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Deinert

Fui até o banheiro da suíte do quarto de hóspedes do apartamento de Linsey e me olhei no espelho vestindo um pijama azul que cobria meus braços e pernas por conta do frio.

Respirei fundo e o tirei, encarando alguns novos hematomas pelo meu corpo, Linsey havia me entregado um celular sem chip, que ela alegou ser por questões de segurança, para que eu mesma tirasse fotos caso não quisesse que me vissem sem minhas roupas pessoalmente.

Tirei fotos das minhas costelas, meus pulsos, meu pescoço, tudo que eu lembrei estar marcado.

Queria conseguir tirar uma foto de dentro de mim.

Ouvir da boca de outra pessoa que eu havia sido estuprada por meu ex-namorado fez meio que tudo aquilo perder o sentido.

Ele foi o meu primeiro em muitas coisas boas, mas nunca imaginei que ele seria o primeiro cara a me violentar.

Eu nunca imaginei que teria um cara que me violentaria, na verdade.

Me revirei na cama várias vezes na tentativa de encontrar uma posição que não me machucasse, uma forma que eu pudesse respirar direito e uma posição que fizesse eu não me lembrar de tudo.

Quando eu dei por mim, o sol já nascia pela janela.

Ouvi passos pela casa e imaginei Linsey já estar acordada.

Fiz minhas higienes matinais e vesti um vestido que Linsey havia me emprestado no dia anterior para que fôssemos ao hospital e à delegacia hoje, ele era rosa claro com algumas flores.

Sai do quarto fazendo um pouco de barulho de propósito para não parecer bisbilhoteira de alguma forma.

Vi ela na sala sentada no sofá com um neném no colo, o mostrando a vista da janela de vidro, apontando para o sol.

— Bom dia. — eu disse e ela sorriu ao me ver, fazendo o bebê acenar para mim como uma marionete. — Esse aqui é Louis, o novo bebê da casa.

Me aproximei analisando o bebezinho.

Ele era bem pequeno.

— Quantos meses ele tem? — perguntei curiosa tocando seu pezinho coberto pela roupa para não ter nenhum problema.

— Ele tem vinte e um dias. — ela sorriu tocando a cabecinha do bebê.

— Ai meu Deus! Desculpa ter vindo aqui...

— Não peça desculpas, você ter vindo aqui vai salvar a sua vida, e não me incomoda nem um pouco ajudar. — ela disse e logo um rapaz alto apareceu. — Oi amor, bom dia, essa aqui é a Sina.

— Bom dia. — ele deu um beijinho em sua cabeça e me cumprimentou de longe, logo pegando o bebê para si. — Acho que a fralda dele está cheia, meu momento de super pai. — riu.

— Eu ajudo. — ela disse levantando. — Sina, pode chamar Noah para tomar café conosco antes de sairmos enquanto ajudo os mocinhos aqui?

— Claro. — eu disse lembrando que ele morava dois andares acima.

Ao chegar em seu andar encarei a porta e bati em seguida.

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