenas para buscar justiça. Estou aqui para recuperar minha voz. Quero que Cameron saiba que não pode silenciar minha verdade. O que aconteceu comigo não deve se repetir.

A cada palavra que saia, eu sentia um pouco do peso se dissipar, mas as cicatrizes ainda estavam lá, profundas e vívidas na minha alma.

— Eu quero que todas as mulheres que cruzarem seu caminho saibam o que ele é. Nós temos o direito de viver sem medo. É hora de romper as correntes e reescrever minha história.

Olhei para Linsey e depois para Noah, buscando um sinal de que poderia, de fato, acreditar no amor novamente algum dia. Mesmo em meio a tanta dor, uma pequena faísca de esperança começou a surgir. Era o momento de enfrentar meu passado, mas também de permitir que um futuro diferente, quem sabe, fosse possível.

Cameron Hoffman, condenado, 20 anos sem direito à condicional.

Sentada no tribunal, eu sentia o peso da minha história enquanto olhava para meus pais na plateia. Minha mãe, com os olhos cheios de lágrimas, lutava para se manter firme. Meu pai tentava consolá-la, segurando sua mão com um cuidado que falava mais do que palavras poderiam expressar. Eles haviam viajado da Alemanha até Paris, apenas para me apoiar naquele momento tão difícil, e a dor nos rostos deles me cortava o coração.

Após a audiência, quando finalmente conseguimos nos reunir, vi a preocupação estampada em seus rostos.

— Desculpe a mamãe, por favor. — minha mãe murmurou, sua voz embargada passando a mão em meus rosto. — Nós deveríamos ter percebido. Poderíamos ter feito algo.

— Não, mãe. — interrompi, tentando aliviar a culpa que a consumia. — Vocês não têm culpa. Eu escondi o que acontecia. Era como se as sombras se movessem atrás das cortinas, e eu não sabia como trazê-las à luz. Ninguém poderia ter previsto isso.

escape | noartOnde histórias criam vida. Descubra agora